23 de agosto de 2017

CIDADANIA

No sábado à tarde ouvi na Rádio Nacional uma série de mensagens institucionais, conclamando os ouvintes para exercício de cidadania, e adoção de bons hábitos e costumes.

Tipo assim: economize água, um bem precioso.

São tantas as coisas simples que podemos praticar e adotar que fazem parte do que se convencionou chamar cidadania, coisas banais na aparência, mas que no entanto representariam muito para a sociedade. Se parássemos para refletir ficaríamos envergonhados por não serem práticas comuns em nosso cotidiano.

Por exemplo: não jogar lixo na via pública. É tão elementar que causa admiração não ser natural em todas as pessoas, de todas as classes sociais. E abandonar latinha de cerveja na areia?

Tem gente que fica orgulhosa do Brasil ser um dos líderes de reciclagem de alumínio. Mas pensem comigo. Catadores de latinha juntam centenas, milhares porque os consumidores deixam-nas em praias ou jogam nas vias pública.

É para ficarmos envergonhados pela falta educação. Se fôssemos campeões de reciclagem porque empresas coletoras fazem o serviço retirando dos recipientes de lixo, nas ruas, praças e praias, aí sim era para ficarmos orgulhosos.

Não descartar lixo em locais públicos, ou mesmo terrenos baldios particulares, independe de ter nível escolar, ser de classe social mais abastada, não depende de religião ou opção sexual. Todo mundo pode praticar este ato simples que é procurar um coletor de lixo para descarte de resíduos.

Os males decorrentes da falta de educação de jogar lixo nas ruas, abrange desde os aspectos estético e de higiene, passando pelo entupimento de bueiros o que provoca inundação, até alimentar ratos e baratas que nos transmitem doenças.

Um resto de sanduíche, um pedaço de bolo, uma bala, restinho de pipoca abandonados na rua são alimentos destes bichos nocivos. E o cheiro que deixa no ar?

Urinar atrás da árvore ou nos muros? Nem pensar.

Não exigir as notas fiscais ou os cupões de caixa nas compras que fazemos, enseja a que comerciantes menos honestos soneguem impostos, o que reduz a arrecadação tributária e, consequentemente, dificulta a manutenção de hospitais, creches e escolas públicas.

Comprando em camelô a par de contribuir para a evasão fiscal ainda ajudamos a manter em atividade canais de escoamento de produtos contrabandeados ou roubados em assaltos aos caminhões de entregas.

Se ninguém comprar em ambulante, e no comércio regular exigirmos a emissão da nota fiscal, aumentará a arrecadação do estado e do município o que permitirá construir e manter novas escolas, asfaltar melhor as vias públicas e abrir novos postos de saúde.Ou seja, o benefício é nosso mesmo.

Não vale raciocinar que se arrecadarem mais, prefeitos e governadores, e seus apaniguados, mais terão para desviar e se apropriar. Com essa mentalidade não chegaremos ao ponto que pretendemos.

Precisamos é agir para coibirmos estes desvios de conduta.

Frequentar restaurantes já interditados, uma ou duas vezes, pela vigilância sanitária porque em ação no estabelecimento encontraram produtos deteriorados é uma forma de omissão, além de absurdo descuido com nossa saúde.

Comprar produtos de firmas sonegadoras ou corruptoras, como a tal JBS é dar anistia aos seus controladores. Fora Friboi! Fora Seara!

Não denunciar delitos ou atos suspeitos através do disque denúncia, sob alegação de que de nada adianta, eles não agem, significa endossar a negligência do poder público.

Se um reclama e nada acontece, se cem reclamam e nada acontece acaba por virar uma coisa inócua, mentirosa. Mas se milhares, milhões reclamarem ficará difícil silenciar, esconder a ineficiência.

Assistir novelas que glamourizam a criminalidade, transformam em heroínas mulheres ou namoradas de traficantes, é péssimo exemplo para a juventude ou para os mais fracos em formação ética e moral. Dar audiência significa concordar com a visão equivocada.

Que tal condenar nas redes sociais? Escrever pra as redações de jornais? Entrar nos sites dos anunciantes e contestar?

Hopalong Cassidy
Em minha infância, quando o american way of life era exportado para o mundo todo, principalmente para o novo mundo, Brasil no meio, claro, tínhamos mais modelos e exemplos de boa conduta.

Não é atoa, ou caso fortuito, os EEUU serem a maior potência do mundo. Eles tinham princípios rígidos. Nunca vi nos filmes de bang-bang, que me encantavam, os bandidos levarem a melhor. Nunca assisti a um filme em que no final os bandoleiros não fossem regiamente punidos ... ou mortos. 

O caso mais recente do resultado do programa tolerância zero em Nova Yorque dá a medida de que é possível ganhar da bandidagem, dos marginais.

Al Capone se estrepou por uma via inesperada: fiscal/tributária.

Aqui poderíamos ter punido severamente, na exata medida de seus crimes, os Odebrechts e Batistas da vida. Por sonegação, lavagem de dinheiro e corrupção.

E deixamos escapar a oportunidade, porque o procurador-chefe, da PGR fez um acordo nocivo à sociedade, aceitando os termos impostos pelos delatores.

Se Gilmar Mendes não é um exemplo de virtudes, de dignidade, respeito à liturgia do cargo, da elevada função pública, também não é menos verdade que Rodrigo Janot é exibido, açodado e que age impelido por ideologia politica.

Colocou incriminar Temer - que não é flor que se cheirem - acima do interesse do Estado, da sociedade,  que seria punir o delator que tanto mal causou. E recuperar o dinheiro que perdemos com transações escusas e atos ilícitos. Incriminar um presidente da República corrupto é de interesse da sociedade, desde que seja feito na forma correta, prudente e segura. Não afoitamente.

Não houve em relação ao Temer o cuidado que estão tendo com Lula. Ambos farinha do mesmo saco.

Poderiam ter melhor apurado, documentado mais, sem deixar qualquer sombra de dúvidas sobre os crimes que lhe foram atribuídos. Duvido que mesmo o mais inescrupuloso, incompetente, interesseiro parlamento como o nosso, tivesse coragem de inocenta-lo. Falo de Temer, claro.

Somos o país dos que querem levar vantagem em tudo, do roubado é melhor, do sete a um, do jeitinho brasileiro.

O que faço para modificar este estado de coisas? O que vocês fazem? Você diz para o dentista que se ele fizer desconto não exigirá recibo? Se você é dentista – ou médico – diz para o seu  cliente que sem recibo poderá cobrar menos?

Você dá caixinha ao vistoriador para que ele ignore seu pneu sem condições de uso na vistoria anual?

Você, jovem, senta nos lugares destinados a idosos, grávidas e deficientes na esperança de que não haverá reclamação por receio de vergonha de reação em público? Você um dia envelhecerá! Ou não ... mas terá sido pior.

Enfim, quem de nós pode reclamar das autoridades, da criminalidade, da insegurança, da falta de assistência médica?

Vejo e ouço pessoas entrevistadas após ocorrências de crimes ou omissão do poder público a seguinte frase: pagamos  impostos e não temos a contrapartida.

Um comentário:

  1. Caro Blog Manager, infelizmente o BEM não reage às coisas erradas como o MAL reage quando enfrentado ou denunciado. E isso faz com que as pessoas passem a não criticar abertamente, a não se expor a uma discussão em público ou até a ameaças via midias sociais.

    Confesso cansado de conversar sobre tudo isso que acontece, cada vez mais numa progressão pra lá de aritmética .... já deve ser geométrica.

    Não enxergo nenhum processo de reversão em grande escala .... nada ! É o tal Brasil Bandido a que me refiro há muito tempo, legado para as próximas gerações.

    Ontem fiquei impressionado (mal) com o discurso do Trump em Phoenix.
    Foram dezenas de minutos pra esmerdalhar quem o critica.
    Em nenhum momento falou dos seus projetos .... minto, disse que vai levantar o tal muro na fronteira.
    E chamou a atenção também as pessoas atrás dele, inflamadas ...suas expressões faciais lembram demais os "rallies" do Hitler e do Mussolini. Nitidamente e infelizmente, não é uma pessoa equilibrada, e chegou onde chegou.

    Assustador !

    Aqui vamos pelo mesmo caminho "político", com uma "justiça" nada confiável.

    Defendam-se ... como puderem.


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