Houve uma época, lá nos primórdios, em que eu não era exatamente um beócio no tocante ao processamento de dados, a informatização e o ciberespaço.
Trabalhando no Grupo Matarazzo, conheci, e não apenas de nome, o "System/3" famoso computador da IBM, capaz de processar, em alta velocidade, um enorme número de tarefas.
Ele foi instalado em uma sala especial, climatizada, só para ele, que foi colocado sobre um tablado que cobria toda a área da sala. A entrada era proibida a quem não fosse da área de informática.
Eu conheci o barra três (/3), senão de nome, mas também pessoalmente. Era um monstrengo, lento como um cágado, barulhento e mimado, se comparado com o smartphone de meu filho, que além das múltiplas funções, nem sonhadas lá nas décadas de 60/70, tem muito mais memória. E cabe na palma da mão.
Ademais disto, com dois filhos adolescentes, um deles muito curioso e interessado no processamento eletrônico (hoje tem doutorado e é professor universitário), comprei-lhe um TK 95.
Havia um televisor de 14" polegadas encostado lá em casa e passou a fazer as vezes de monitor.
O vocabulário era meio grego para mim, mas conseguia entender alguma coisa, como diferenciar hardware de software, e memória ROM de memória RAM. E os discos flexíveis do disco rígido dentro da máquina.
Fiz mais, num certo momento de minha vida, com a intenção de ampliar horizontes profissionais, e tendo em vista o potencial de desenvolvimento, aplicação e utilização do processamento eletrônico, matriculei-me num curso de programador. Fiz o Basic e ganhei diploma. Ia seguir com outras linguagens, como a Cobol, mas aí fui para São Paulo e minha vida profissional tomou outro rumo.
Meus conhecimentos da linguagem Basic me propiciaram uma enorme alegria quando consegui, sozinho, colocar meu nome percorrendo continuamente, da direita para a esquerda, toda a extensão da tela do monitor. Que feito!!!
No curso em questão utilizamos computadores pessoais "CP500", muito em voga naquela época.
Fui usuário da internet discada. Quando criança também brincava de comunicação à distância (dois metros?) utilizando um barbante esticado preso ao fundo de duas latas de leite condensado.
Fui usuário da internet discada. Quando criança também brincava de comunicação à distância (dois metros?) utilizando um barbante esticado preso ao fundo de duas latas de leite condensado.
Imagem obtida via Google |
Toda esta digressão tem como justificativa pavimentar o caminho para as divagações que se seguirão.
Observem que ao contrário de meus pais, que não tinham referências, fontes de informação, senão nas revistas do "Flash Gordon" e livros de ficção científica, minha geração pode acompanhar pari passu o crescimento do processamento eletrônico de dados, das comunicações à distância e toda sorte de novas tecnologias.
Mas ainda assim, por não acompanhar de perto perdi-me por completo. É muita velocidade para um cérebro cansado e vocacionado, pelo hábito do uso, para outras ocupações.
Assusto-me quando leio sobre inteligência artificial, e que algorítimos não orgânicos serão capazes de executar ou até superar o que fazem os algorítimos orgânicos.
Algorítimos? Ainda estou na fase de aprender o que é chip. Sou, e cada vez mais, um boçal tecnológico.
Lembro bem de minha surpresa, no final da década de 1990, quando o computador "Deep Blue", da IBM, ganhou uma partida de xadrez contra o então campeão mundia Garry Kasparov.
Lembro que torci pelo Kasparov, em suas partidas contra o antigo campeão Anatoly Karpov, por motivos triviais, não relacionados com a técnica de cada um, mas pelo espírito e estilo de vida.
Voltando ao jogo entre Kasparov e a máquina, é claro que a máquina foi abastecida, por humanos, com as regras básicas e as estratégias do jogo, mas ainda assim as decisões lógicas, acertadas, foram do computador.
Leio agora que um programa desenvolvido pelo "Google DeepMind" aprendeu sozinho, com os elementos que possuía, 49 jogos.
O passo que falta, pelo andar da carruagem, será dado ainda neste século, o algorítimo não orgânico, do computador, vai decidir sobre a sorte dos algorítimos orgânicos dos humanos.
Assusta? Sem dúvida, porque a barreira que nós imaginávamos existir está ruindo.
Notas do autor:
1) Estas elucubrações, tiveram origem na leitura de "Homo Deus", de Yuval Noah Harrari.
2) Imagens obtidas via Google.
1) Estas elucubrações, tiveram origem na leitura de "Homo Deus", de Yuval Noah Harrari.
2) Imagens obtidas via Google.
Conectados a internet:
ResponderExcluirhttps://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/brasil-tem-116-milhoes-de-pessoas-conectadas-a-internet-diz-ibge.ghtml
E os que se comunicam via WhatsApp, são 94,5%:
https://oglobo.globo.com/economia/2018/02/21/2270-ibge-mostra-que-brasileiro-mais-faz-na-internet-mas-voce-ja-sabe-resposta
Atropelado estou eu, quase enlouquecendo !
ResponderExcluirMeu celular pifou, estou sem ele há 5 dias .... usando um ultrapassado iPhone 4 que não comporta os Apps que utilizo, totalmente desatualizado tecnologicamente.
Impressionante a minha dependência do celular ... só ficando sem, para perceber como é essencial hoje em dia.
Fui ali ....
Paulo,
ResponderExcluirLembra deste post?
https://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/10/o-iphone-e-o-vaso-sanitario.html
Quem é Paulo ?
ResponderExcluirEsse post foi um dos mais bacanas que li por aqui .... rsrsrs
Mas veja, o iPhone 4 está defasado 7 anos !!
Isso em termos de tecnologia de celulares equivale a uns 200.000 anos luz rsrsrsrs !
Paulo é o autor do post, que realmente é um dos melhores dentre os já quase dois mil e quinhentos publicados.
ResponderExcluirPode ser também um apóstolo. Pode ser um dos vários papas Paulo. Antigo goleiro do Fluminense de nome composto.
Enfim ...