Foi um choque quando Wanda me informou sobre a decretação da falência da Viação Itapemirim, em data de hoje.
Esta empresa que operava sob outro nome, tendo iniciado atividade com um velho ônibus "jardineira" ligando pequenas cidades do interior do Espírito Santo, foi fundada, quando a frota já era de 16 ônibus, com sede na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, em 1953.
Cresceu e se transformou em uma das maiores do ramo de transporte terrestre de passageiros e cargas no Brasil e na América Latina, estendendo mais tarde atividades para o mercado aéreo.
Um gigante deste porte não pode simplesmente fechar as portas e encerrar atividade. Impensável.
De longe, não sendo mais sequer usuário de sua frota, como fui durante muito tempo, correndo o risco de ser leviano, atribuo a falência da gigantesca empresa à morte de seu fundador, Camilo Cola, veterano de guerra que faleceu no ano passado aos 97 anos de idade.
Tive o "prazer" de levar um pito dele, pessoalmente, na sede da empresa. E resumo porque. A Itapemirim já era sólida e em franca expansão, quando Camilo Cola se aproximou politicamente de Roberto Silveira, jovem político que governava o Estado do Rio, que tinha ambições para voos mais altos na política nacional. E que chances tinha, exclamo.
Um acidente com um helicóptero interrompeu sua carreira e sua vida.
Deu-se que a causa da reprimenda foi o fato de alguns estudantes termos recebido, como cortesia, por conta da ligação do Camilo Cola com Roberto Silveira (o que dá nome a avenida em Icaraí) e o DER/RJ no governo deste, algumas passagens de Niterói para Cacheiro.
E nós, os estudantes beneficiados com a cortesia, não dormimos ... e nem os demais passageiros. Que reclamaram formalmente, com toda razão.
Nós passamos todo o tempo da viagem cantando, contando piadas numa algazarra infernal.
Porque era o representante da federação dos estudantes, beneficiária das passagens, fui chamado por ele, que deveria autorizar a liberação de nossa volta.
Fui a sede da Itapemirim, onde ele me passou a descompostura por não termos sabido nos comportar, provocando reclamações e queixas de outros passageiros. Mas liberou nossa volta de graça.
Quando me casei a família de Wanda e interferência de uma vizinha dele quando ele morava na Rua 25 de Março, em Cachoeiro de Itapemirim, conseguiram por empréstimo, por duas noites, a citada casa onde morou com dona Inez, sua esposa, e agora desocupada, casa esta onde dormiram alguns parentes meus que foram do Rio de Janeiro para meu matrimônio.
Roupas de cama e banho foram conseguidas por empréstimo da família de Wanda.
Camilo Cola e a empresa que fundou, e fez crescer, foram, de certo modo, figurantes na minha fase de namoro, noivado e casamento. Foi por conta da malsinada viagem que conheci minha mulher, consumando o início do namoro.
Sinto, de verdade, o falência da Viação Itapemirim, em cujos ônibus viajei (pagando - rsrsrs) por quatro anos período de namoro e noivado na cidade capixaba.
Aquela excursão do Liceu a Cachoeiro, em 1959, foi muito marcante para todos nós, liceístas.
ResponderExcluirNão sabia que tinha sido decretada a falência da Viação Itapemirim. Talvez os problemas tenham começado a ocorrer quando aventurou-se a ser compnhia aérea.
ResponderExcluirFoi mesmo Carlinhos.
Mais um caso de comportamento lamentável, principalmente no hotel.
Quanto atividade no setor aéreo, pode ser que a expansão para um setor difícil em termos de competição, com operações muito dispendiosas tenha sido o fator desencadeador.
Vide Panair do Brail e Varig, por exemplo.
Ah, a VARIG !!! A PANAIR, a VASP, a CRUZEIRO, a SADIA, a TRANSBRASIL, a WEBJET mais recente, etc..... isso somente no setor aéreo.
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ResponderExcluirNo caso específico do comentário do Carlinhos, é do setor aéreo que falamos mesmo.
Ele endende que a debacle da Viação Itapemirim teve início quando se aventuraram no setor de transporte aéreo.
Pode ser.
Desmoronamento de impérios, no mundo econômico, são mais ou menos comuns e por diferentes razões:
sucessão hereditária é uma delas.
Acompanhei de perto porque trabalhava lá, como os filhos do conde Matarazzo, contribuíram para a ruína do vasto império econômico.
Eles operavam em quase todos os ramos industriais e comerciais; tinham banco e hospital. Seria mais fácil enumerar onde não operavam do que os onde tinham atuação.
No caso da Itapemirim não descartaria esta razão no rol de outras causas.