2 de março de 2013

GREVES


Sei que greve não é um absurdo nacional.  Já penei um pouco com uma  sciopero generali na Italia. E em quase todos os  países do mundo ocidental as greves existem, são toleradas  e reconhecidas.

Mas convenhamos que  um instrumento que pune a população,  a sociedade, é um instrumento  inadequada de pressão sobre empregadores.

Esta greve dos rodoviários no Rio de Janeiro é um bom exemplo, embora nem seja o movimento grevista  mais grave que já foi enfrentado na cidade. Já tivemos greves de transporte coletivo, abrangendo todos os meios, ônibus, trens, metrô. Desta feita foram só os ônibus.

Quem sofre as consequências são os empresários do setor? Absolutamente! É a população trabalhadora que enfrenta longas esperas, empurra-empurra para embarcar  nos poucos veículos em circulação, chega atrasado e padece para voltar para casa depois de uma maratona para chegar  no trabalho e enfrentar a jornada diária.

E nem vou mencionar uma desconfiança que tenho deste setor de atividade. Pode acontecer que os empresários  não sejam  os desencadeadores, os mentores , mas por vezes alimentam  e cruzam os braços por conveniência.

Muitos aumentos de tarifas, de subvenção do governo, foram conseguidos em razão de greves “apoiadas” pelos donos das empresas de ônibus.

Depois, mais absurdos ainda, são os chamados piquetes, nos quais truculentos agridem companheiros de profissão, depredam e incendeiam os veículos. Muitos destes vândalos, bandidos mesmo, sequer pertencem a categoria profissional. São profissionais sim, mas de badernas. Trabalham a soldo dos sindicatos e de alguns partidos políticos.

Os ônibus que têm seus para- brisas quebrados e pneus furados não são prejuízo para as empresas de transporte. Quem paga o pato? De novo nós, da população, que sofremos com frotas  reduzidas, maiores tempos de espera e menos conforto. E as seguradoras, provavelmente.

E o respeito a lei? A lei só vigora na parte que assegura a greve, na parte que impõe obrigações aos grevistas não é respeitada. Por exemplo, no caso dos transportes, a obrigação de manter um certo percentual de veículos em circulação. Quem controla, quem pune o desrespeito?

Não é possível que a greve seja o único caminho para obter vantagens financeiras ou melhorias nas condições de trabalho.

Será que um dia será encontrado um meio civilizado de negociar e conciliar interesses?

Para encerrar, levanto a questão da greve no serviço  público.  Dá para aceitar que muitos jovens percam tempos preciosos de suas vidas de estudantes, porque funcionários de universidades públicas e até mesmo professores entram em greve?

Ora, os funcionários públicos, como regra geral, são concursados. Conhecem, ou deveriam conhecer, quando se inscrevem nos concursos, as condições e a política de remuneração. E têm direitos que não são concedidos aos trabalhadores regidos pela CLT, como a manutenção de vencimentos e vantagens mesmo após a aposentadoria.

Greve no judiciário, nos hospitais públicos, na polícia (até na polícia, pode?) e outros serviços públicos punem a sociedade.

Depois, ao final da greve, vem o pior. Ninguém é descontado dos dias parados. Assim as greves funcionam como férias remuneradas.

Há uns três anos, os serventuários de justiça entraram em greve e, aqui em Niterói, na porta do fórum, alguns faziam churrasquinho e cantavam pagode.

Teu processo, o meu processo, através dos quais estamos postulando direitos ficam paralisados. E Justiça tardia não é Justiça.

Sabem a farsa maior?  Alegam que as horas perdidas serão repostas. Pergunto como e quando? Você já viu o forum funcionando aos sábados, domingos e feriados para reposição de tempo perdido?

Isso é um país sério?

8 comentários:

  1. No TWITTER há um consenso em relação a essa greve dos rodoviários : as reivindicações são mais que justas.

    Mas ao invés de punirem a população, poderiam punir efetivamente os empresários, liberando as roletas dos ônibus para TODA a população ir e vir de graça durante o movimento.

    FLUi

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  2. Muito boa ideia, Riva. Não pensei em implicações legais, mas a solução merece um estudo.
    A greve é amparada em lei, portanto não pode haver justa causa, mas causar prejuízo deliberadamente pode. Tem prestação de contas diária, de motoristas e cobradores.
    Amanhã ou depois isso pode disseminar e independentemente de greve, os motoristas resolverem numa ou várias corridas ficar com a receita.
    Sei não. É melhor pensar bem.
    Mas greve é ABSURDO.

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  3. Tambem nao sei das implicacoes legais, e muito provavelmente os pelegos que prejudicam a populcao sabem mas nao estao nem ai, Falta de respeito da categoria, dos empresarios e do governo.

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  4. Seria um compromisso com a população, que da mesma forma que tem notícia da paralisação, teria notícia de que a partir da meia noite pode entrar no ônibus que a roleta gira de graça.

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  5. Eu criaria uma grande empresa estatal de transporte público. Contrataria gente com um salário digno e inundaria a cidade com ônibus, bondes, metrô, tudo estatal. Ah, barcas também!

    Quer criar ou manter sua empresa de transporte privada? Faça melhor que eu (estado). Não consegue competir? Feche, desista e vá vender pastel.

    Simples assim.
    <:o) Freddy

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  6. Talvez você não se lembre, Freddy, mas em Niterói, no governo de Roberto Silveira (o pai), ele manteve o preço da passagem do trolleybus congelado, para obrigar a que as empresas privadas segurassem suas tarifas.
    Funcionou um tempo. Mas empresa pública, meu caro, com raríssimas exceções, vira monstro difícil de controlar.

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  7. Infelizmente tenho de concordar. É o que derruba qualquer tentativa de inserir o governo como regulador: bandalha.

    Esse exemplo do Roberto Silveira: o governo deveria manter o serviço no padrão de excelência, com a tarifa correta. No momento em que resolveu usar o estado como arma contra a iniciativa privada, estragou tudo.

    Como também não funciona entregar serviços públicos exclusivamente aos empresários. Os caras visam lucro (o máximo possível) e não atendimento. Vide Barcas S.A.

    Abraço
    Freddy, preparando-se para voltar de Gramado.

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  8. Eu, já em Niterói, dei uma relida no texto e a frase de encerramento me bateu na testa.
    Não, não interessa quem já tenha dito essa frase, mas o Brasil não pode ser levado a sério. Os motivos são vários e remontam à colonização portuguesa, apesar de que há quem afirme que se fosse francesa, inglesa ou holandesa não seria melhor que isso. Vide as Guianas...
    Um fato, que pode ser debatido em posts ou em mesa de bar: não me sinto brasileiro. Até gosto do país, mas não do povo nem da aclamada (argh) cultura. Eu acho que melhor pra mim seria ter nascido na Europa... Faz mais o meu perfil, ou seja, apesar dos contratempos há mais seriedade. E que cultura, oh Deus!
    <:o) Freddy

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