12 de fevereiro de 2012

Há muito estado nos aeroportos privatizados

Guarulhos - Cumbica


É uma privatização com muito Estado essa dos aeroportos. No caso de Guarulhos, por exemplo, o grande vencedor foi o consórcio liderado pela Invepar, que tem mais de 80% do capital controlado por fundos de pensão de estatais. Além disso, o investimento será financiado pelo BNDES. E como a Infraero terá 49%, fará parte do pagamento do custo. Sairá de um bolso do governo para outro, portanto.



Essa privatização tem o mesmo defeito da dos tucanos:  Estado demais para garantir a entrada dos grupos privados. A vantagem, agora, é que há estrangeiros, mas os maiores, com conhecimento e capacidade de operação de aeroportos, ficaram de fora, ganhando os operadores médios.


Aeroporto de Brasilia
No caso de Brasília, o vencedor - Corporación América - opera aeroportos na Argentina, mas lá há histórico de baixo investimento. O grupo brasileiro que está com eles (Engevix), também ganhou o leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, mas não está conseguindo fazer o projeto de financiamento.


Aeroporto de Viracopos - torre
Já a empresa brasileira que ganhou o leilão de Viracopos - muito importante, cercado de empresas - foi a mesma que ganhou a rodovia dos trabalhadores, em São Paulo, mas não conseguiu levar adiante, por não ter apresentado garantias em 2008.



Há dúvidas, insegurança, mas ao mesmo tempo, esperanças de que, com a entrada do capital privado, comece a modernização dos aeroportos brasileiros.





Conversei com especialistas de logística e de aeroportos. Como os grupos se comprometeram com ágios muito altos, eles temem que possam faltar recursos para fazer a gestão, aumentar a eficiência.

Especialistas estão um pouco preocupados, portanto. Acham que são grupos que não têm experiência e massa crítica para assumir compromissos tão grandes. Os que têm mais ficaram com medo de chegar naqueles preços - fizeram ofertas altas, mas menores do que as vencedoras.

O PT, que demonizou as privatizações, agora fez uma. Há boas iniciativas, por exemplo, como a ideia de que os grupos terão de pagar parte a um fundo que investirá em aeroportos não rentáveis do país. Isso pode dar certo.

6 comentários:

  1. Eu não gosto de privatizações. Sou a favor do Estado presente. No entanto, a realidade me fez dar um passo atrás e admitir que o Estado não tem maneira de controlar seus próprios investimentos e gastos. A corrupção impera. Ou seja, apesar da ideia ser boa (a meu ver), na prática não funciona.
    Por outro lado, a iniciativa privada visa, em primeiro lugar, lucro. Se pra isso precisar prestar um bom serviço à população, que saco... terá de fazer.
    Agências reguladoras? Deixe-me rir! QUÁ QUÁ QUÁ!
    Uma sinuca, e é de bico.

    Infelizmente só tenho críticas a fazer aos dois lados, nenhuma boa ideia para ajudar.
    Abraço
    Carlos

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  2. Como recentemente escreveu meu amigo Castelar, "um bom gestor buscaria saber (como acabo de fazer) o sigificado da palavra "cumbica" e não projetaria um aeroporto num lugar que os nativos chamavam de 'nuvem baixa'".

    Eu já penso diferente da Carlos, com todas as venias. O Estado, que deve ser enxuto, pequeno, tem outro papel a representar.
    Abraços para os irmãos March - Paulo e Carlos - e demais ocasionais visitantes.

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  3. Só para não dizer que não falei de flores (licença poeta) vou dar um pitaco.
    Ao Estado deveria caber: elaborar leis (Legislativo); fiscalizar o fiel cumprimento delas (Executivo) e harmonizar ou decidir os conflitos entre cidadãos (Judiciário).
    Prover bens e serviços é coisa para a iniciativa privada.
    Abraço

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  4. Não gostaria de me estender na polêmica estatal/privada, Carrano. Política, futebol e religião são assuntos explosivos.

    No entanto não posso deixar de dizer que fui criado no seio de uma família onde pais e tios eram funcionários públicos honestos e orgulhosos de seu trabalho (IAPs da vida). Quando o cenário onde trabalhavam foi tomado de assalto na época dos militares, o orçamento existente cresceu aos olhos inescrupulosos de governantes. Criou-se INPS, INSS e afins, e então tudo ruiu.
    Pouco depois, eu já trabalhava na Embratel, houve a campanha de maledicência que relegou os funcionários públicos à chacota nacional. Os orçamentos sumiram, foram remanejados pra outras pastas, diz-se que não há mais dinheiro para aposentados nem para assistência médica.

    Com um executivo, legislativo e judiciário desses, meus caros, nem privatização nem estatização funcionam no Brasil. Deus meu!

    Abraço
    Carlos

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  5. A Miriam Leitão, em sua coluna n'O Globo, em duas edições, comenta com a propriedade habutual, esta qustão.
    Na edição do dia 7, na página 22, e no dia 12, na págia 42, ambas no Cadernio de Economia.
    Abraço

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  6. É o cachorro correndo atrás do rabo ... não vamos a lugar nenhum com a INFRAERO e a qualidade da gestão atual, em vários setores. Como tenho a felicidade de poder viajar e ver como funciona em outros países,fico com a certeza de que JAMAIS alcançaremos um nível razoável de qualidade nessa operação.O problema começou há 204 anos, e não tem solução.

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