Noutro dia um internauta, mais ou menos assíduo em
comentários no blog, censurou-me por escrever estapafúrdio, podendo ter escrito
excêntrico ou mesmo esdrúxulo.
Isto me remete à compra que fiz, lá pelo mês de julho, do “Pequeno
Dicionário Brasileiro da Língua Morta”, de autoria de Alberto Villas e editado
pela GLOBO.
Tão logo tomei conhecimento, através de jornal, do lançamento
da obra, fiquei interessado e apressei-me em comprar. Nem foi tão fácil.
Algumas livrarias não tinham ainda recebido. Mas finalmente achei e comprei.
Deixei sobre o console, na sala, para ler logo após o
jantar.
Coincidentemente meu filho homônimo vai a minha casa e vendo
o livro começou a folhear. Leu uns três ou quatro verbetes e fez o comentário
que fulminou meu interesse e alegria pela compra: “conheço quase todas as
palavras que estão aqui”.
Ora, ele tem APENAS 47 anos. Se conhece as palavras
listadas, com significado, no livro, então tenho a obrigação de conhecê-las
mais ainda. Afinal vinte e cinco anos de vida nos separam.
Bem, passou a euforia pela compra de um livro que tinha tudo
para me agradar e enriquecer meu vocabulário com palavras, expressões e mesmo gírias
que já não se usam, mas das quais sou cultor e pelo uso constante ajudo a manter vivas.
Agora, lembrando do livro e por causa da palavra “estapafúrdia”
que inspirou este post, recorro ao tal dicionário. Lá está, na página 119, a
malsinada palavra. Consta com a explicação de que hoje seria mais natural falar
(ou escrever) “bizarra”. Ou seja, a palavra bizarra seria sucedânea de
estapafúrdia.
Logo na sequência, na mesma página, a palavra que consta e
que estaria em desuso seria “estenodatilógrafo”. É, realmente,
estenodatilógrafo somente voltarei a escrever num conto ou romance de época
(quem sabe uma crônica de costumes), até porque o desuso no caso é da profissão
nestes tempos de recursos eletrônicos que registram com mais precisão e
velocidade o que se diz num púlpito, numa tribuna ou na assembleia do
condomínio.
Por sinal que “púlpito”, a palavra, não consta do
dicionário. Na página onde deveria estar citada, encontrei outra que uso vez ou outra, mas porque meu
pai a repetia à exaustão: pulha.
Como sabem, significa pessoa sem caráter, sem dignidade.
Com o mensalão nas manchetes meu falecido pai mencionaria a
palavra pulha pelo menos uma dezena de vezes ao dia.
Falou bicho!
ResponderExcluirAbraço
Pois é, Gusmão, bicho é bem anos 80. Fui ao dicionário da lingua morta e encontrei, na página 39, o verbete bicho: pessoa descolada, amiga. Hoje, bicho seria mano. Mas há um registro interessante de que o cantor Roberto Carlos nunca deixou a palavra morrer.
ResponderExcluirOntem fiquei sabendo por minha filha que as pessoas não mais desmancham namoro, noivado, casamento... Hoje elas terminam...
ResponderExcluirSinal dos tempos. Hoje não temos mais discos (a moda é ter arquivos musicais em nuvem), espero que ainda tenhamos por um bom tempo livros!
=8-) Freddy
Prezados, 3 comentários meus :
ResponderExcluir- estapafúrdia .... hoje em dia se fala PUNK ! Todos em São Paulo e já no Rio, e no Twitter e Facebook só usam essa palavra : isso é PUNK, a situação está PUNK ... BIZARRO(a) já era.
- namoro : o que é isso ? Ninguém namora mais. Eles FICAM.
- Bicho : nunca vou esquecer a 1ª vez que ouvi a palavra. Estava tendo aulas particulares de Matemática, com meu professor Zézinho. Eu tinha 14 anos (1966), e ele estava me adiantando Equações do 2º Grau, para o ano seguinte. Errei um exercício, e ele me chamou de "bicho", tipo ...pô, bicho, não é assim !!!
Fui pra casa super ofendido !!!
(pano rápido)
Sds TETRAcolores
"Salve o Fluminense com o verde da esperança".
ResponderExcluirParabéns ao tricolor carioca. Parabéns ao Fred, centroavante que sabe dominar a bola, além de fazer os gols importantes.
Diferentemente de um certo Alecsandro que do pescoço para baixo é canela.
Parabéns Ana Maria, Riva, Ricardo dos Anjos.
Quanto aos discos, muitos jovens hoje buscam ainda mantê-los vivos, como eu (22 anos). Quanto às palavras "mortas", posso apenas dizer que muitas me fascinam profundamente, me provocam curiosidade, já que não nasci em época propícia para conhecê-las, além de gerar-me um sentimento de que minha geração não é tão interessante e que não passa pelas coisas incríveis que as gerações anteriores presenciaram.
ResponderExcluirObrigado pela visita virtual, Miquéias.
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