Ele
se aprontou e saiu para o trabalho. Resolveu passar, primeiro, no barbeiro,
para cortar o cabelo. Afinal estava muito grande.
O
barbeiro, de muitos anos, de aparência rude, mas de trato educado, nasceu e
cresceu no interior. Por isso tem a sabedoria da vida, própria dos que vivem na
roça e aprendem com o comportamento dos animais e a identificar sinais da
natureza.
Na
véspera havia chovido a cântaros, muita trovoada e relâmpagos. Estrondos violentos seguidos de um temporal que o Nelson Rodrigues classificaria (de pilhéria),
como igual ao do 5º ato do Rigoleto.
O
inicio da conversa com o Evaristo, esqueci de dizer que este era o nome do
barbeiro, como sói acontecer, foi o temporal da noite anterior.
Como
fazia um lindo dia, com céu limpo e sol brilhando, o Evaristo disse que tal se
dava por causa dos trovões da noite anterior, nas próprias palavras: “quando
troveja muito mesmo, no dia seguinte amanhece limpo, sem nuvens”.
Acabado
o corte, pago o serviço, o cliente pegou um taxi para o centro da cidade.
Informado o destino, o início da conversa foi a condição de tempo e o temporal
da véspera que deixara vestígios na rua: muita lama e ainda algumas poças d’água
junto ao meio-fio.
Disse
o taxista: que chuvarada ontem hein? O passageiro retruca: mas veja como está
lindo o dia hoje. Sabe por que? Porque quando tem muito trovão, como ontem, o
dia seguinte fica claro e limpo.
É
bem de ver que passou adiante o conhecimento adquirido fazia pouco tempo no
barbeiro, sem pejo.
O
taxista, retornando ao seu ponto, comentou com o colega que lá já estava, sobre
o temporal. Este, por sua vez, indagava
se a chuva iria se repetir naquele dia.
Ora,
o motorista do taxi que acabara de encostar no ponto, tinha ouvido de um
passageiro, não fazia muito tempo, que a trovoada forte etc....
Este
outro taxista, cujo nome não vem ao caso, assim como o do primeiro, porque não são importantes para a conclusão do pensamento, da moral desta história, assim que
embarcou o seu passageiro, arranjou uma maneira de demonstrar seu mais novo aprendizado,
referindo-se ao tempo bonito, sem nuvens, embora o temporal do dia anterior: “sabe,
quando tem temporal com muita trovoada, o dia seguinte fica limpo”.
Não
vou cansar a paciência de vocês contando em detalhes todo o ciclo que se formou
naquele mesmo dia e que chegou ao Twitter e ao Facebook, com a informação do
barbeiro humilde.
Vou
atalhar o caso, antecipando que o passageiro chegou ao escritório e assim que o assunto caminhou para o tempo, fez o
comentário de que a trovoada forte, etc...
Um
dos funcionários do escritório que ouviu a conversa, na hora do jantar em
casa, comentou com a mulher que trovoadas têm a vantagem de limpar o tempo e
por isso o dia fora tão bonito em contraposição ao temporal da véspera.
A
filha que estava à mesa, ao final da sobremesa foi para o computador e tuitou com
amigas. Pronto! O comentário despretensioso
do barbeiro caiu na rede.
Se
tem embasamento técnico-científico ou não, pouco importa, se a natureza tem
esta regra e a obedece é irrelevante.
Vai correr o mundo.
Tive Twitter e cancelei porque não tinha smartphone. Agora tenho. Acho útil para saber condições de tráfego e locais de blitz de lei seca.
ResponderExcluirAcho que vou me recadastrar nele.
;-) Freddy
No verão parece que esta coisa funciona. Lembro dos tempos de menino quando caia tromba d'água, com trovões e não demorava o sol aparecia brilhando com céu limpo.
ResponderExcluirAbraços
Verdade Gusmão. Lembro bem disso. Nós, eu e a garotada da rua onde morávamos, fazíamos, com carvão, na calçada, um sol enorme porque segundo a lenda atrairia o atro rei de volta.
ResponderExcluirAh! Nossas crenças juvenis, que tinham embasamento científico e não sabíamos.
Se não tinha apoio científico, na acepção da palavra, tinha nas leis da natureza.
ResponderExcluirDepois do temporal ainda soltavamos cafifa até as 19 horas.
Quando os urubus voavam baixo: chuva.
ResponderExcluirQuando voavam bem alto: tempo bom!
Eu vivia olhando pra cima. Conhecia razoavelmente bem a previsão de tempo, meus hobbies dependiam disso. Não tinha algoritmos complicados, apenas me guiava por épocas e tendências. Os tipos de nuvens e o padrão de ventos sempre me diziam algo.
Eu diria que tempo bom depois de uma tempestade de verão tem a ver com a própria natureza da chegada dessas nuvens. Chuva derivada de um tempo ruim de vários dias raramente desenvolve o jeitão de tempestade tropical com raios e trovões.
Já uma borrasca chega com batedores, trombetas, iluminadores de cena, faz seu ato ou estrago e se vai. Daí o ciclo pseudo científico descrito no post passa a fazer sentido.
Abraços
Freddy
Dentro de poucos minutos novo post no ar.
ResponderExcluirOs grandes temporais trazem-me boas recordações da infância :
ResponderExcluir1) Minha avó colocava espadas de São Jorge nas janelas da casa durante os temporais, uma espécie de proteção ??!!
2) Nossos pais deixavam a gente faltar a escola quando estava chovendo muito. Muito boa essa ! Mas confesso que lembro que ficava nervoso, porque tinha que pegar a matéria TODA com algum colega, e normalmente ninguém gostava de emprestar o caderno.
3) Quando nossa rua (Itaocara) era ainda de terra, era uma festa. Por ser uma ladeira, formava um verdadeiro rio, e nós fazíamos uma MEGA represa. Era diversão certa !
4) Outra diversão era jogar sabão em pó em uma calçada especialmente lisa, correr e deslizar de peito na calçada, em grandes competições de distância percorrida. A calçada mais lisa pra isso era de um vizinho, chamado Seu Lelé. Não sei porque o apelido dele era esse .... sei que era vascaíno kkkkkkkkkk
Os comentários sempre terminam em futebol ... não tem jeito !
Sds TETRAcolores
Sempre gostei de tempestades, estando abrigado obviamente. Em meu terraço ainda hoje gosto de observar as forças da natureza se concentrando, nuvens plúmbeas e raios absolutamente maravilhosos cruzando os céus.
ResponderExcluirAntes que me perguntem, confio que o cone de cobertura do para-raios de meu edifício me proteja em meu terraço. Teoricamente sim.
Aproveito para, sem falsa modéstia, comentar que quando no Admissão ao Ginásio (Curso Alzira Bittencourt - 1961) fiz 2 redações que receberiam nota 10. No entanto, a diretora (D. Alzira, rigorosíssima) se recusou a me dar a nota porque elas foram feitas em casa e ela supunha que tivesse dedo de meus pais na prosa. Então, numa prova de português na escola eu fiz nova redação, “O Dever”. Então e só então D. Alzira se convenceu que era eu mesmo que havia feito as 2 redações nota 10.
Títulos? “A Praia” e “A Tempestade”.
;-) Freddy
Vê-se, Freddy, por seus posts, que não lhe faltam inspiração e talento para a escrita.
ResponderExcluirParabéns!
Obrigado, Carrano.
ResponderExcluirCitei o caso das redações por causa do título de uma delas: "A Tempestade". Pena que se perdeu com o tempo...
Sobre escrever bem, estou levando uma "coça" no bom sentido. Andei escarnecendo em algum lugar (acho que via Facebook) o sucesso da série 50 tons de cinza. Julgava que a autora conseguiu estender uma bobagem sado masoquista por 3 volumes, o que eu poderia talvez ter descrito em 3 capítulos.
Quanta infantilidade a minha... Como sou primário no meu escrever, comparando... Estou achando deliciosa a maneira de EL James relatar a estória. Talvez até faça um post a respeito de minhas impressões sobre o livro (alertando poder ser spolier = desmancha prazeres).
Abraços
Freddy
Não acredito que um cara inteligente como o Freddy possa enxergar/perceber qualquer coisa de valor nesse livro.
ResponderExcluirComprei tb por curiosidade, e afirmo .... um lixo, até para quem curte pornografia. Muito mal escrito, mas descrito, uma coisa horrorosa.
Não tem sensualidade, não tem classe, e pior, não tem "tesão" nas descrições....parece que quem escreveu nunca teve uma transda legal na vida .... uma amadora na cama.
Um filmezinho pornô amador é muito mais legal.
Bem, Riva, o Freddy ficou de fazer uma resenha do livro para publicação no blog.
ResponderExcluirVamos aguardar o que será comentado.