22 de fevereiro de 2021

Casos e personagens

 


Há muito tempo li, com vivo interesse, um livro do Aldir Blanc, intitulado "Rua dos artistas e arredores". Foi publicado em 1978. Salvo engano tem uma edição mais recente.

Bem, a citada rua fica em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. E Aldir Blanc, era psiquiatra, abandonou a carreira médica e se consagrou como cronista e letrista. 

O livro "Rua do artistas e arredores" é uma compilação de crônicas publicadas em órgãos de imprensa, em especial "O Pasquim".

Para você aliar o nome a sua obra, cito as seguintes músicas de autoria do Aldir que você certamente conhece: "Dois pra lá, dois pra cá";  "Kid Cavaquinho", "Mestre sala dos mares"; "O bêbado e a equilibrista"; "De frente pro crime"; e dezenas de outras quase todas sucesso absoluto.

Em parceria com João Bosco e muitos outros igualmente festejados compositores.

Como apaixonado vascaíno é coautor do livro "Vasco - a cruz do bacalhau".

E agora a explicação para este post que parecia ser sobre Aldir Blanc, não é?

Noutro dia publiquei postagem sobre "melhores amigos" e, claro, lembrei-me de casos curiosos, bizarros, patéticos e engraçados  ocorridos com eles, ou comigo junto a alguns deles.

Então aqui e agora o que faço é uma associação de ideias, tendo em vista que o livro sobre a "Rua dos Artistas", onde Aldir viveu até seus 11 anos de idade ou algo assim, reúne uma coletânea de histórias ocorridas com amigos  e vizinhos que ele teve no bairro e na rua supramencionados.

Vou contar, por exemplo, que num determinado período de férias, com muitos dos outros meninos em viagem com a família, resolvi comprar umas duas folha de papel de seda e fabricar, para venda, cafifas. O bambu era fácil de obter e a técnica de afinar as varetas deixando-as um pouco flexíveis mais ainda resistentes, eu dominava.

A grande referência na "fabricação" de cafifas era um rapaz mais velho, de nome Nininho. Sua cafifas eram apelidadas de "estilões", seja pelo formato, fosse pela criteriosa escolha das cores (algumas forrações remetiam a clubes, como a cruz de Cristo) e sobretudo porque pairavam e esvoaçavam leves e obedientes aos "dibiques".

Nininho as vendia caras e nem todo mundo podia comprar. Quando decidi ingressar neste mercado optei por vender a preço baixo, mas de sorte a recuperar numa venda o custo do papel acetinado (fino) que comprara.

A primeira foi vendida para o Carlos Alberto, filho de Apolínea, amiga de minha mãe. Ele tinha dinheiro e era meio desajeitado para brincadeiras (bola de gude, peão, cafifa, etc.)

Tão logo ele empinou a cafifa (assim era chamada em Niterói a pipa dos cariocas, a pandorga dos gaúchos, etc), uma outra, controlada desde a Vila Pereira Carneiro, com linha impregnada de cerol, veio e "torou" a  do Carlos Alberto.

Ora, pipa (cafifa) voando ao sabor do vento com linha cortada não tem dono. Naquele momento eu era o mais alto dos meninos ali nas bordas do Morro da Penha e, por consequência, consegui pega-la em pleno ar, antes dos demais baixinhos que correram na esperança de paga-la.

Qual é o lado pitoresco, inusitado, desta história? É que vendi de novo a mesma cafifa para o Carlos Alberto. Sem desconto, pelo mesmo preço que ele pagara.

A rabiola e o cabresto foram feitos por ele mesmo e não eram valores agregados por mim.

Vendi a mesma cafifa, duas vezes para a mesma pessoa. As regras então vigentes permitiam. Tanto que não houve reclamação.

Outras histórias, reais, vividas com alguns amigos, serão publicadas na sequência, tais como as acontecidas em viagens à ilha de Marambaia e Cachoeiro de Itapemirim, onde disputei uma partida de futebol com uma touca (episódio narrado no livro "Lembranças do meu Liceu", às folhas 93, onde o autor - Carlos Augusto Lopes Filho - chama de gorro a ridícula touca.

E os malfeitos (peraltices) nas festinhas em casas de amigas, como exemplo: esconder o aparelho de barbear que estava no armário do banheiro, imaginando no dia seguinte a irá do dono da casa.

Ou abrir parte do rolo de papel higiênico, espremer espalhando o creme de barbear e o creme dental e ir enrolando de novo o papel, que virava um rocambole.

Voltarei ao tema, isto é uma ameaça.

5 comentários:

  1. Mas que a touca era ridícula, isso era... não estou nem falanfo da qualidade do futebol de quem a usou...

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  2. Quem a usava era seu companheiro no segundo time da equipe de futebol-de-salão do Liceu Nilo Peçanha.

    E olha que eu nem era o dono da bola ...

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    1. Pra você ver como eu reconhecia minhas limitações. Mesmo sendo o diretor de futebol e o técnico, eu me escalei no segundo time e não no primeiro...

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  3. Boas e gostosas lembranças !

    Meu irmão Freddy era um aficcionado das cafifas sem rabo - piões, morcegos e arraias.

    Os estilões, que eram cafifas com um rabo enorme estiloso, eram muito lerdos e geralmente presas fáceis para os "sem rabo", que geralmente os atacavam exatamente no rabo grande/longo e estiloso.

    Faz total sentido, não é ? Rabos .....grandes ..... e os cortavam e aparavam pelo rabo, o que significava que traziam a presa abatida (que vinha rodando loucamente) até a mão do vencedor da "tora". Parece até uma descrição de ato sexual ! kkkkkkk

    Freddy também era especialista na confecção das sua cafifas, mas não era como o Blog Manager, que auferia lucros não só com a confecção quanto com a captura dos que "voavam".

    Freddy escolhia a qualidade do bambu a ser afinado como varetas, usava alguma cola especial leve para não deixar a cafifa pesada, tinha também algum truque de engenheiro para fazer o cabresto ideal - eu nunca soube fazer essa medida perfeita, que dava realmente mais agilidade às cafifas.

    Enfim, era uma arte além de um esporte interessante e prazeiroso - não pra mim, que sempre estava jogando bola em algum ou qualquer lugar. Bastava ter a bola e 4 pedras pra marcar o gol.

    Prezados clientes do Pub da Berê, ando pensando em escrever algo sobre os MOTOBOYS.

    Sim, aqueles caras odiados por muitos ... antes da pandemia.
    Hoje são propulsores da economia com seus deliveries, em suas jornadas heróicas embaixo de sol e chuva.

    O que seria de nós sem esses caras ?

    PS1: e o Vasco foi-se mesmo .... teremos um campeonato carioca com 2 dos grandes na Série B, e pior, um Brasileiro sem Vasco e Botafogo na série A. E tem gente feliz com saporra !

    PS2: uma vergonha a expulsão no jogo Fla x Inter. E outro crápula desses também operou o meu FLU sem anestesia contra o Santos.

    PS3: vem aí uma NOVA PETROBRÁS

    PS4: voltamos de Friburgo ontem à tarde, mas retornaremos em breve para mais uma temporada.







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  4. Primeiro Carlinhos:

    Protecionismo explícito, agora confessado.

    Como era um dublê de diretor e técnico se escalava no segundo time, quando seu futebol era de série "D".
    Quá quá quá quá quá

    Agora o Riva:
    O cabresto tem técnica para ficar perfeito, vou te ensinar.
    Colocada a linha no sentido vertical, desde a extremidade inferior da vareta, até a junção da mesma com a vareta transversal superior; coloque a linha que deverá ser presa no encontro da segunda vareta horizontal (curva, em arco) e que irá se encontrar com a linha maior no sentido vertical. Agora o segredo: o cumprimento das linhas, perfeito, será aquele resultante do encontro das duas linhas na extremidade (direita ou esquerda) da vareta superior. Neste encontro das linhas, na altura da extremidade da vareta, você as une com um nó. Pronto. Claro, una apenas as linhas.

    De coisas infantis, exceção a fabricação de balões, sei tudo.

    E tem mais, na bola-de-gude, desafio ainda hoje, aos oitenta, qualquer molecote para ganhar de mim, seja na búrica, seja no beú.

    Tenho dito.

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