Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Cometas são visitantes siderais que sempre trouxeram curiosidade à Humanidade. No passado, eram tidos como indicação de augúrios, maus ou bons de acordo com o humor e/ou a conveniência dos analistas, geralmente astrólogos ligados diretamente aos monarcas.
Com o tempo, foram sendo desmistificados e hoje, simplificando, temos duas classes: os periódicos e os aperiódicos. Os primeiros têm órbitas conhecidas de pequena duração e seu retorno pode ser previsto com precisão matemática. O exemplo mais famoso é o Cometa de Halley, que nos visita de 76 em 76 anos, tendo feito sua última passagem em 1986. Em esforço científico tempestivo e muito bem planejado, foi abordado pela sonda Giotto, lançada pela ESA (European Space Agency), que conseguiu inéditas fotos em close de seu núcleo.
Outros aparecem repentinamente, vindos como se fosse do nada. Suas órbitas hiperbólicas os trazem uma única vez às proximidades do Sol e, depois de realizarem seu ato, desaparecem novamente nas profundezas do Cosmos. Alguns cometas periódicos têm órbitas tão longas (milhares de anos) que para efeitos práticos é como se fossem aperiódicos. Exemplifico com o recente cometa Hale-Bopp, com período estimado em 4.200 anos antes de sua portentosa aparição em 1997.
Abro aqui um parêntesis. Asteróides e cometas seriam essencialmente o mesmo tipo de astros, mas os primeiros são rochosos e sempre orbitam o Sol, enquanto que os segundos têm muita matéria volátil em sua composição. Aqueles cometas que têm órbitas ligadas ao Sol como os asteróides (os periódicos) têm esses gases volatilizados a cada passagem junto ao nosso astro-rei, tornando-se a cada vez menos intensos, até se transformarem em pífios... asteróides.
Muitos cometas se desintegram aos poucos a cada passagem, deixando em sua órbita enxames de pedregulhos que, ao eventualmente cruzar a órbita terrestre, penetram em nossa atmosfera e produzem as chuvas de meteoros. Meteoros como o que caiu recentemente na Rússia podem ou não ser remanescentes de cometas desintegrados. Fecho o parêntesis.
Ocorre que os cometas aperiódicos (ou com períodos extremamente longos) costumam ser bem grandes, dado nunca (ou raramente) terem seu conteúdo original de gases e poeira volatilizados pelo calor da nossa estrela. Dão grandes espetáculos e alguns raríssimos podem ser visíveis inclusive em dia ainda claro.
Feito o longo preâmbulo, chamo à cena o astro (sem trocadilho) deste post: o cometa PanSTARRS.
Descoberto em junho de 2011 através do telescópio PanSTARRS localizado nas alturas do monte Haleakala na Ilha de Maui, no Havaí, foi estimado como tendo um tamanho relativamente grande
para um cometa, sendo seu periélio (ponto mais próximo do Sol) calculado para março de 2013.
A intensidade do brilho de um cometa é sempre uma incógnita em se tratando daqueles que nos visitam por uma única vez, os aperiódicos. Já houve fiascos como o do Kohoutek em 1973, que
foi alardeado como o cometa do século e quase não desenvolveu cauda (tinha poucos elementos voláteis). Já o PanSTARRS vem dando conta do recado, confirmando as expectativas de tamanho e brilho. Vem sendo observado a olho nu antes mesmo do Sol se por, o que o classifica entre os maiores cometas registrados nos últimos cento e poucos anos.
Por azar nosso, nuvens no horizonte vêm impedindo que ele seja visto por esses dias no Rio de Janeiro, mas em várias localidades ao redor do mundo fotos vêm sendo tiradas confirmando a expectativa de grande show. Como ele estará entre nós ainda por algumas semanas, a esperança de vislumbrá-lo em sua glória ainda não se desfez.
Viajei muito num cometa. No percurso São Paulo-Rio. Agora compensa mais ir e vir de Gol. Não o carro, mas o avião da empresa do mesmo nome.
ResponderExcluir:D Fernandez
O momento piadinha é uma cortesia do Fernandez, com Z (zê).
ResponderExcluirQuem achou graça pode aplaudir.
Já eu viajei muito na cauda de vários cometas, na década de 60 ...
ResponderExcluirLeiam em http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/11/sonda-robo-pousa-em-cometa-500-milhoes-de-quilometros-da-terra.html
ResponderExcluir"Sonda robô pousa em cometa a 500 milhões de quilômetros da Terra
Pela primeira vez na história, uma máquinas humana pousa em um cometa.
Nave Rosetta viajou 6 milhões de quilômetros durante dez anos até o pouso.
O dia foi histórico para a ciência. Pela primeira vez uma máquina humana pousou na superfície de um cometa. Para se ter uma ideia desse feito, vale lembrar que a nave Rosetta viajou 6 milhões de quilômetros durante dez anos para chegar ao cometa 67-P, uma pedra de apenas 4 km de comprimento e formato muito irregular.
O módulo Philae, que fez o pouso, pesa apenas 98 kg e é do tamanho de uma máquina de lavar roupas. Agora, o cometa está a 511 milhões de quilômetros da Terra, entre os planetas Marte e Júpiter."
Novidades 2016:
ResponderExcluirhttp://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/01/04/o-que-vem-por-ai-em-2016/