Já estranhei, não estranho mais. Tendo estudado administração; marketing e vendas; publicidade e propaganda, aprendi uns princípios já testados e aprovados, que explicam o que poderia em princípio parecer ineficácia, falta de visão (tino) comercial
Por exemplo, na Rua da Conceição, em Niterói, existem seis (isto mesmo, meia dúzia) de óticas, lado a lado, na mesma calçada, na mesma quadra. Pensei em concorrência oportunística porque algumas delas veiculam bastante publicidade e quem anuncia menos, ou nada, tira uma casquinha do público atraído pela propaganda.
Na verdade a tradição acaba por consolidar uma vocação de tipo de comércio para um bairro ou mesmo apenas uma rua. Exemplo? Móveis e estofados na Rua Marechal Deodoro, também no Centro, em Niterói.
Os preços praticados se equivalem e o design das mercadorias expostas obedece a moda em voga. Então o que faz o cliente, consumidor, optar por uma ou outra loja? Atendimento, preço e forma de pagamento, frete incluído e entrega imediata.
No momento, de uns tempos a esta parte, vivemos a concentração de drogarias. Os preços são tabelados, em princípio, mas algumas concedem desconto fidelidade; e até laboratórios praticam preço diferenciado em remédios de uso contínuo. Você se cadastra, via CPF, e compra por preço inferior ao da tabela.
A vantagem para nós, consumidores, é saber que em determinada rua encontraremos mais diversidade de produtos, seja de modelos, seja de materiais utilizados. Assim ocorria em São Paulo, por exemplo, aquando lá morei. Sabia que se precisasse de lustres deveria subir e descer a Consolação.
Se precisava de eletrônicos não pestanejava, sabia que encontraria na Santa Efigênia. E encontrava mesmo.
No passado, em Niterói, quando o Rio de Janeiro era a capital federal, o comércio pouco se desenvolvia em face da concorrência direta. Todo mundo trabalhava no Rio de Janeiro e o comércio por lá era pujante. As primeiras filiais de lojas cariocas começaram a chegar a Niterói pouco a pouco.
Claro que o aumento da renda do niteroiense (de nascimento ou morador) aumentou, o que facilitou o desenvolvimento do comércio local, também impulsionado pela mudança da capital para Brasília.
Lembro que drogarias, para voltar a este tipo de comércio, nas décadas de 40 e 50, existiam duas na Rua da Conceição, e nenhuma nos bairros.
Salvo engano eram "Barcellos" e "Ponciano". Ficavam próximas e entre elas havia a "Esportiva", onde se comiam salgadinhos deliciosos (o camarão empanado era divino).
Quase defronte ficava a tradicionalíssima "Leiteria Brasil". Nos primórdios era legal tomar o chá com torradas "Petrópolis". Os boêmios, numa certa fase, tomavam o canja da madrugada antes de ir para casa.
Lamento muito os fechamentos do "Monteiro", da "Leiteria Brasil" e da "Gruta de Capri", todos ícones da cidade, que atenderam gerações.
Em compensação, voltando à narrativa, nos bairros tínhamos mais de uma quitanda e armazéns, que foram sufocados pelos supermercados, assim como os bem-te-vis fizeram com os pardais.
Lendas, algumas, e boas ideias outras, ouvi relatos sobre tirocínio comercial. Entre duas pequenas sapatarias havia uma loja fechada. Um investidor alugou o espaço para explorar o mesmo tipo de comércio. E o que bolou?
No alto, bem visível, mandou colocar uma placa com os dizeres: ENTRADA PRINCIPAL. 😀😀
Não faz muito tempo duas redes de drogarias tinham o mesmo apelo na propaganda. A "Drogaria do Povo" anunciava que era a mais popular. Já a "Drogaria Popular" anunciava que era a drogaria do povo.
ResponderExcluirNa rua São Pedro, também no Centro da cidade, outra meia dúzia de óticas.
Oferecem até exame oftalmológico gratuito.
Prezado amigo, vc acredita mesmo que não existe um acordo entre todas essas lojas que vendem o mesmo produto ? A receita é rateada.
ResponderExcluirOlha o modelo do IRB, de seguros. Ninguém perde tudo, todos perdem ou todos ganham, quando estão agrupados.
Talvez a exceção sejam as farmácias/drogarias.
A Venâncio está em expansão total no RJ. Acaba de inaugurar +1 grande loja em Campo Grande. Estão quase vendendo salgadinhos ! Jornaleiros também.
O "novo" ninguém conhece, como vai ser esse mercado pós pandemia ? Quem vai oferecer o que ?
Tô aki imaginando esse louco planeta daki a uns 20 anos ....... aderir ou retroceder à simplicidade, como a Kayla ?
ResponderExcluirRiva,
Seu comentário me remete a várias experiências e à lembranças, que são brasas adormecidas que você soprou.
Exemplo? Kayla. E a professora Rachel, que certamente viria em meu socorro quanto a crase acima usada antes de lembranças. Está abem empregada?
A questão que você suscita, que aqui reproduzo: "Prezado amigo, vc acredita mesmo que não existe um acordo entre todas essas lojas que vendem o mesmo produto ? A receita é rateada", permite-me várias abordagens.
Trabalhei por pouco mais de 10 anos na Cia. Fiat Lux, de Fósforos de Segurança, líder absoluta na vendas de fósforos, com 90% do mercado, por opção, para fugir da lei antitrust, controlada com algum rigor no passado.
Dizíamos à boca pequena que a maior concorrente, que seria a Cia. Brasileira de Fósforos (marca Ypiranga, por exemplo), consolidava seu balanço nos aposentos da rainha (o capital da Fiat Lux era basicamente inglês).
E o down trading? A Kopenhagen, por exemplo, tem a Cacau Brasil, que antes de ser concorrente, busca atingir classes econômicas mais baixas ("c" e "d").
No setor de comunicações, temos o Grupo Globo, como um dos exemplos, que a horas tantas lanço o "Extra", para quem não podia comprar "O Globo".
Na área de supermercados o Pão de Açúcar tem lojas mais simples, com a bandeira "Extra". coincidentemente como entre os jornais supracitados.
Estas políticas de grupo organizado (lobismo) nem sempre são possíveis ou dão certo. Lembro que há anos o setor atacadista da Rua do Acre (trabalhei pertinho no Largo de Santa Luzia), começou a perder espaço porque as redes de supermercados, que cresciam no país, compravam em maior escala e por isso obtinham preço diferenciado.
Um deles, de maior visão, propôs organizar um pool de compras, de sorte a que aumentando o volume de pedidos junto aos fabricantes/produtores, tivessem preços competitivos.
O total seria rateado na proporção do volume indicado por cada um dos atacadistas.
E foi aí que empacou a ideia. Todo mundo desconfiando de todo mundo, não queriam abrir, declinar, quanto compravam de arroz, para não dar munição ao concorrente. Melou a ideia.
Riva, para não me estender, comento que participei ativamente, de sindicatos patronais, como representante de empresas do setor: perfumaria/cosmética; medicamentos; siderurgia (deste último fui o representante no Vale do Paraíba).
No setor farmacêutica por vezes os interesse era antagônicos. Por isso os grandes laboratórios multinacionais tinham uma Associação (ABIFARMA).
Para aos nacionais a regulamentação dos similares e depois dos genéricos era interessante.
Nos sindicatos patronais a atuação era realmente em bloco na área de recursos humanos, por exemplo, para fazer frente à CUT muito atuante nos anos 80 e 90.
As drogarias, mencionadas por você, partiram para o modelo das drugstores americanas, diversificando produtos vendidos.
Há uma linha de medicamentos, por exemplo, denominados OTC (out the counter), que não necessitam de receita médica, pois são considerados não éticos, que pode ser vendidos sem controle.
Fico por aqui.
Como será tudo isso daqui a uns 20 ou 30 anos ? Onde a tecnologia vai nos levar, no dia a dia ?
ResponderExcluirUma coisa é certa, os políticos vão continuar os mesmos, porque seus eleitores serão os mesmos ... ou não serão ?
Pensando no "retorno à simplicidade" .... sua/nossa cozinha, por exemplo .... dá pra economizar energia abrindo mão do freezer, do micro-ondas, da máquina de lavar louças, da torneira de água quente, do filtro de água elétrico ?