30 de outubro de 2017

ETIMOLOGIA

Foi o confrade Riva quem provocou esta postagem. Em recente comentário ele mencionou haver recebido de um amigo uma mensagem informando sobre a origem da palavra larápio.

A explicação é muito criativa, pitoresca, mas não passa disto, eis que não se sustenta quando analisada por dicionaristas e filólogos respeitados.

Segundo a versão trazida pelo supracitado amigo (seguidor e colaborador do blog, onde tem vários posts publicados), a palavra larápio, no sentido de gatuno, teria origem romana.

Teria havido um pretor (praetor), de nome Lucius Antonius Rufus Appius, que dava sentenças mais favoráveis a quem lhe pagava. 

Como ele costumava assinar L.A.R. Appius, acabou dando origem a palavra que tem o sentido de gatuno.

Cabe lembrar que o pretor (praetor), na Roma antiga tinha uma dupla função: chefe militar e magistrado.

A origem, deliciosamente curiosa, não encontra respaldo entre os etimologistas de maior rigor científico. A matéria no link a seguir analisa o assunto.

Outra folclórica e romântica etimologia difundida se refere ao ritmo de dança conhecido como forró.

Afirmam alguns linguistas que a palavra teve origem em Natal, capital do Rio Grande do Norte, onde os americanos do norte mantiveram uma base naval de apoio.

Eles promoviam bailes cujo ingresso era restrito aos yankees (estadunidenses). Por outra lado, vez ou outra alguns bailes eram franqueados a todos moradores das cercanias.

Nestes casos na porta do local era colocada uma placa informativa: FOR ALL. Daí, pela pronúncia da expressão inglesa, virou forró.

Esta versão também é refutada por estudiosos; leiam a matéria do link a seguir:

E a palavra gringo, como alusão a estrangeiros? Aqui no Brasil foi bastante usado chamar de gringo estrangeiros de qualquer origem, mas muito espacialmente americanos.

A explicação mais aceita apontava como origem as manifestações da população mexicana, contra tropas americanas que ocuparam o país, que empunhando cartazes nos quais se lia “Green, go home!”, queriam a retirada e retorno dos americanos, que utilizavam uniformes militares verdes, ao seu país de origem.

Deu-se o mesmo relatado em relação ao forró. Na pronúncia do enunciado  na frase  (palavras de ordem) dos cartazes, “green go” acabou por dar origem a gringo. Por extensão, com o tempo, todo estrangeiro acabou virando gringo.

Confiram em:
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/gringo-vem-de-8216-green-go-home-8217-certo-errado/

De todas as histórias que li ou ouvi explicando origem etimológica de palavras ou nomes próprios a mais difícil de engolir é a que se refere ao nome da capital do Uruguai: Montevidéo.

Segundo explicação de um guia local, durante o indefectível tour pela cidade, o nome decorre de anotações náuticas. Dada a importância de um porto existente no local, era necessário ter referências que facilitassem sua localização.

A imaginação, o espírito criativo do autor da versão, superou todas as demais espirituosas e até românticas histórias sobre origem  de nome.

Consta que era exatamente junto ao sexto monte  (elevação) avistado por aqueles que navegavam pelo Rio da Prata, saindo do oceano, de este para oeste, que ficava o tal porto seguro.

A representação, simplificada, era mais ou menos a seguinte “Mont VI D E O” , ou seja, monte sexto de este para oeste. Como queiram, o sexto monte de este para oeste.

Esta história é difícil de engolir. O guia contou sem ficar ruborizado, acho que ele acredita nela mesmo.

É criativa e como os uruguaios são bastante receptivos, simpáticos, fingi que acreditei e até comprei a tradicional T-shirt com o nome da cidade estampado: Montevidéo.

Como dizia um aluno (Paulinho Gogó) da Escolinha do Prof. Raimundo  “quem não tem dinheiro conta história”. 


4 comentários:

  1. Historicamente documentado, a primeira vez que apareceu um nome similar a Montevidéu, foi no diário de bordo de Fernão de Magalhães, datado de janeiro de 1520, quando viu o que hoje é Montevidéu, ele escreveu "Monte vi eu", é um fato histórico, mas confesso que não sei se o nome deriva disso.

    Obrigado.

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  2. Obrigado eu, Hugo.

    Vou parar de rir da etimologia do nome da cidade, que me pareceu algo folclórico. Melhor, fantasioso.

    E vou pesquisar melhor.

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  3. E o nome Brasil, tem origem mesmo na árvore "pau-brasil"?

    Faz sentido, não faz?

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  4. A viagem da circum-navegação de Fernão de Magalhães, escrita por Pigafeta (que estava a bordo de um dos navios), é um dos relatos mais extraordinários e ricos que já li !! Sem exagero !

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