Sim, meu caro, aqui no Estado do Rio de Janeiro, hoje é feriado.
O padroeiro da cidade onde moro - Niterói - é São João. Do outro lado da baía, é São Sebastião, mas não tenho dúvida em afirmar que o Santo Guerreiro é o mais popular, o que tem mais devotos por aqui.
A estimativa, conservadora, é de que um milhão de pessoas passarão hoje pela igreja de São Jorge, no bairro de Quintino (acima), no Rio de Janeiro. Sem contar à localizada na centro da cidade, nas vizinhanças da Praça da República (abaixo).
Coisa que se nota tanto aqui, nesta data, quanto em outras cidades de peregrinação, como Santiago de Compostela e Fátima, por exemplo, é como o profano realimenta o sagrado, e como este é reforçado pelo profano.
Barracas vendem de tudo, desde o tradicional pastel com caldo de cana, passando pelas cocadas (branca, preta e amarela), de batata doce e de abóbora; velas, imagens, santinhos impressos.
Os bares, nos arredores, colocam mesas e cadeiras nas calçadas, com aparelhos de som em alto volume, nos quais se ouve, basicamente Zeca Pagodinho.
Cervejas são consumidas em escala industrial, assim como a feijoada e o angu são consumidos avidamente pelos fiéis (e infiéis, que lá estão pela festa).
Cerveja, feijoada, samba e São Jorge (ou Ogum) se harmonizam perfeitamente.
Tem muito público para pouca igreja, razão pela qual nos últimos anos um altar é colocado na pequena rua transversal onde se localiza a paróquia aqui em Niterói.
Quem não está trajando camiseta com a imagem do santo estampada no peito, veste vermelho. Compra fitinha e amarra no pulso.
Na maioria dos casos agradece, como é o meu caso. Já pediram e foram atendidos.
Antes de ir dar um alô ao meu protetor, fui caminhar com meu caçula no calçadão. Pouca gente ainda na cidade posto que quem pôde emendou o feriado de hoje, com os da passada Semana Santa.
Muitas mulheres, anônimas, bonitas, charmosas e, porque não dizer apetitosas, desfilam na calçada. Não são Juliana Paes, Paola Oliveira ou a sua gostosona predileta. Essas chamam a atenção por vários fatores: talento artístico, alta exposição na mídia, etc.
Refiro-me às anônimas. As que só os vizinhos conhecem e percebem, e as vizinhas morrem de inveja.
Hoje passou por nós uma dessas deusas cujo marido ou é um idiota, ou um ... idiota. Deixar uma mulher daquela sozinha, desfilando com seu shortinho, com aquele andar balanceado moderadamente, seus cabelos amarrados em rabo de cavalo que mexia de um lado para o outro na cadência de seu caminhar de garça, com um par de pernas que Michelangelo jamais conseguiu reproduzir, é um desperdício, uma temeridade.
Fiquei pensando quantas vezes ela já teria sido comida naquela manhã. Com os olhos, quero dizer.
Você está ali caminhando, sem lenço e sem documento e tem aquela imagem, é claro que a imaginação cria asas e voa.
Viva as mulheres anônimas de Niterói. Viva São Jorge!
ResponderExcluirQuem se lembra de um quadro, num humorístico do Jô Soares, no qual havia um personagem chamado Padilha, que tinha uma mulher deslumbrante?
Pois bem, o bordão era o seguinte: "vai pra casa Padilha!"