Era?
Levei anos para saber. Enquanto isso, neste período de
ignorância de que éramos felizes ou tínhamos alguns motivos para sermos felizes,
vivi, ri, comemorei, vibrei e sofri com as seguintes coisas hoje proibidas,
reprimidas, sancionadas:
Empinei muita pipa, por vezes com cerol na linha, mas jamais causei
algum dano físico a quem quer que seja. Morava nas fraldas do Morro da Penha,
na Ponta D’Areia, na Rua São Diogo.
Perdi certamente mais do que lucrei, material ou emocionalmente, nas toradas com uso do cerol.
Perdi certamente mais do que lucrei, material ou emocionalmente, nas toradas com uso do cerol.
Hoje se você usar, fizer, vender ou até mesmo guardar em
casa, está cometendo um delito.
“Balãozinho chinês” acho que cheguei a soltar alguns poucos,
poucos mesmo, eis que o dinheiro era curto para tal diversão.
Assisti ao lançamento de balões, multicoloridos e adornados
com muitas lanternas. Alguns levavam rojões que espocavam no ar.
Hoje tenho consciência de que podem causar prejuízos, danos a
terceiros e ao meio ambiente. Sem falar da possibilidade de por em risco
aeronaves.
Nunca soube, não sei se porque era criança ou porque não
aconteciam mesmo, de desastres provocados por balões ou ferimentos em terceiros
(outras crianças) por causa do cerol.
Estamos na década de 1940 e na primeira metade da seguinte, de
1950. Ou seja, até meus 13 anos de idade (1953), quando a família mudou para
apartamento longe do morro e da pracinha depois construída entre as ruas São
Diogo e Santa Clara.
A vítima do cerol era eu mesmo. Meu dedo indicador ficava cortada numa falange quando empinava a cafifa, ou tinha que recolher a linha.
A vítima do cerol era eu mesmo. Meu dedo indicador ficava cortada numa falange quando empinava a cafifa, ou tinha que recolher a linha.
E as piadas com os portugueses como personagens? Que delícia
que eram. Mesmo tendo avó e tios portugueses, nem de longe me ocorria estar
ofendendo, mangando, constrangendo ou ridicularizando os patrícios, parentes ou
não.
Anões, fanhos, gagos, veados protagonizavam ótimas piadas,
criativas, inteligentes, muito engraçadas até hoje. Lembram desta abaixo?
“Manoel chega ofegante,
suado, e indagado pela Maria sobre o fato, responde que aquele seu estado era
fruto de ter voltado para casa a pé, correndo atrás do bonde.
Diz Maria: não fostes
inteligente. Se vinhas correndo atrás de um táxi economizarias muito mais, ó
pá.”
E os apelidos? Alguns eram tão adequados, tão criativos, que
até mesmo parentes adotavam par se referir ou chamar o dito cujo. Como era o
caso de um baixinho, apelidado de “pouca sombra”. Ou da vizinha opulenta, esta
chamada à boca pequena de “rolha de poço”.
Bocage |
No futebol a alegria do gol era manifestada no ato em que a
bola transpunha a chamada linha fatal.
Jorge Cury bradando a plenos pulmões: Goooooooool !!! Gol do Vasco, Ademir!
Jorge Cury bradando a plenos pulmões: Goooooooool !!! Gol do Vasco, Ademir!
Agora há que esperar, até cinco minutos, como aconteceu no jogo
Flamengo X Corinthians, para ser validado um gol. A dúvida era simples: estava
ou não em impedimento?
No passado, na tal época que aqui e agora enalteço, esta questão
seria objeto de novas discussões, dúvidas, gozações, raivas e ficava por isso
mesmo, porque numa próxima partida o eventualmente prejudicado era favorecido
por um erro involuntário do árbitro.
Neste lance especifico nem no videotape seria possível dirimir a dúvida. Tal a dificuldade pata o
olho humano enxergar com clareza a movimentação dos jogadores e da bola.
Ou seja, não estou fazendo apologia do politicamente
incorreto, das injustiças que por ventura ocorriam, isto porque jamais teríamos
a certeza quanto a marcação, sem este malsinado recurso chamado VAR.
Logo, não sabendo da verdade restava discutir.
Nos bailes ou até nos bailinhos residenciais, nas casas de
coleguinhas de colégio, podíamos furtivamente coxear as meninas sem que
fossemos acusados de assédio. Algumas até
gostavam de sentir o latejo.
Quantos estupros eram praticados? Tirante os tarados, casos
patológicos, só eram comidas as que queriam ser. Como regra geral era consensual.
Claro que o assunto não se esgota aqui, mas tenho que trabalhar
porque hoje em dia os filhos e netos não podem mais ajudar no sustento de seus
pais e avós, em idade de aposentadoria. A vida ficou dura para todos que vivem
honestamente.
Parece que tudo está perdendo a graça, não é ?
ResponderExcluirTemos que nos proteger, pessoalmente, blindar os nossos o máximo que pudermos, sem deixar que se alienem nesse "novo mundo".
Com certeza, não mais para mim, está chegando um novo mercado de trabalho, de oportunidades, de forma de se divertir, de conhecer, de sobre/viver com um pouco de alegria e qualidade de vida.
E preciso aprender a não enxergar mais a falta de educação alheia, que é hoje o que mais me incomoda, me faz mal mesmo assistir tanta m..... no meu ir e vir ao trabalho.
Exemplo : anteontem quase fui atropelado violentamente por um cara numa bicicleta a toda na calçada, olhando para o celular e não me viu. Me preparei para o pior, mas ele freiou em cima de mim.
Agora temos que estar atentos a tudo, pois não existe mais mão e contramão, nas ruas e nas calçadas.
Então, livros, Sky, Netflix, sexo (ainda), Red Label e violão.