22 de novembro de 2020

Os goleiros

               


           J
orge Carrano

                Carioca, do Andaraí, octogenário, vascaíno.


Durante anos ser goleiro era estigma, pelo menos nas nossas peladas. Quem tinha pouca habilidade para jogar com os pés inevitavelmente ia parar no gol.

A não ser que fosse o dono da bola. Logo, era uma função de excluídos.

Importávamos goleiros até do Paraguai, país tido e havido como “vendedor de muambas”.

Os casos mais notórios, num certo período, foram os de Garcia e Victor Gonzáles, que jogaram, respectivamente, no Flamengo e no Fluminense.

É bem verdade que o Botafogo ainda tem um paraguaio – Gatito Fernández - mas é exceção a regra.

Argentinos foram muitos os que jogaram em equipes nacionais, como por exemplo Chamorro,  no Flamengo e Andrada, no Vasco. Este último entrou para a história menos por seus méritos (e eram muitos), mas pelo fato de ter tomado o milésimo gol de Pelé.

Lembro de um uruguaio, bigodudo, que jogou no Santos: Rodolfo Rodríguez. E de um chileno, que protagonizou uma bizarra e dramática encenação, simulando haver sido atingido por um sinalizador, ao tempo em que defendia a seleção chilena. Chama-se Augustín Cejas, e o fato lhe custou o banimento do futebol.

Hoje, no dizer de Dadá Maravilha, a posição de goleiro é uma “profissão”, como é a de centroavante goleador.

Estamos exportando talentos, que se destacam em clubes da primeira linha europeia, como por exemplo Alisson, no Liverpool e Ederson, no Manchester City, ambos, claro, na Inglaterra e Neto, atualmente no Real Madrid, na Espanha. Mas estão por lá vários outros.

Os goleiros atualmente além dos predicados clássicos, tipo elasticidade e impulsão (que permitiam que baixinhos jogassem no gol) e senso de colocação, precisam ter alguma habilidade com os pés.

A estatura, como não poderia deixar de ser, também passou a ser importante, posto que nas bolas cruzadas na área, principalmente nos escanteios, zagueiros do adversário, geralmente altos, sobem tentando o cabeceio. Sem falar dos centroavantes de boa altura, envergadura  e impulsão.

Antes destes goleiros tipo exportação tivemos bons e sortudos goleiros em atividade aqui. A sorte sempre foi fator que chamava a atenção, tanto assim que criaram o apelido de leiteiro para os guarda-metas que contavam com as traves e bolas raspando sem entrar.

O goleiro Carlos Castilho, ídolo do confrade Riva, era um destes sortudos e alvo do apelido de leiteiro.*

Alias que o tricolor carioca tem tradição de grandes goleiros. Tanto que dois deles, ao mesmo tempo, foram convocados para a seleção brasileira: o já citado Castilho e Veludo, considerado por muitos melhor do que o titular.

Bem, os goleiros agora têm mais status, existem até estirpes - tradições familiares - como comprovam o Alisson e o Muriel irmãos, que jogam no Liverpool da Inglaterra e no Fluminense; pai e filho, como Gato e Gatito Fernández (ora no Botafogo) e Kasper Schmeichel, atualmente no Leicester, da Inglaterra, que é filho do festejado Peter Schmeichel, que jogou no Manchester United também da Inglaterra.


*Não sei a razão, não vejo relação entre a profissão de leiteiro e a sorte do goleiro. Alguém sabe?

 

http://memoria.bn.br/pdf/182664/per182664_1955_00905.pdf

8 comentários:


  1. Não citei o Diego Alves, ora no Flamengo, entre os que se destacaram na Europa. Este deixou uma marca na Espanha: maior pegador de pênaltis.

    Não mencionai também p Gomes, que jogou em grane equipes inglesas. Acho que ainda anda por lá.

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  2. Carrano, o goleiro chileno que simulou ter sido atingido por um sinalizador não foi o Rojas?

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  3. Verdade, Carlinhos, o simulador chileno chama-se Roberto Rojas. Augustin Cejas é argentino e jogou no Santo. Obrigado.

    Já que você está na linha e é botafoguense, explica se o episodio do Saldanha correndo atrás do Manga e atirando nele é mera fantasia, folclore, lenda ou foi real.

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    1. Acho que foi verdade, Carrano. O Saldanha teria invadido a concentração da seleção, armado, procurando pelo Manga, a quem acusava de ter recebido dinheiro para "facilitar" um jogo... a imprensa publicou, na época, mas não lembro de detalhes...

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  4. Desculpem, os erros de grafia nos comentários. O clube se chama Santos.

    E o Gomes jogou em grandes (foi mais de uma) equipes inglesas.

    Estou às turras com o teclado.

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  5. Riva rumo ao Z422/11/2020, 13:08

    Gomes vive em Portugal há muito tempo, e essa semana houve um episódio policial com a esposa dele, que foi ameaçada por um gajo, acho que numa loja ou restaurante. As coisas estão estranhas por lá com os brazucas.

    Recentemente vimos alguns goleiros entregarem a paçoca. Courtoi no jogo Belgica x Dinamarca, Hugo Daquele Time do Mal contra o São Paulo, e o do Barça que não sei escrever o nome, no jogo de ontem contra o ATlético de Madrid, proporcionando ao Simeone a 1ª vitória na sua carreira de treinador contra o rival.

    O maior, o melhor de todos os meus tempos : Sepp Meier.

    FLUi

    PS: vivo reclamando da mediocridade dos times brasileiros nesse estranho 2020, um campeonato sem torcida, o que encoraja treineiros a fazerem suas merdas. Quantos já perderam os empregos .... Mas o que queria pontuar é que também lá fora os times estão estranhamente mais fracos, principalmente Real, Barça, Chelsea, City, Liverpool, Juve ...

    Covid derrubando tudo no futebol !

    PS2: esse campeonato não deveria continuar. Parece um versão futurista do Coliseu, homens x homens x vírus, com altas análises dos dirigentes e imprensa escrota. Danem-se as mortes e contágios. ARENA !! Tudo pela $$$$$

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  6. A atuação do goleiro Lucão, do Vasco, no jogo de hoje, deixou clara a importância do goleiro ter habilidade com os pés.

    Seis vezes ao repor bola em jogo, com tiro de meta ou chutão, jogou a bola pela linha lateral.

    Mas ele tem futuro: é calmo, tem boa envergadura e sai bem da meta.

    Poderá ser um novo Helton um dos melhores senão o melhor goleiro que o Vasco já teve.

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  7. Acessos hoje, até 21 horas: 642.

    Recorde do blog.

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