Recebi de um amigo, via e-mail, o link de um vídeo mostrando o carnaval do Rio de Janeiro em 1951. O filmete atiçou minha memória e retornei aos meus onze anos de idade. Acessem ,utilizando o link a seguir, e vejam o povo alegre, brincando em paz:
Já era torcedor do Vasco há dois anos, mas ainda não era portelense. Lá em casa, as poucas conversas sobre carnaval, versavam muito mais sobre as Grandes Sociedades Carnavalescas do que sobre as Escolas de Samba.
Estas já desfilavam, mas haviam duas ligas que eram excludentes: as que eram filiadas a uma, não eram à outra.
Assim, naquele ano, como nos dois anteriores, houve dois desfiles; um na Avenida Presidente Vargas e outro na Praça Onze. No desfile, digamos, oficial, na Avenida, a vencedora foi a Império Serrano, com o enredo "Batalha Naval". Já no desfile extraoficial, na Praça XI, ganhou a Portela.
O samba de enredo da Portela, homenageava Getúlio Vargas, então reconduzido à Presidência da República, já gora pelo voto direto da população. Ele era muito querido no mundo do samba, que afinal era composto basicamente por trabalhadores assalariados. E o Getúlio, admitamos, foi o responsável por muitas conquistas para os trabalhadores.
O samba-enredo ("A volta do filho pródigo"), cuja letra que obtive na internet reproduzo abaixo, é simples mas exalta algumas das maiores realizações de Vargas. A propósito, ele aparece em destaque no vídeo cujo link está lá no alto.
"A volta do filho pródigo"
Autores: Josias e Chatim
A lei trabalhista ele deixou
Aquele que em 30 triunfou
E se fez credor
Desse povo justiceiro
Foi Getúlio Dornelles Vargas
Esse grande brasileiro
O bom filho à casa torna
Ao Catete ele voltou
Relembrando os seus feitos
Volta Redonda deixou
Força Aérea Brasileira
Que corta esse céu de anil
Para orgulho e glória
Desse adorável Brasil
Antes de mudar de assunto, para falar de futebol, naquele longínquo 1951, comento que meu pai era tenentino, ou seja, quando solteiro frequentava e desfilava na "Tenentes do Diabo" uma das Grandes Sociedades.
Clube dos Democráticos |
O resto da família tinha simpatia pela "Democráticos", em cuja sede, na Rua Riachuelo, no centro do Rio, muitos anos depois, brinquei meus melhores carnavais, levado pelos irmãos mais velhos do Doraly, amigo que esteve sumido nos últimos 50 anos, mas que reapareceu agora, via internet, e que por mensagem eletrônica fez uma retrospectiva de sua vida durante este período.
Em 1951, no futebol, o campeonato carioca era o mais importante e divulgado em todo o pais, pois afinal aqui ficava a capital da República.
O campeonato foi decidido numa final emocionante disputada no Maracanã, para um público de quase 80.000 pessoas, entre o Fluminense, que tinha um timaço, e o Bangu que tinha um time não muito menos poderoso, no qual jogava o melhor jogador de futebol brasileiro antes de Pelé.
O Bangu, acreditem, tinha torcedores, inclusive fora do Rio de Janeiro. Meu concunhado - Albenir - que sempre morou em Cachoeiro de Itapemirim, é banguense até hoje (coitado!)
Vejam abaixo a ficha técnica da partida, também extraída da internet.
Campeonato Carioca de Futebol de
1951.
Jogo
do título :
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Fluminense 2 x 0 Bangu
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Data: 20 de Janeiro de 1952
·
Local: Maracanã
·
Árbitro: Mário Vianna.
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Público: 78.849 (68.820 pagantes)
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Renda: Cr$ 1.333.752,70
·
FFC: Castilho; Píndaro e Pinheiro; Vítor, Édson e Lafaiete; Lino,
Didi,
Telê, Orlando Pingo de Ouro e Róbson. Técnico: Zezé Moreira.
·
BAC: Osvaldo; Djalma e Salvador; Rui, Irany e Alaine; Moacir
Bueno,
Zizinho, Joel, Décio Esteves e Nívio.Técnico: Ondino Viera.
·
Gols: Telê aos 19' e 76'
·
Expulsão: Nívio.
Não vou dizer (escrever) que eramos felizes e não sabíamos, pois alguns continuam felizes e outros nunca foram.
Em "O rio, o rei e eu" (5/2/13) eu comentei que se o objetivo era amalhar participação, era só falar de futebol, política e outras "cositas más". Se isso aqui "bombar", vou cobrar royalties pela ideia (baratinho, um texto meu por semana - rs rs rs).
ResponderExcluirPodia ter falado do campeonato de 1950 ou de 1952 (Vasco) mas resolveu comentar 1951 (flu). Bom, de importante naquele ano teve o meu nascimento.
Sobre Getúlio, eu compartilho dos elogios do samba, mas sabemos que ele não chegou ao final vencido pelas forças ocultas e que suas ideias hoje são alvo de chacotas neoliberais.
Tem é polêmica embutida nesse pequeno texto!
Abraços
Freddy, diretamente da serra.
Caro Freddy,
ResponderExcluirO ano de 1951 foi escolhido por causa do vídeo que recebi sobre o carnaval daquele ano. Mencionei no texto, lembra? Você acessou ?
Se foi seu ano de nascimento, é mera coincidência. Boa coincidência pois você é um vencedor, como o Fluminense naquele ano e agora no campeonato nacional.
O Riva deve estar em orgasmo (rs), por causa do FLU, claro. O de 1951 (rs).
No que concerne ao Getúlio, você não acha que ele já tinha dado o que era para dar? Será que tinha disposição e ideias novas? Data venia, acho que não.
Você sendo onze anos mais novo do que eu, é praticamente de outra geração pelos critérios atuais.
Abraço
Ah! Freddy. Se você tiver fôlego para um post semanal, porque não?
ResponderExcluirMas você está se atribuindo a autoria da ideia de falar de samba e futebol, indevidamente. Vamos aos fatos: estamos em pleno carnaval, pois não? E o vídeo que recebi mostra o carnaval. Bem, o futebol é a outra paixão. Como disse Nelson Rodrigues, "sem futebol o povo fica neurótico".
Agora que tirei de sua imaginação ser o pai da ideia do post, dou, de lambuja, o reconhecimento por enxergar o óbvio (de novo Nelson Rodrigues).[risos, por favor]
Orgasmos bipolares trifásicos ! rsrsrs
ResponderExcluirCheguei atrasado?
ResponderExcluirO Botafogo também tinha um bom time em 1951. Inclusive o Nilton Santos e o Araty que jogou na seleção em 1952, campeã pan-americana.
Acho que o melhor jogador antes de Pelé, referido pelo Carrano, era o Zizinho. Morava em Niterói e realmente era sensacional.
A Império Serrano, que pecado, está no Grupo de Acesso há 3 anos.
Abraços
Não sou chegado a Carnaval (já o fui, na infância). Gosto de assistir a desfiles de escolas de samba pelo espetáculo audiovisual, é primeiro mundo (à exceção da fonte dos recursos). E pela TV, óbvio, no conforto do lar.
ResponderExcluirComo curiosidade, moro num tradicional quarteirão carnavalesco niteroiense, sendo que a Rua Nóbrega costuma ser fechada para o evento. Eu, a menos de um ano em que fiquei pra ver, sempre caio fora nessa época, já houve até tiroteio.
Há tentativas patéticas, como o Bloco Me Empurra que eu Vou, de cadeirantes. Programação oficial da cidade, passou por lá no sábado passado.
Quanto a futebol, entra no rol do pão e circo. BNDES, BB, Petrobras, todos envolvidos em transferência de recursos públicos para o novo estádio do time do Molusco.
Bom Carnaval a todos. Ainda bem que a TV ainda não transmite o cheiro... Sacomé, né, povo fede.
Abraços
Freddy
Jorge, você tinha dito que o vídeo do Carnaval era do ano de 1951, mas o YouTube o intitula: "Carnaval in Rio 1955". Gostaria de saber a data correta pois fiquei com uma dúvida tremenda!
ResponderExcluirAbraços,
Rafael Lima!
Eu estava escrevendo algo sobre carnaval, mas entao, vou postar aqui mesmo, ja que o primo comecou o assunto :
ResponderExcluirQuando eu era crianca e assistia o Chacrinha(José Abelardo Barbosa de Medeiros 30/09/1917-30/06/1988) sempre ficava pasmo com uma de suas frases, que na verade nao era a mais famosa, mas era aque melhor ao menos fazia uma definicao se suas atuacoes televisivas e porque nao dizer, carnavalescas: “Eu vim para confundir, nao para explicar”.
Assim sendo, o Carnaval nao e’ mesmo algo que se possa ser entendido ou explicado, mas pode no entanto ser comentado em suas varias nuances e pode ate’ mesmo causar varios tipos de confusao.
Caro Rafael,
ResponderExcluirVocê me colocou em dúvida com sua informação.
Veja que recebi como sendo de 1951, conforme a seguir: Mensagem original
De:
Assunto: FW: Carnaval Rio 1951 - filme da Warner Brothers
Enviada: 05/02/2013 16:35
Todavia a dúvida se desfaz na medida em que Getúlio Vargas se matou em 24 de agosto de 1954 e aparece sorridente no filme.
Que você acha?
Obrigado pela participação.
O Samba nao vai mesmo morrer, mas o Samba nao precisa do Carnaval como o Carnaval precisa do Samba: Foi o tempo dos grandes sambas-enredo porque o gigantismo das escolas em termos de quantidade de pessoas, dimensoes esfingicas das alegorias e tempo nao permite mais que as Escolas
ResponderExcluirProduzam grandes sambas, porque o espetaculo nao visa mais o “samba no pe’” mas o dinheiro, tendo entao se transformado num desfile pra gringo ver, hoje os sambas-enredo sao encomendados e grupos de compositores concorrem a escolha do samba enredo em varias escolas de varias cidades simultaneamente.
Assim, ja’ em 1982, o samba do Imperio Serrano (Bumbumpaticumbumprugurundum) ja falava que a Super Escola de samba venceria a parada entre o dinheiro e o samba no pe’., logo caras como Joaozinho Trinta e Paulo Barros sao arquitetos do anti-samba, se a gente olhar por este lado.
ResponderExcluirMas pior que isso, e o fato de existir (sempre existiu) uma especie de “transa” macabra entre o governo, principalmente as prefeituras e os contraventores porque ambos financiam as escolas de samba, e ninguem que eu saiba, ate’ hoje propos um modelo que seja diferente dessa. Nao da’ mesmo para nao desconfiar de manipulacoes de resultados, quando a gente assiste o desfile e a apuiracao na quarta-feira onde sempre existe controversias as vezes sai mesmo e’ po......da.
Uma vez Portela, Portela ate’ morrer.
ResponderExcluirA Portela de certa forma vitimada por todas essas questoes que eu postei anteriormente, nao consegue estabelecer um formato que lhe permita vencer, pois esta, viveu nas altimas duas decadas entre brigas internas e o fato de nao saber ainda fazer algo nos padroes atuais, sem abandonar suas tradicoes, que acho mesmo que nao devem ser abandonadas. Ainda assim, para mim, vencendo ou nao o ponto alto dos desfiles no Brasil e’ quando aquela aguia “altaneira” aparece, anunciando mais um desfile, como bem diria Clara Nunes, que sempre esta’ representada por alguma celebridade componente (Marisa Monte em 2012). Isso sem falar de gente como Paulinho da Viola, Noca, Tia Surica, Monarco.
Que venha entao a Portela, so jeito que vier, sempre Portela.
Agora futebol: nao preciso lembrar a todos que sou flamenguista(pronto falei!), no entanto Fred a meu ver deve ser titular absoluto. O Felipao a meu ver ultrapassado, vem com seus "homens de confianca" tambem ultrapssados com Julio Cesar e R Gaucho (ambos ex-Fla). E' patetico. se vc acompnha futebol sabe que os goleiros sao :
ResponderExcluirCassio, Cavaliery e Jefferson para mim nesta ordem mas qqer um dos tres capaz de ser titular. Alguem discorda?
NOTAS DE ESCLARECIMENTO
ResponderExcluir1)O primo Ricardo mora nos USA e certamente utiliza teclado padrão local; daí que por vezes o português sai capenga.
2) Sabia que ele estava planejando um post sobre carnaval, mas não imaginei que o fato de eu postar sobre o tema viesse a invalidar a publicação do dele. Mas ele pensou diferente. O assunto é inesgotável. O próprio carnaval, que em 1951 era de três dias, hoje dura (no Rio) uma semana. Em Salvador um mês. E agora a piada: em Brasília o ano todo.
Caro Ricardo, perdão mas não pretendia "furar" sua matéria. A intenção era falar do passado, tendo como gancho o vídeo que recebi.
Um forte abraço e obrigado.
Como não poderia deixar de ser, torço pela Gaviões da Fiel, em Sampa.
ResponderExcluirNo Rio, São Clemente, que é do bairro onde estou residindo(Botafogo).
Futebol, bem, Curingão, campeão mundial!!!
:D Fernandez
É verdade Jorge!
ResponderExcluirObrigado pelo esclarecimento!
Me esqueci do suicídio de Getúlio e infelizmente não me liguei a ele...
Adoro seus posts pela qualidade histórica, o material das suas pesquisas e, principalmente, seu conhecimento!
Comecei a te seguir há pouco e pretendo continuar até seu blog terminar, se terminar!
Boa sorte com as postagens!
Obrigado Rafael. Não raro são os comentários que trazem mais conteúdo ao blog. Em geral enriquecem: informam e divertem.
ResponderExcluirParticipe sempre que ache oportuno.
Abraço
Caro Jorge, nao tem o que se desculpar. Tudo certo, afinal pra voces ai e' Carnaval. Aproveitem com ou sem excessos e obrigado mais uma vez.
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