1 de maio de 2020

Trabalhando no feriado


Em condições normais de sujeição ao calendário gregoriano, promulgado pelo Papa Gregório XIII, em 24 de fevereiro de 1582, através da bula "Intergravissimas", e que substituiu o (calendário) juliano, implantado por Julio César  no ano 46 a.C., deveria estar contente por poder desfrutar de um final de semana prolongado.

Afinal neste 1º de maio de 2020, uma sexta-feira, é comemorado o Dia do Trabalho, que por um destes paradoxos é considerado feriado em muitos países mundo a fora. 


No Brasil, neste dia, Getúlio Vargas utilizava como palco o Estádio de São Januário, único capaz, na época, de abrigar a multidão que comparecia ao evento, para ouvir e saldar o "pai dos trabalhadores" .

O vídeo a seguir, de 1951, é um registro de um destes encontros do presidente com o povo que o elegeu. (clique sobre a imagem).


Vargas já havia comandado os destinos do Brasil, por um período de 15 anos (1930-1945), na qualidade de ditador. Agora presidente eleito, em 1950,  pelo voto popular, Getúlio Vargas era cantado em prosa e verso, como na marchinha a seguir que os mais novos há mais tempo devem recordar:
"Bota o retrato do velho outra vez,
bota no mesmo lugar,
o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar".

Pois muito bem, ao contrário do que ocorreria normalmente, antes da Covid-19, estou condenado a ficar em casa. 

E pior (ou não) trabalhando.

Ontem à noite uma cliente antiga e idosa telefonou aflita e angustiada pedindo ajuda emergencial. Seu filho, submetido a tratamento decorrente de distúrbios mentais extrapolou todos os limites e está causando problemas graves de natureza financeira.

Destituído de senso comum, gasta de forma descontrolada e prodigalidade clara, em restaurantes e lazeres de toda ordem e ela acaba tendo que assumir os gastos, que ultimamente atingiram patamare absurdos.

Com muita dificuldade de controlar sua emoção fez um breve relato dos últimos acontecimentos, suficientes para que eu, que conheço o personagem em questão pessoalmente,  atentasse para a gravidade e, sim, a urgência de providências.

Ora, quem pede socorro a advogado espera dele providências jurídicas. Mas estamos vivendo um momento de exceção, com Fórum fechado e suspensão de prazos e audiências.

A natureza do processo por si demorado porque delicado exige exames multidisciplinares através de profissionais que são nomeados pelo magistrado e até mesmo uma entrevista com o interditando.

Mencionei providências de caráter legal sem citar qual seria no caso em questão. Seria a interdição judicial, que nunca foi um processo simples e que agora, com a existência do EPD (Estatudo da Pessoa Deficiente) tonou-se mais complexo.

Você, leigo, ouviu e/ou leu sobre a existência de plantão do judiciário. Sim é verdade, mas o caso sob análise apenas tangencia a hipótese de busca desta alterativa.

Assim, no dia do trabalho, quando deveria estar descansando, ouvindo meus CDs de jazz, depois do almoço caprichado com a assinatura de minha companheira, fiel escudeira há 5 anos, ao contrário estou fazendo pesquisa, buscando jurisprudência e também doutrina, porque minha experiência neste tipo de processo judicial, situado fora de minha atuação tradicional e limitada a não mais do que meia dúzia de casos, anteriores a vigência do EPD, não me dão a segurança necessária para bem desempenhar o papel que a cliente espera de mim.

Os mais questionadores dirão: se você está com esta aflição, preocupação e pouco tempo, por que perde boa parte dele escrevendo esta postagem?

Parabéns pela acuidade, pela perspicácia e agudeza de observação, mas precisava deste desabafo como derivativo.

Precisava "esfriar" a cabeça.

Obrigado por sua atenção.

2 comentários:


  1. Segunda-feira, dia 4, tentarei dar início ao processo judicial, se a cliente conseguir alguns documentos básicos para instruir a inicial.

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  2. São Januário, sede do clube que nunca discriminou, nunca teve preconceito de qualquer ordem, sediou também comício comemorativo da libertação de Luis Carlos Prestes, líder do PCB.

    Ler em:

    https://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2020/04/estadio-sao-januario-historia-1-de-maio/


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