26 de agosto de 2019

Dúvida e certeza, segundo ato


Se você está pensando "lá vem esse chato - de novo - falar de fé, religião, Deus e o Diabo na terra do sol (Glauber?)", está com o pressentimento certo. Se não agrada vire a página, siga navegando.

Muita agente, fora do meio familiar, acha que me chamo Jorge em homenagem ao santo guerreiro.

Ledo engano. Mas tem fundamento este engano. Afinal nasci em 21 de abril e a data comemorativa do santo é o dia 23.

E minha fé neste santo, ou entidade (Ogum), só reforça este pensamento.

Mas a história é mais comum ... e romântica.

Minha mãe, aos 11 ou 12 anos de idade circunstancialmente virou babá do primeiro filho de sua irmã mais velha. O nome deste sobrinho era Jorge.

Como ela - criança - na década de 30 do século passado,  acabou se achando mãezinha do menino, colocou na cabeça que se tivesse filho homem iria se chamar Jorge,


Então chamam-me Jorge (e não Trinity), por causa de meu primo mais velho, filho de minha tia mais velha.

Isto posto, é bem de ver que se minha mãe consumou o que planejara, contou com a aprovação irrestrita de meu pai - no caso por razões de crença religiosa - porque, sendo umbandista, tinha muita fé em Ogum, que no sincretismo corresponde ao santo que abateu o dragão (que simboliza a tirania).

Vai daí que desde tenra idade ouvi minha mãe recomendar "São Jorge te acompanhe e guarde", sempre que ia para a escola, ia ao armazém da esquina fazer uma compra, ou ia ao cinema Rio Branco, perto de casa.

Aos 13 anos, quando mudamos para um apartamento e passei a ter meu próprio quarto, ganhei dela uma imagem, em gesso, que tenho até hoje, agora no escritório sobre  a estante de livros jurídicos, velando por mim.

Seria um idiota se não confiasse em minha mãe, porque ninguém no mundo quer mais ao filho do que sua mãe. Se ela pedia e confiava que eu estaria protegido pelo santo, não seria eu a duvidar da intuição, fé e desejo dela.

Esta é a origem da escolha do meu nome e a explicação - irracional? -  de minha fé.

Para quem saiu ileso e imune de situações de risco, até de morte, esta fé/proteção ajuda a explicar o que muita gente chamaria de sorte.

Piadistas dirão que só quem morre de véspera é o peru de Natal. Posso até achar graça no chiste, mas compadecido  de sua ignorância, mesmo sendo um autodenominado filósofo.

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