Ricardo
dos Anjos
(poeta e jornalista aposentado, diretamente da Serra Gaucha)
Aqui
também tem dessas coisas
Pois
é, uma cidade pequena como Nova Petrópolis, de 19 mil habitantes e 14 mil
eleitores se tanto, e tida como o Jardim da Serra Gaúcha, dada a sua natureza
florida e bem-cuidada pela população e prefeitura nos locais turísticos (“onde
passa a noiva”), foi abalada esta semana por um gritante cerceamento à imprensa
por parte do legislativo local. E justo em ano de eleições.
Explico: um jovem repórter do jornal O Diário estava
cobrindo e gravando a sessão da câmara de vereadores que decidiria o aumento do
número de edis de 9 para 11, o que aconteceu. Antes, porém, o presidente do
legislativo, Paschoal Grings, e seus sequazes, em tom de ameaça de agressão
física (“quebro sua cara”), impediram o repórter exercer seu trabalho, chegando
a interromper a sessão. Chegaram a chamar a Brigada Militar e a Polícia Civil
para expulsar o repórter que, para evitar mal maior (inclusive a ele próprio)
resolveu retirar-se do que podemos chamar ironicamente de “Parlamento”...
Daí, o jornal reagiu e publicou matéria sobre o
salário desses vereadores:
“Fica em Nova Petrópolis o segundo maior salário para
o cargo de vereador nos 11 municípios onde O Diário circula. Para se reunir uma
vez por semana, entre duas e três horas, o município repassa para cada vereador
exatos 1.909,95 reais. O valor representa mais de três salários mínimos, e este
valor será reajustado em 7% este ano. Atualmente, a Prefeitura repassa
482.400,00 mil para manter os trabalhos da Câmara de Nova Petrópolis. Com este
valor, por exemplo, seria possível construir uma quadra de esportes igual a da
Escola Otto Hoffmann, que custou 360 mil reais.
“O questionamento ao trabalho dos vereadores de Nova
Petrópolis surge após o episódio onde um repórter do Diário foi impedido de
gravar a sessão que analisou o projeto de emenda à Lei Orgânica, que sugeria a
manutenção das nove vagas na Câmara, proposta rejeitada por seis dos oito
vereadores presentes na sessão. Jerônimo Sthal Pinto, Plínio dos Santos, Régis Hahn,
Oraci de Freitas, Daniel Michaelsen e Bruno Seger desejam ampliar para 11,
conforme consta da Lei Orgânica do Município” (O Diário, 27/4/12)
Informado sobre o cerceamento da liberdade de
imprensa, o comentarista político Alexandre Garcia criticou a arbitrariedade do
legislativo nova-petropolitano.
Não lembro até que momento, mas no Brasil o trabalho do vereador não era remunerado. Eu já era nascido e eleitor.
ResponderExcluirO trabalho do vereador deveria ser voluntário, como dever cívico, público, de contribuição para a comunidade à qual, em última análise, ele pertence. Mormente nos pequenos municípios, como Nova Petrópolis.
Pela nossa Constituição Federal (arts. 29 a 31), o número de vereadores deve variar entre o mínimo de 9 e o máximo de 55, sendo fixado proporcionalmente a população do município. Os mandatos são de 4 anos, em eleição direta e podem se candidatar maiores de 18 anos.
O constituinte usou um eufemismo, ao estabelecer que vereador não recebe remuneração, mas sim subsídio. Não importa o rótulo que é colocado na grana. É sempre muito dinheiro, sem contar as chamadas verbas de gabinete.
E o que fazem além de aprovar nome de rua ?
A política, sob o ponto de vista filosófico, é uma ciência importante e necessária.
ResponderExcluirFazemos em nossas vidas o tempo todo.
Mesmo que inconscientemente.
Mas a política profissional, na prática, é um nojo, é pura lama. E quem nela entra ou dela se aproxima certamente ficará respingado.
Como diz a letra de um samba antigo, "se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão"
Abraços
Ricardo,
ResponderExcluirConheço Nova Petrópolis e morri de inveja quando você anunciou que estava de mudança para esta cidade.
Não imaginava que no terreno político já está degradada, e com as mesmas mazelas das cidades maiores.
E a decepção é ainda maior, conhecendo a origem alemã da maioria de seus fundadores e a descendência teutônica, dos moradores. Se não estou enganado li ou ouvi que o município tem uma dotação orçamentária anual conferida pelo governo alemão. Se é fato, acho que deveriam cortar esta ajuda pois o dinheiro não estará sendo bem empregado (encher bolso de malandro).
Parece que o virus chamado ganância está disseminado por todo o país.
E destruiu os valores caráter e honra.
Uma pena mesmo.
NOVA Petrópolis. VELHOS hábitos.
ResponderExcluir:D Fernandez
Fernandez,
ResponderExcluirSíntese irretocável.
Obrigado pela visita.
Gosto muito de Nova Petrópolis. Habitual visitante da Serra Gaúcha, sempre que posso dou uma passada por lá, além de recomendá-la a todos que me perguntam sobre destinos turísticos da região.
ResponderExcluirSobre a degradação política... Estive em Gramado entre 11 e 15 de abril. Pasmei... Pela primeira vez em vinte anos que a visito, o descaso impera. Ferragens do Natal Luz ainda maculam o belo lago Joaquina Rita Bier. Postes com lâmpadas queimadas deixam enormes trechos de ruas às escuras. Fosse no Rio, nem pensaria em sair à noite a pé...
O Brasil, na contramão do momento histórico propício como nunca para evoluir no cenário mundial, desce a ladeira, resultado de crescente desmando e impunidade.
=8-(
Carlos
Acabo de receber a revista VEJA, edição 2267, que circulará com a data de 2 de maio.
ResponderExcluirNela há uma entrevista com Andressa Mendonça, que vem a ser, há 9 meses, a esposa/companheira de Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro, como sabemos.
O que a entrevista tem ver com este post?
Vejam esta pérola, trecho de uma resposta: "Carlinhos não é qualquer preso.É Carlinhos Cachoeira. Quando ele fala em explodir, a gente pode imaginar o que seja. Quero que ele saia desta política nojenta".
Perceberam? Política NOJENTA.
Se ela, que está próxima dos políticos corruptos, diz que a política praticada pelo poder e poderosos é nojenta, não serei eu a duvidar.
Se ele explodir, como ela está prevendo, vai jogar no ventilador.
Isso se ele chegar a explodir... Mas há a possibilidade de explodirem ele antes.
ResponderExcluirPela primeira vez gostaria de ver um homem-bomba (metaforicamente falando, antes que me enquadrem!) no Brasil. Ia ser interessante ver neguinho no governo pulando que nem pipoca para escapar dos estilhaços!
ResponderExcluirMas já tô começando a achar que ele é que nem o Collor, com aquela pilha de pastas que seria um suposto dossiê contra o Lula... Só marketing...
Abraços
Carlos
PS: tô começando a achar melhor assinar Frederico... rs rs rs
Por que não Karl Friedrich ?
ResponderExcluirA ideia não é ruim, não, Ricardo. Ele morou na Alemanha.
ResponderExcluirE ai Carlos Frederico? Vai de Karl?
Não. Talvez faça um post com explicações a respeito.
ResponderExcluirAbraços
Freddy (?!)