15 de novembro de 2017

ISSO SIM FOI GOLPE

História do Brasil não é o meu forte (o que seria? Podem perguntar!). Durante as aulas da professora Molca, et pour cause, achava natural que os políticos, parte da imprensa e uma pequena parcela do povo clamassem pela proclamação da República, em substituição ao regime monárquico, então desgastado.

Já éramos um país independente e era chegada a hora de dar o tal salto para a modernidade, representado pelo regime republicano.


Aceitei, na inocência dos meus quinze primeiros anos de vida, e naquela época, décadas de 40 e 50, sem internet, e meios precários de comunicação, aos 15 anos éramos muito inocentes mesmo, que o golpe dos chefes militares foi bom para o país.

Em 1964, vivenciei a revolução comandada por civis e chefes militares. Conhecia, e até aplaudia, já então com 24 anos de idade, as motivações que os levaram a tirar Jango do poder.

Hoje,  vendo a data da proclamação sendo comemorada, e fazendo um paralelo entre uma data e outra, ou seja, 15 de novembro de 1889 e 31 de março de 1964,  acho que a ação militar do século XIX, aquela sim foi um golpe.


E foi um golpe triplo. Ações semelhantes, em alguns casos, as empreendidas em 1964, foram engolidas e digeridas sem revolta popular. Ou gritaria da esquerda.

Por que houve um golpe triplo?

Um dos líderes do movimento era um militar da mais alta patente – marechal.

Deposto Pedro II, os militares resolveram, entre eles, assumir o poder.

Eleito pela via indireta, pelo Congresso, um deles assumiu a presidência da República. Seu nome Deodoro da Fonseca.

Que tendo entrado em choque com o Congresso, muito pouco tempo depois, resolveu fecha-lo. Estão vendo quantas semelhanças?

Os militares eram - como são - muito apegados à disciplina e ao respeito hierárquico. Coisas que os congressista não eram, como não são. Político desde sempre faz arranjos, concessões, negociatas.

O terceiro golpe praticado pelos militares deu-se quando da renúncia de Deodoro. Floriano Peixoto, outro  marechal, instalou-se no poder na mão grande, violando a norma constitucional.

Explico. Prescrevia a Lei Maior que na hipótese de morte ou renúncia do residente antes de cumprir metade de seu mandato – que era de 4 anos – deveriam ser convocadas novas eleições. E Deodoro renunciou um ano depois de assumir a presidência.

Que fez Floriano? Na força, alegando que fora eleito para ser vice-presidente por 4 anos, caberia a ale assumir a presidência na vacância e cumprir por inteiro o mandato para o qual foi eleito.

E que fizeram os poderes Legislativo e Judiciário? Botaram o galho dentro, como os garotos dizíamos na minha época pré-adolescente, quando nos referíamos a um covarde.

E Floriano, na força e na raça assumiu o cargo. Vale ressaltar que Floriano nem era o vice da chapa de Deodoro. Ele era candidato a vice da chapa concorrente, encabeçada por Prudente de Morais, na eleição indireta no Congresso. Na chapa do Deodoro o vice era um almirante. A eleição era separada para presidente e para vice.

Não vou desenvolver tese de que Pedro II foi um monarca que merecia muitos encômios. Não há registro de que tenha sido corrupto, tenha se apropriado de bens do estado, desviado recursos do erário em benefício pessoal.

Até mesmo as viagens que empreendia mundo afora, e foram muitas, custeava de seu bolso. É o que consta.

Pedro II era um homem culto, poliglota. Em suas viagens internacionais sempre esteve ligado nas novidades, nos avanços tecnológicos.

E trouxe muitos deles para o país, como por exemplo a telefonia.

Perto do que Jango e sua camarilha que pretendiam implantar no Brasil uma república sindicalista, o imperador era um cara do bem. 

Foi embora do país sem qualquer  tipo de ajuda financeira.


Bem diferente de ex-presidentes republicanos que ficam mamando nas tetas do governo até a morte.

Um comentário:

  1. Os militares, de novo, para o bem e para o mal, são os que precisam intervir no país pra colocar as coisas nos eixos.

    Ontem foi no Zimbábue. Os militares aperarem do poder, onde esteve encastelado por 37 anos, o presidente Robert Mugabe.

    O comandante do exército em entrevista disse que não se tratava de golpe, e sim correção de rumos.

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