1 de julho de 2017

Festa junina e patrimônio cultural


 Por 
Ana Maria Carrano

Mês de junho acabou, e por mais que tenha procurado, não encontrei sequer uma festa típica da época.


Nenhuma fogueira, pau de sebo, casamento na roça, quadrilha, roupas com remendo coloridos, cadeia, correio do amor. Não se pode degustar uma batata doce ou um aipim assado na fogueira na hora, nem beber um quentão caseiro, feito com esmero pelos organizadores da festa.

Não sou branca, euro descendente (isso existe?), urbana ou rural. Sou brasileira. Uma mistura de raças e culturas com interpretação própria das influências recebidas.

Chegada dos descobridores/colonizadores
Aqui no Brasil não temos a cara de nossos descobridores. Somos uma mistura de nativos, colonizadores e imigrantes voluntários ou não. A aculturação e a miscigenação ocorreram sem muitos traumas, sem compararmos a outros países. Isso está incorporado aos nossos costumes, festas, culinária, danças, música e muito mais.

O brasileiro fala com vários sotaques; dança vanera, xote, frevo, axé, samba, carimbó, catira; come feijoada, churrasco, barreado, moquecas, tacacá e tucupi, baião de dois, frango com pequi, sem prejuízo dos hábitos da região em que nasceu.

Festas juninas onde se dança funk e axé nas "quadrilhas" vêm acontecendo nas escolas com apoio e orientação de professores que defendem o estudo prioritário da cultura africana para que os jovens não percam suas raízes.

Temos muito a preservar e divulgar. O Boi Bumbá, Vaquejadas, Folia de Reis, Carnaval, Parintins, Festas Juninas.

Bumba-meu-boi

Parintins
Aí estão nossas raízes que devem nos representar no mundo globalizado. 


Notas do autor:
1) Para quem está chegando agora no blog, Ana Maria é irmã do blogueiro.
2) Imagens obtidas no Google

8 comentários:

  1. Festas juninas faziam parte do nosso calendário de programas infantis/juvenis.
    Nas décadas de 1940/1950, participávamos da organização do arraiá, quando morávamos na Rua São Diogo, numa vila de casas. A vila tinha (tem) uma configuração em "T" e na ala do lado direito, defronte as casas havia um terreno baldio que era campinho de futebol, quaradouro de roupas e, em junho, arraiá.
    Cortávamos bambu para coloca-los em arco ao longo da vila e na parte frontal do terreno. Todos os moradores colaboravam na confecção das bandeirinhas e lanternas usadas na decoração. E, claro, financiavam a compra do papel de seda, fogos, etc.
    Além do bambu cortávamos lenha no Morro da Penha para a fogueira.
    Tínhamos outra festa para comparecer, que era realizada na casa de nosso tio João, irmão de papai. Ele morava em São Gonçalo, bem próximo ao Asilo do Cristo Redentor, numa casa que tinha um bom quintal. Esta festa, que contava com a participação dos vizinhos e amigos de nossos primos (eram 4), tinha até leilão de prendas e "pescaria".
    As escolas também promoviam festas em comemoração aos santos do mês de junho, em especial São João, que é o padroeiro de Niterói.
    E São Pedro era festejado pelos pescadores, que tinham sua pequena colônia (cerca de oito batrcos) na pequena praia da Visconde de Rio Branco, e seu mercado que ficava próximo ao terminal rodoviário. Depois do aterro desta pequena praia para alargamento da rua é que o mercado de peixe se mudou para o local onde hoje funciona.
    A última festa de que participei, e até dancei quadrilha, foi no Liceu Nilo Peçanha.
    Depois de casado costumava ir com meus dois filhos as festas no São Vicente de Paulo, onde estudaram e mais tarde as do GayLussac onde estudaram meus netos.
    Batata doce e aipim, assados na fogueira, com melado de Campos, paçoca de amendoim e pamonha de milho, faziam parte do cardápio. A bebida era o quentão.
    Naquele tempo ter “a batata assando”, não tinha a conotação que tem hoje, de risco de perda. Era bom ter uma e no dia seguinte, com as brasas da fogueira já quase mortas, com uma vara ir procurando-a em meio às cinzas.
    Ela surgia negra, parecendo carbonizada, mas por dentro bem assada e doce, como indica seu nome.

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  2. Quase todo bairro tinha um terreno baldio, como eram chamados, onde a vizinhança fazia a sua festa junina todos o anos. Nesses terrenos também jogávamos bola.

    Não existem mais terrenos baldios, apareceram os prédios, depois grandes condomínios, e essa rica e alegre tradição praticamente morreu.

    No Instituto Abel de Niterói, onde estudei o Ginásio e o Científico, transformavam o seu grande campo de futebol numa quermesse espetacular, tradicional na cidade. Estou escrevendo e sentindo o cheiro do salsichão na brasa com farinha, do caldo verde e da madeira queimada das fogueiras.

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  3. Lembro de ter ido a uma festa junina no Instituto Abel, onde estudavam filhos de um amigo, que por sinal morava num dos prédios da Roberto Silveira, quase defronte ao colégio Lassalista.

    Verdade, em quase todos os bairros havia campos de pelada em terrenos baldios.

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  4. Carrano, lembro perfeitamente da festa junina do Liceu, patrocinada pelo Grêmio, para angariar fundos para a compra de uniformes esportivos e proporcionar um maior congraçamento entre os alunos. Foi um sucesso. Não dancei a quadrilha, pois era o responsável pelo bar onde o quentão era vendido. Mas, Irapuam dançou, lembro bem. Quando morei no Ingá, lá por 1952 até 1955, lembro-me bem que além de soltar balão japonês, construíamos barraquinhas para venda de bombinhas, cabeças de negro, rodinhas e estrelinhas...

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  5. Perdão, Ana Maria, por falar de futebol em seu post, mas não posso deixar de exaltar a seleção chilena. Perdeu numa falha individual de um de seus jogadores, que fez o que não devia, no lugar errado.

    Mas devo ressaltar a entrega dos chilenos, e porque não dizer a qualidade do time.
    Time cuja escalação já conheço de cor, pois este grupo vem atuando há bastante tempo. Muito boa geração.

    Os alemães, com sempre, pragmáticos, conquistaram o título mas não convenceram.

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  6. Para os distraídos que não entenderam do que falei no comentário acima, esclareço que me referi à partida final da Copa das Confederações, disputada na Russia.

    O Brasil conquistou por três vezes esta competição, sendo a última em 2013.

    a Alemanha a conquista pela primeira vez.

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  7. Bombinhas Bebé ..... tivemos uma fase de destruir formigueiros de saúvas enormes, no muro de uma casa do bairro. Cruel .......

    Depois teve aquela fase de quem era corajoso, e explodir a bombinha segurando a ponta dela.

    Aí migramos para as cabeças de negro, bem mais fortes. Pra que, eu não sei ....

    Certa vez, naquela brincadeira de saltar a fogueira, amigo nosso, Ricardinho, bateu de leve no topo da fogueira e uma brasa entrou pelo cano da bota dele. Foi um desespero !! Salvo por um balde de água !!

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  8. Além de tudo que mencionei, a festa junina me remete ao curso primário, porque minha primeira prova de redação teve como tema a festa que tínhamos comparecido. E ficou em minha memória por causa de um lapso de um colega, que foi objeto de risada na sala.
    Antes devo explicar que desde o curso primário aprendíamos a escrever. A primeira fase era de cópia. Texto selecionado pela professora era reproduzido, com toda atenção à grafia, pontuação e acentuação tônica.
    Depois teve a fase do ditado. O texto era lido, pausadamente, pela professora, e nós deveríamos escreve-lo corretamente.
    Em seguida, nas séries seguintes, já era exigida a redação, ora uma descrição, ora uma composição (tema livre).
    Assim é que numa prova de redação, deveríamos descrever (fato real) uma festa junina.
    Deu-se que um colega escreveu: " ... a festa estava muito animada, soltamos fogos, balões, fogueira...
    Ele clocou a fogueira no momento em que falava de fogos e balões. A professora, em tom cordial, mas registrando o erro disse: "o Joãozinho (nome fictício) escreveu que na festa dele soltaram fogueira." Muitos risos.
    Claro que teve fogueira mas ele a mencionou emendando com os balões e fogos.
    Não coloco o nome verdadeiro do coleguinha, porque ele, para minha alegria, está vivo e vez ou outra visita o blog.
    Curso primário no Colégio Plínio Leite, final da década de 1940.

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