Por
RIVA
Quando ainda estudante da UFF em Engenharia Civil, trabalhava em Niterói, onde resido. Comecei cedo, em 1972, e durante 4 anos atuei em estágios sempre ligados à construção civil. Nada mais objetivo do que “cair” num canteiro de obras desde cedo. Foi o que fiz.
Assim que me formei,
em 1976, comecei a trabalhar no Rio de Janeiro, e por lá estou até hoje. E aí
reside o objeto desse post.
Durante 18 anos
trabalhei numa empresa na Rio-Petrópolis, com obras pelo Rio e algumas em outros
municípios. Isso me afastou do convívio com meus amigos do Pé Pequeno e da
universidade. A construção civil, nesse aspecto, te envolve de uma maneira que
pouco sobra para a vida social.
Alie-se o fato de que
durante muitos anos os canteiros de obra trabalhavam aos sábados até o
meio-dia, nasceram meus filhos, faleceram nossos pais, enfim, tudo conspirou
para o nosso círculo de amizades ficar bem restrito. Aquela galera toda mesmo,
essa não via mais.
Então, em 1996, fui
convidado para trabalhar no Citibank como “Building Manager”, tipo síndico
profissional. E passei a ir e vir pela Barca Rio-Niterói, que não frequentava
há quase 20 anos.
Qual não foi a minha
alegria em reencontrar dezenas de velhas amizades, pessoas queridas que não
conseguia contato há muito tempo. E assim foi até mais ou menos 2015.
Barca Rio-Niterói |
Mas … o tempo passou.
E com ele começaram a vir as ausências na Barca Rio-Niterói. Vieram as
aposentadorias da galera, sem falar “naquela aposentadoria eterna” …
E qual Collor, fico
pensando : “Não me deixem só” !
No busão e nos
catamarãs convivo hoje com pessoas 30 anos mais jovens do que eu. É a maioria
esmagadora dos passageiros na travessia.
Me restam meus livros
e o Netflix, quietinho no meu canto.
Catamarã Rio- Niterói |
Tenho a impressão que
devo ser “o último dos moicanos” da galera do Pé Pequeno e da faculdade. Não
vejo mais ninguém dessas turmas no meu ir e vir do trabalho, para um bom papo,
relembrar estórias ; e realmente pelos contatos individuais e de grupo pelo
WhatsApp, todos já pararam de trabalhar, com boas aposentadorias.
Não tenho Previdência
Privada. Quando surgiu esse produto no mercado, era absurdamente caro para as
minhas necessidades. Já a maioria da galera que conheço teve esse benefício nas
empresas onde atuaram.
Me vem à mente o
Velho March com toda a sua sabedoria … antes do meu vestibular para Engenharia
( que fiz pra sacanear a Matriarca), me falou que conseguia me colocar no Banco
do Brasil, e eu nunca vou esquecer do que falei :
-“Tá maluco, pai !
Banco do Brasil ? Vou ser engenheiro.”
Quem entrou no BB
naquela época, se aposentou com valores integrais. Tenho dois amigos nessas
condições extremamente favoráveis.
Dançou, Riva !! Vais
ralar até o último dos seus dias !
Em compensação, tem o
famoso SE ….
SE tivesse ingressado
no BB, que vida teria construído ?
Qual teria sido a
minha trajetória ?
#daseriesimplesassim
Mas fica o registro
desse detalhe, que deve acontecer com muitos da minha geração.
ResponderExcluirRiva,
Não choro leite derramado. E olha que derramei muito.
Amigos, muito queridos mesmo, irmãos, perdi dois nos últimos anos.
Ouço muito as pessoas que se apresentam ou são consideradas letradas, dizerem que coincidências não existem.
Caramba, então não existo poque minha vida foi construída sobre coincidências.
ResponderExcluirLi uma frase atribuída ao rei Eduardo VIII, famoso Duque de Windsor, renunciante ao trono britânico que:
"Não lamento nada e, se tivesse que escolher de novo, tomaria o mesmo caminho, o do amor e da liberdade."
Vale ressaltar que ele renunciou ao reinado, único caso na monarquia britânica, por amor.
Seu sobrinho-bisneto - Harry - também por amor pretende se desligar da coroa e buscar vida independente.
Às vezes eu me sinto um peixe fora d'água no catamarã (e fora dele), mesmo tendo a faixa etária dos demais... Acho que idade é apenas um dos fatores que nos diferencia dos outros, mas entendo o sentimento, pois levei um baque nesse sentido num show do Maroon Five rs.
ResponderExcluirÀs vezes penso que poderia ter feito outras escolhas na época que resolvi cursar publicidade, que meu futuro hoje seria em outro país... Mas ao mesmo tempo me vem outro pensamento de que não tinha como ter sido diferente. It is what it is. E se eu fizesse diferente, não necessariamente teria sido uma boa escolha (lembrei do filme "Efeito Borboleta", não sei se já viu).
O importante é trilhar um caminho diferente (caso estejamos insatisfeitos) a partir do agora, que é o que a gente tem. Como o Harry e Meghan, segundo o comentário do Carrano, casal que considero uma grande inspiração, pois imagino como não deve ser a pressão de uma Realeza. Para mim, seria insuportável.
Bjos!
Creio que a vida é um ciclo. Nascemos num pequeno círculo, que vamos ampliando com o passar do tempo. A a escola, o trabalho, os grupos de interesse nós agregam pessoas que seguem por algum tempo ao nosso lado.
ResponderExcluirPorém, caminhos se afastam, interesses mudam e acabamos reduzidos a um amigo já senil e familiares fiéis.
Iniciamos com a família, é com ela terminamos.
Para eliminar o caráter nostálgico, temos a Internet e a comunicação rápida e efêmera.
C'est la vie.
ResponderExcluirAos 80 anos, a serem completados agora em abril, dou-me conta de que sua observação está correta, Maria Cecília.
Além do dois amigos mencionados, cujos nomes não foram citados no primeiro comentário - Bazhuni e Castelar - perdi ostros igualmente estimados.
E nem sempre por óbito, senão também por trilharmos caminhos diferentes em nossas jornadas, a partir de certo ponto.
Caso, por exemplo, do Doraly, que constituiu uma bonita família no Espírito Santo.
Hoje temos os grupos do WhatsApp, bons por nos manter conectados à família e amigos, e ruim porque torna todos visitantes virtuais, cada vez mais.
ResponderExcluirAinda lutamos para alguns raros encontros dos grupos - tenho dois, do Ginásio e do Futebol - e como disse a Maria Cecília, temos a família (também um pouco espalhada) e alguns amigos da cidade, que encontramos nas ruas e/ou alguma visita na nossa casa ou na deles.
Meu post foi focado principalmente nesse meu ir e vir ao Rio de Janeiro, que durante quase 20 anos foi pela Ponte de carro, isolado dentro dos canteiros de obras, e depois a redescoberta da travessia Rio-Niterói, reencontrando muita gente. Mas agora, não vejo praticamente mais ninguém nessas travessias diárias.
Ontem tivemos um desses momentos maravilhosos com a família minha e do Freddy, comemorando os 41 anos do nosso primogênito.
C'est la vie !
ResponderExcluirNão quis me alongar no comentário e por isso não expliquei que, penso que suas idas e vindas, seu objetivo de estabilidade, e seu apreço pela família, são responsáveis pelo citado isolamento.
Em compensação, viveu experiências e aventuras pelas estradas da vida, conheceu lugares que lhe atraíram e hoje, nos instrui e diverte com relatos meticulosos e emotivos.
Não se preocupe com isso. Na verdade você um vencedor. Apenas os que mais se elevam emocionalmente, sentem essa ausência de companheiros. Além disso, tem curiosidade e disposição para se atualizar e participar do mundo digital. Nova forma de relacionamento.
Seus confrades, possivelmente, estão de pijamas, olhando a vida pela janela.
Coast lá vie... em rose.
Caramba, Maria Cecília .... vc é psicóloga também ? A MV é ... rsrsrsrs.
ResponderExcluirSim, acho que vc deve ter razão, esse foco em principalmente apreço pela família, trabalhar e trabalhar buscando estabilidade, realmente provocou um círculo social menor, menos incursões e excursões.
Apesar de conhecer muitas pessoas, e buscar o contato hoje nas mídias, o dia a dia no ir e vir é relevante pra mim, e percebo o que descrevi ... onde estão ? De pijamas olhando pela janela ?
Um ponto interessante que gostaria de registrar ... tenho e temos enorme amizade pelos amigos dos nossos filhos, e não são poucos. Apesar de ainda me chamarem de "tio", é impressionante a identificação e aproximação que tenho com todos por causa da música e do esporte.
Fui treinador deles em futebol por uns 10 anos, continuo com minha guitarra e meu piano e curtindo rock e MPB como eles, e isso provoca uma sinergia especial nos nossos encontros, muito gratificante.
Meu saudoso irmão Freddy percebia demais isso em mim, e sempre disse que tenho "Complexo de Peter Pan". Acho que sim .... rsrsrs....não sei o que vou ser quando crescer.
Fenx, Maria Cecília, adorei seu comentário.