Pretendia escrever sobre coisas que não faria mesmo que por
muito dinheiro. Mas não encontrei um fio condutor.
Li uma matéria na rede, sobre Marcio Thomaz Bastos, figura por demais conhecida nos meios forenses e políticos, porque defensor de bandidos, delinquentes de várias estirpes, como alguns dos envolvidos no processo do mensalão e até (argh!) do médico Roger Abdelmassih denunciado e preso por estupro e abuso sexual
de pacientes.
Mas se a caixa registradora fizer tirrim, tirrim, ele não recusa coisa alguma. A matéria a que me refiro é grande e a leitura pode desanimar os mais preguiçosos. Mas asseguro que vale a pena. Não exatamente, ou exclusivamente, pelo personagem em questão, mas porque ela (a matéria) é um retrato perfeito e acabado do que ocorre nos bastidores dos tribunais superiores, do jogo de interesses políticos e econômicos, do tráfego de influências até mesmo na indicação de ministros para o Supremo Tribunal Federal, mais alta corte de justiça do país.
Garanto que após a leitura, em http://novo-jornal.jusbrasil.com.br/politica/8697704/marcio-thomaz-bastos-e-a-confraria-dos-homens-da-lei você ficará desiludido com o Judiciário, se é que ainda tem alguma crença a respeito desta instituição tão fundamental nos estados democráticos de direito.
Antes de continuar a leitura deste post, click no link acima
e vá até lá para ler a matéria sobre um dos maiores criminalistas da atualidade,
pela cultura jurídica, pelo trânsito que tem nos diferentes setores da
sociedade – político, empresarial e social – e pela capacidade de seduzir os
interlocutores.
Depois volte aqui e prossiga, se ainda tiver ânimo e crença
em algum valor ético e/ou moral.
Como eu ia dizendo, melhor, escrevendo, fiquei em dúvida sobre o que não faria mesmo por muito dinheiro. As coisas que me ocorrem seriam não vestir a camisa do Flamengo, nem em peladas de final de semana ou disputa de casados e solteiros nas empresas por onde passei, nem tampouco participar do programa do Silvio Santos, no quadro que tem por título ”topa tudo por dinheiro”. Não conseguiria viver com esta vergonha.
Bem, tem outras coisas que muito provavelmente não toparia fazer. Não sei se meu estomago aceitaria que eu viesse a comer
olho de cabra, para ganhar uma competição, por dinheiro, como já visto na TV. E nem outras “iguarias” repugnantes como acontece no oriente.
Mas, falando (escrevendo, né) sério, sem declinar nomes, por óbvios motivos, e só para citar um
caso que estava acima de meu nível de tolerância, conto que certa feita fui
procurado por um empresário que queria ficar livre de uma companheira, com quem
tinha uma filha.
Relatou uma história que fazia da companheira, com a qual
mantinha união familiar estável, uma megera impiedosa, desalmada, desequilibrada,
impaciente com a filha e ciumenta ao extremo em relação a ele.
Foi convincente e por isso estabeleci uma estratégia, que
consistia em oferecer pensão para sustento da filha, pedir a dissolução da
sociedade de fato, e postular a guarda unilateral da filha (mesmo sabendo da dificuldade
de obtenção).
Mas a mentira tem pernas curtas. Na semana seguinte volta a
me telefonar pois queria agendar uma ida ao escritório porque havia um fato
novo.
Marquei para o dia seguinte e fiquei sabendo que o fato novo era um processo que tramitava
no juizado especial criminal (pequenas causas), com audiência marcada para dali
a dez dias e queria que eu o defendesse.
Não atuo na esfera criminal, mesmo em juizado especial que
aprecia delitos de menor valor ofensivo, mas fiquei sabendo que a origem do
processo era uma denúncia de agressão física. O cara espancava a mulher.
Ora, isto estava acima e além da minha capacidade de digerir,
de tolerar. Bater em mulher, por definição, é inaceitável.
Com isto ele deixou de contar com minha atuação no processo
criminal, porque fora de minha área, bem como declinei da causa na esfera da
vara de família, para dissolução da sociedade de fato e pagamento de pensão
para a filha, porque ele passou a me causar náuseas.
E sempre há uma maneira legal de recusar uma causa, coisa
complicada eis que todos têm direito de defesa.
Não estou querendo me gabar e pousar de paradigma da virtude, da decência, e de guardião da moral, mas se mesmo dependendo (e muito) dos caraminguás que cobrava advogando, era capaz de declinar de algumas causas, imagine se tivesse uma pequena parte do patrimônio do ex-ministro que aceita tudo desde que haja dinheiro envolvido.
Amigo Carrano, escolha a sua montanha (bem alta) para subir. Esse seu post complementa meu recente comentário em outra matéria.
ResponderExcluirAbraços.
Eu não gosto de opinar sobre Justiça porque conheço pouco e a chance de cometer asneiras é imensa.
ResponderExcluirNo entanto, repito - acho que já disse antes em algum lugar - que o que me espanta nos processos é que não se trata de condenar um culpado ou absolver um inocente.
A coisa funciona como um jogo de tabuleiro e tem regras. O lado que souber manipular melhor os parâmetros da partida à luz das leis (passíveis de interpretação), ganha a causa, independente de se fazer justiça ou não.
Asqueroso.
=8-(
Freddy