27 de junho de 2017

A Polícia Federal também é cultura

A Polícia  Federal, além de eficiente no desempenho de suas atribuições, é bastante inspirada ao batizar suas operações.

Já falei disto aqui no blog. Os nomes, sempre criativos, guardam relação ou são associáveis a eventos, atividades e locais  conhecidos. A lista completa pode ser acessada através do link nas notas de rodapé.

Uma exceção talvez seja a "Operação Patmos", que preenche os quesitos tradicionais, mas alude a um local pouco conhecido, com história desconhecida pela média dos brasileiros no item cultura geral.


Refiro-me a ilha grega denominada Patmos. Cujo significado é mortal.


Localizada no Mar Egeu, tem pouca e pobre vegetação, pouco mais de 3.000 habitantes e seu ponto mais elevado não chega a 300 metros.

Todavia, o emprego de seu nome em operação derivada da Lava-Jato tem tudo a ver com a natureza dos delitos a serem apurados e com o personagens suspeitos.


Durante o Império Romano nesta ilha cumpriam penas os praticantes de crimes de alta periculosidade.
Leiam em

Assim como eu, penso que muitos dos eventuais leitores e também parte dos assíduos nunca ouvira falar da ilha. Tampouco de seu passado como presídio, como a nossa Ilha Grande.

Talvez meu amigo Carlos Lopes, que gosta de cruzeiros marítimos, conheça este pequeno pedaço de terra no Mar Egeu.

Ou ainda, quem sabe, os leitores das escrituras sagradas já encontraram menção a esta ilha, em Apocalipse de João 1.9


Viram como a PF também é cultura?


Notas: 
1)imagens via Google e pesquisas em
http://www.abiblia.org/ver.php?id=7440 e demais sites com links no texto.
2) a ilha está localizada na costa da Turquia
3) Lista de operações da Polícia Federal do Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_opera%C3%A7%C3%B5es_da_Pol%C3%ADcia_Federal_do_Brasil

26 de junho de 2017

ABSURDOS

O Município do Rio de Janeiro não está, ainda, no estado de penúria financeira que paralisa o Rio de Janeiro, Estado.

Mas vamos e venhamos, com tantas obras incompletas, inacabadas e abandonadas após os eventos Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas, em 2014 e 2016, respectivamente, é inaceitável, pior, é indecente que tenham sido concedidas isenções tributárias da ordem de um bilhão, isso mesmo, bilhão, e mais seiscentos milhões de reais.

Não estou delirando, tomei todos os remedinhos hoje, estou lúcido, com as funções cognitivas funcionando plenamente. Fiz o teste e passei: meu nome é Jorge, tenho 77 anos de idade e moro no Ingá. Viram? Memória intacta e pleno conhecimento do que acontece a minha volta.

Parece piada, mas uma cidade que isenta do IPTU 2.203 imóveis e sequer sabe o porquê, tangencia as raias do surrealismo, do realismo fantástico.

No total, segundo a matéria que li e pode ser acessada com o link a seguir, são um milhão e quinhentos mil imóveis isentos do tributo.

Com a carência de leitos em hospitais, déficit de vagas em creches e escolas de ensino fundamental, é imoral beneficiar um milhão e meio de contribuintes em potencial.

Qual seria o total desta renúncia? Ninguém é preso, ninguém sofre impeachment? Ninguém é xingado nas redes sociais? Ninguém é vaiado em reunião de condomínio? Fica por isso mesmo?

Bem, como morador de Niterói espero que por aqui não aconteçam estas aberrações, estas excrescências.  Aqui temos alíquotas escorchantes no IPTU. Ou seja, quem paga, paga muito caro. E a cidade/município ainda recebe uma boa grana de royalties decorrentes do petróleo. São 316 milhões por ano.
Confira:
https://oglobo.globo.com/rio/bairros/niteroi-arrecadou-3164-milhoes-em-royalties-do-petroleo-em-2016-21077950

Querem ver outra aberração, outra inominável contradição? Esta no âmbito federal? Já ouviram falar em FIES?

Este programa faz a festa das universidades particulares, como a Lei Rouanet faz a festa dos artistas globais financiando suas peças teatrais e seus shows.

Olha só a incongruência. Universidades públicas estão de pires na mão. Prédios sem manutenção, falta de pessoal qualificado, falta tudo. Principalmente vagas que são limitadas porque há um gap grande entre demanda e oferta de vagas anuais.

Aí o que faz o governo federal? Ao invés de investir mais verbas na ampliação e melhoria de condições das universidades públicas existentes, libera verbas descomunais para financiar matrículas em universidades particulares, mantendo-as em crescimento e enriquecendo seus gestores.

O FIES – Fundo de Financiamento Estudantil – é um programa do Ministério da Educação, que financia cursos de graduação em faculdades e universidades particulares. O montante anual investido, com critérios para lá de duvidosos, fica faltando, por exemplo, para concluir as obras dos vários prédios inacabados, ainda na estrutura básica, mas abandonados, na UFF (Universidade Federal Fluminense), no campus da Praia Vermelha.

Quem, como eu, transita diariamente pela orla da Boa Viagem, aquela que conduz ao MAC, fica triste e assiste desolado ao estado de abandono a que foram condenadas as obras de ampliação da universidade. São vários prédios, já erguidos mas inacabados, agora em estágio de degradação, por abandono total.

Enquanto isso gritamos e ostentamos faixas e cartazes: “Fora Lula, Fora Dilma, Fora Temer”, e não temos opção para gritarmos “Entra Fulano, Entra Sicrano”.

Tudo está contaminado no que respeita a gestão da coisa pública - res publica - dos romanos.


Nota do autor:
1) Ora vejam só, a edição de sexta-feira, dia 23 último, do jornal O Globo, na página 9, noticia que o IPTU no município do Rio de Janeiro, poderá aumentar em até 100%. O projeto, do prefeito, está na câmara de vereadores para discussão e aprovação antes do recesso de julho.
2) O mesmo jornal, no dia seguinte, ou seja, no sábado dia 24, na página 12, desculpa-se pelo equívoco e informa que o aumento do IPTU não ultrapassará os 67%.
3) Ah! Ainda bem. Serão apenas 67% de aumento. Estão contentes?

25 de junho de 2017

Segurança jurídica X impunidade

A  imprensa de um modo geral, na voz e textos de articulistas políticos, bem como grande parte do judiciário, comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal que deu segurança jurídica ao instrumento da colaboração premiada, ao chancelar, em decisão plenária, o acordo feito com um dos maiores escroques da história - um ser abjeto - e que foi homologado pelo ministro Fachin, membro daquela alta corte de Justiça.

Janot e Fachin
Ora, se de um lado a delação premiada ajuda a desvendar e trazer à luz delitos que dificilmente seriam conhecidos e comprovados, por outro favorece delinquentes que deveriam pagar por seus crimes. Além de acobertar bandidos menores que ficarão fora do alcance da  lei.

Querem um exemplo? Quem são o juiz e seu substituto comprados por Joesley Batista? Notem que ele não só compra um magistrado como, por garantia, pelo sim pelo não, compra também seu substituto. Vi e ouvi a gravação feita na conversa com Temer.

Peraí, temos um juiz vendendo favores, a solta por aí, e nada podemos fazer?  Temer prevaricou, não denunciando de imediato o que acabara de ouvir. Mas o MP também.


Cá para nós, no mínimo o que se pode pensar é que o Janot e a PGR não sabem negociar. Os termos deste acordo extrapolam o bom senso. O cara está por aí flanando, dando entrevistas, viajando para lá e para cá, posando de herói nacional, quando o que revelou para todos nós foi sua face de corruptor profissional, de bandido. 

Engambelou três presidentes, comprou ações e silêncios de parlamentares e até membros do judiciário.

E vai ficar por isso mesmo? E o BNDES vai recuperar a grana com que inundou os cofres da JBS e de sua controladora a J&F?

O patife deve estar apostando numa reviravolta política e na ressurreição de Lula, que tal qual uma Phoenix ressurgirá das cinzas, via eleições em 2018.

Lula e os irmãos Metralha, perdão, Batista
Não agiu de igual forma com Lula e Dilma.



Imagens obtidas no Google.

23 de junho de 2017

O improviso, o humor, em frases definitivas

O improviso, a agilidade mental e o espírito de humor manifestados em frases pontuais, circunstanciais, sempre chamam minha atenção.

Admiro o frasista espontâneo ocasional. Aquele que em poucas palavras define uma situação, estabelece um conceito ou cria uma imagem simbólica.

Alguns destes frasistas são bem conhecidos, populares, casos do jogador (agora senador) Romário, do comentarista esportivo Washington Rodrigues, ou o folclórico Neném Prancha, entre outros.

Quer definição melhor do que a do Romário sobre o sujeito que mal chega num clube ou associação de qualquer natureza, ou numa reunião, e quer aparecer? O “Baixinho” definiu o recém-chegado exibido com a seguinte frase: “Chegou agora e já quer sentar na janela”.

Para um bom entendedor, perfeita a mensagem. É dele também a observação sobre as opiniões do Pelé, maior de todos com a bola nos pés, mas infeliz em pronunciamentos e prognósticos: Sentenciou o Romário: “Pelé com a boca fechada é um poeta”.

O comentarista “Apolinho”, que só tem como defeito ser torcedor do time dos urubus, é outro grande criador de frases bem colocadas. Sensacional a definição de jogador ou técnico ou mesmo torcedor de determinado clube feliz com seus resultados, cunhada pelo Washington Rodrigues: “Fulano está mais feliz do que pinto no lixo”.

A garotada e a juventude de hoje, com olhos fixos em smartphones e similares provavelmente nunca viu uma galinha com sua ninhada ciscando na terra dos quintas de outrora. Os pintos realmente ficam muito alegres e açanhados. Falo dos caipiras porque os de granja, produzidos em escala industrial, sequer conhecem suas mães. Pouco importa que fossem “galinhas”, eles – os pintos – ficariam felizes em conviver com elas.

As galinhas são extremamente protetoras. Ai de quem se aproxima de seus pintinhos. Elas ouriçam as penas e com as asas semiabertas investem contra aquele que representa ameaça.

Mas o assunto são as frases. Voltemos a elas. E voltemos ao mesmo Washington Rodrigues, definindo o jogador (ou a equipe)  que está abatido em campo, sem força para reação, perdendo o jogo: “Fulano (ou o time) está com os quatro pneus arriados”. Perfeito!

E para o jogador temperamental, briguento, criador de casos, o conceito perfeito: "Fulano é um fio desencapado".

Ainda no campo esportivo, pródigo em personagens reais e ficcionais interessantíssimos, pinço a sacada do ex-técnico (falecido) Gentil Cardoso: “Quem desloca recebe, quem pede tem preferência”. Instrução perfeita, sobre todos os aspectos, transmitida de forma clara e objetiva.

Quem não se lembra do João Saldanha ao reagir a informação de que a comissão técnica criada para a Copa de 1970 havia sido dissolvida por decisão da CBD (atual CBF), dizem que sob pressão do governo militar: “Não sou sorvete para dissolver”.

Mas acabou jubilado e substituído pelo Zagalo. Alias a seleção de 1970, tricampeã, foi a melhor já organizada no Brasil. Título invicto, com vitórias indiscutíveis.

Havia um prêmio concedido ao jogador que ficasse pelo menos 10 anos, com um mínimo de 200 partidas, sem sofrer uma expulsão de campo. Este prêmio, o Belfort Duarte (ver em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ganhadores_do_pr%C3%AAmio_Belfort_Duarte), representava disciplina e valorizava seu detentor.

Pois bem, um técnico, ou jogador, ou quem sabe um narrador, realmente não lembro quem, assim definiu o zagueiro que não era viril, não chegava duro na marcação: “Zagueiro que se preza não ganha o Berfort Duarte”.

Lembro entretanto  de vários zagueiros que jamais ganhariam o dito prêmio: Tomires, Moises, Pavão, Pinheiro, Ananias. E muitos outros.

Meu saudoso e querido amigo Mario Castelar era brilhante frasista. Vínhamos, com ele ao volante, pela Dutra, em direção ao Rio de Janeiro, quando em dado momento, e não mais que de repente, um ônibus da Cometa, em sentido contrário acedeu seu poderoso farol alto ofuscando nossa visão temporariamente. Ato contínuo ele comentou: “O cara acendeu o sol nos meus olhos”.

Nelson Rodrigues enaltecia o Otto Lara Resende por sua capacidade de frasear de improviso. Todavia, penso eu, o próprio Nelson era imbatível neste particular, sendo responsável por pérolas recorrentes em discursos, matérias jornalísticas e até teses acadêmicas.

Por exemplo esta lapidar e oportunissima, porque bem atual: “Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, poderia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.” Aplausos, de pé, com vivas (bravo, bravo) ao autor.

Peço a colaboração de tantos quantos lembrem de boas frases, como as seguintes, de humoristas consagrados como Millôr Fernandes ou Leon Eliachar: “Está sobrando cada vez mais mês no fim do salário”. 

20 de junho de 2017

O bom observador


Faz algum tempo, levando ao pé da letra que seria necessário ser observador para constatar o que era interessante numa fotografia, o Riva logo classificou a mulher em primeiro plano, de costas, como sendo latina. Vide nota de rodapé.

Por causa de seu (her), digamos assim, derrière.


A foto é esta abaixo:





Com a mesma pegada publico este pequeno vídeo sobre acidentes de trânsito na Jamaica. Prestem bastante atenção e vejam se o conceito não é o mesmo.






Nota de rodapé  -  O comentário do Riva foi este: É uma via única com 3 pistas, mas carros que não existem por aqui, onde concluo ser "mão inglesa", porque a cachorra, ou cachorro, não está com o motorista, como eu fazia com meu cão antigamente. mas o mistério é ela, com esse porte latino, inexistente em países com "mão inglesa". Turista não é, tem toda a pinta de nativa ....

17 de junho de 2017

A esquerda brasileira chegada a caviar e festas


A ESQUERDA ACABOU. SAIBA POR QUÊ.

por Stephen Kanitz, publicado em 15.05.2017

Publicado originariamente em http://blog.kanitz.com.br/esquerda-acabou/



"A esquerda sempre precisou de dinheiro, de muito dinheiro para se sustentar. A direita por sua vez, não. Isso porque a direita é composta de adolescentes que estudaram quando estudantes, trabalharam quando jovens, pouparam quando adultos, e portanto se sustentar não é um grande problema.


A direita progride, enquanto a esquerda protesta nas Ongs e nos cafés filosóficos. esquerda sempre viveu do dinheiro dos outros. Karl Marx é o seu maior exemplo, sempre viveu às custas de amigos, heranças e do companheiro Friedrich Engels.

Não conheço um esquerdista que não viva às custas do Estado, inclusive os empresários esquerdistas que votam no PT e PSDB e vivem às custas do BNDES. Nos tempos áureos a esquerda tomou para si até países inteiros. China, União Soviética, Cuba, por exemplo, onde a esquerda se locupletou anos a fio com Dachas e Caviar.

Essa esquerda gananciosa foi lentamente sugando a totalidade do Capital Inicial usurpado da sua direita, até virar pó. Foi essa a verdadeira razão do fim do muro de Berlim. A esquerda faliu os Governos que eles apoderaram.

No Brasil, a esquerda também aparelhou e tomou Estados e Municípios, e também conseguiu quebrá-los. Socialistas Fabianos como Delfim Netto, FHC, Maria da Conceição Tavares ainda vivem às custas do Estado com duas ou mais aposentadorias totalmente imorais. Só que o dinheiro grátis acabou.

Sem dinheiro, a esquerda brasileira começou a roubar, roubar e roubar com uma volúpia jamais vista numa democracia. Mas graças à Sergio Moro, até esse canal se fechou para a esquerda brasileira. Sem a Petrobras, as Estatais, o BNDES, o Ministério da Previdência, o Ministério da Educação, a esquerda brasileira não tem mais quem a sustente.

O problema da esquerda hoje é outro e muito mais sério. Como esquerdistas irão se sustentar daqui para a frente? Como artistas plásticos, professores de Filosofia e Estudos de Gênero da FFLCH, apadrinhados políticos, vão se sustentar sem saberem como produzir bens e produtos que a população queira comprar?

Que triste fim para todos vocês que se orgulhavam de pertencer à esquerda brasileira! "


Nota do blogueiro: recebi por e-mail e fui ao Google conferir. Confirmei no blog do autor. Publico sem autorização mas pronto a deletar se e quando recomendado pelo autor. 

Stephen Charles Kanitz é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo. (wikipédia)

16 de junho de 2017

Copa do Brasil Sub-20

O Galo pegou o Urubu. E créu!!!





                                                X                           




Flamengo vice campeão da Copa do Brasil Sub-20

Acabou ainda há pouco a partida final da competição.

E a mulambada ficou no cheirinho, de novo.






É de outro jogo, mas a gozação é a mesma.

Preguiça e/ou ócio

Êta coisas boas, sô!!!

Mas são coisas diferentes? Sei lá, vamos aos “aurélios”. E ao Google. Em apertadas definições, encontrei:

- ócio: folga, espaço de tempo em que se descansa;
- preguiça : estado de prostração e moleza; aversão ao trabalho.

Inventaram um “ócio criativo”. A monografia, o livro, é de Domenico Di Masi. Mas será dele a ideia de que a pausa na atividade diária, no estudo, no exercício da profissão, para descanso e lazer, é uma coisa importante e que se inclui no conceito de trabalho?

Não deve ser, é coisa dos romanos.

Eu deveria ter conhecimentos, rudimentares que fossem, da língua dos romanos, o latim. Tive alguns anos de estudo durante o ginasial e no vestibular era matéria que reprovava.

Falo do latim agora porque o nosso ócio vem da palavra latina otiu, que significava, para eles, lazer. Logo, nada condenável. Não é pecado querer momentos de lazer, folga do trabalho. O dolce far niente.


De meu ponto de vista entendo o ócio como um tempo livre, disponível, vago, para nada fazer mesmo, nem pensar (se é possível), apenas relaxar, vadiar, descansar, um momento de preguiça.

Olha a preguiça aí, associada ao ócio.

Mas da preguiça eu me envergonho, reluto e reajo contra. O ócio é socialmente aceitável. Quem condena o desfrute de alguns momentos de ócio, de prazer?

Colocar uma coletânea do Ray Charles para tocar, fechar os olhos é deixar o pensamento livre, leve e solto, sem destino, easy rider, é muito prazeroso, é muito produtivo pois alimenta a alma.

A preguiça faz limite com a malandragem, que é diferente da vadiagem.

Agora explico o porquê de estar escrevendo sobre isto. Estava ontem deitado, à tarde, no pós almoço, agasalhadinho (devia fazer menos de 20 graus) e tirei uma pestana. Afinal um feriado de cunho religioso, num país laico, tem que servir para alguma coisa.

Despertei e comentei com minha mulher, que já estava acordada: a cama está uma delícia, não é que não tenha coisa alguma para fazer, sempre se tem, mas estou com preguiça.

Essa preguiça era falta de ânimo, de vontade, de levantar para dar sequência a uma empreitada que comecei há três anos: descartar inservíveis, incinerar papeis velhos, livrando-me de muitos ácaros que devem povoar meus arquivos de casa. E do cheiro, nada agradável, de papeis velhos quando se abre uma ou outra gaveta.

Mas o ócio, o estar ali deitado confortavelmente sem sentimento de culpa pois era feriado, acabou cedendo lugar ao estado de preguiça que me pareceu presente.

Não posso, não devo, ter preguiça. Afinal tenho tarefas, que eu mesmo me impus, para cumprir. Logo o momento de ócio (necessário, positivo) foi sucedido pela sensação de preguiça (negativa, censurável).

A conclusão a que chego (perdoem a bobagem) é que a preguiça é um ócio do mal, a preguiça é a face perversa do ócio.

Ontem acabei deixando a cama, rápido, não para me dedicar a arrumação e organização dos arquivos, mas para perpetrar este texto, que terei a ousadia de fazer publicar no blog.

Em suma. Quando ainda deitado pensando sobre uma eventual diferença fática entre ócio e preguiça, estava exercendo o ócio criativo, pois bem ou mal resultou neste post que você acaba de ler.

Notas do autor:

1) tenho enorme vocação para o ócio, por isso combato pertinazmente este impulso trabalhando duro e com responsabilidade.

2) passei toda a infância e pré-adolescência ouvindo que o latim era uma língua morta e por isso não fazia sentido estuda-la (apenas o suficiente ara não ser reprovado). Ledo engado, verifiquei mais tarde. Nos anos 1960 quando ingressei na faculdade e sabia muito pouco latim. E aí vieram os fundamentos básicos de nosso Direito, os institutos do direito romano (uma cadeira no curso de bacharelado) que são ainda o alicerce de nossa legislação. Sem contar que é a fonte da qual deriva nossa língua. Quem conhece latim tem mais qualificação para escrever em português.

3) imagens pinçadas no Google.


15 de junho de 2017

ALHEADO

Sou de fases. Acho que desde a infância. Não fui garoto de rua, mas brinquei muito na rua. E obedecia, assim como todos os demais vizinhos dos arredores: Morro da Penha, Vila Pereira Carneiro, Ponta D’areia, as fases de cada uma das nossas diversões preferidas.

Alguém poderá dizer, não sem um tantinho de razão, que sempre era época para soltar cafifa, para jogar bola de gude ou rodar peão. Verdade! Mas por alguma razão, fossem as condições climáticas, fosse a moda que ia e voltava, pular carniça, brincar de escambida (pique), guerra de mamona com atiradeira, as bolas de gude, as pipas, tinham fases mais agudas.

Dependia do sol, do vento, de estarmos ou não de férias. No colégio nem tudo era possível, então as férias ditavam normas.

Adulto, ou mais velho, continuei com as mudanças de amor, de paixão ou prazer com uma ou outra atividade cultural ou de puro lazer. Tive a fase cinematográfica. Ir ao cinema era a diversão preferida. A fase do entusiasmo pela leitura, em especial dos clássicos (graças a Biblioteca Pública Estadual agora reaberta com administração municipal); depois migrei para a literatura latino-americanos (Borges, Vargas Llosa, Garcia Marques, Cortázar, Sabato). Já havia, por necessidade (vestibular), passeado por literatura em língua portuguesa (Machado de Assis, José de Alencar, Cruz e Souza, Eça de Queiros, Antero de Quental) .

Vargas Lllosa
Garcia Marquez
Sabato





A música sempre me deu prazer. Como já mencionei ad nauseam, em muitos dos mais de dois mil posts publicados, por razão que não sei explicar sempre gostei do jazz, a começar pelas big bands e pelo estilo New Orleans. Anos 1940 e 1950.

Mas a fase de surgimento dos talentos Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime, Caetano e Gil,  e outros, muitos outros, e dos sambistas de bom nível que popularizaram o gênero Zé Keti, Monarco, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, também me levou a comprar discos e cassetes. E ouvir muuuinto. Meus filhos se lembram da fase até hoje.

Bem, o jazz me levou aos periféricos, as adjacências, blues, gospel. Tenho muita coisa em vinil, com os mais renomados bluesmen americanos.

Buddy Guy
John Lee Hooker

BB King

Aqui no Brasil alguns artistas nacionais tiveram êxito no jazz e no blues. A “Traditional Jazz Band” é muito boa, assim como a “Blues Etílicos”. E em carreira solo o Celso Blues Boy.

Ouçam, jazz e blues interpretados pelos versáteis e virtuosos músicos brasileiros. O Celso Blues Boy com a participação luxuosa do BB King (é mole?)







Ocorre que quando voltei de São Paulo fui morar na roça (São José de Imbassai) e afastei-me da literatura e do jazz. Virei um homem rude, do campo (rsrsrs).

Não, não há relação direta.  É que minha vida mudou muito. Quintal para varrer, plantas e jardim para molhar, banho no cachorro, lavar o varandão, consertar a casa (casa está permanentemente com reparos para fazer).

Voltei para a cidade e voltei a trabalhar. Com pouca grana, fui ficando alheado, sem frequentar shows ou comprar discos e CDs.

Estando por fora não conhecia a banda Blues Beatles, que o Paulo teve e gentileza de me apresentar enviando um link.

Ouvi, e tornei a ouvir com muita satisfação. Fui ao Google e  ao YouTube em busca de mais informações. Os caras são fenomenais, do vocalista ao baterista. Todos músicos de nível internacional, acreditem. Fariam bonito mesmo nos USA.

E eu pensava que apenas o Eric Clapton, branco e britânico iria me surpreender com voz e alma negra.




Aproveitem para admirar, se não conhecem, o talento destes brasileiros da banda Blues Beatles, uma harmonização do gênero blues com os Beatles. Fiquem com duas faixas para curtir:







Nota do autor: mais sobre a banda em https://www.bluesbeatles.com.br/

13 de junho de 2017

O preço de um deputado e de um vice-presidente

O deputado Rocha Loures fixou seu preço em R$ 500 mil por mês durante 20 anos. E olha que o cara parece que é apenas suplente.

A primeira parcela foi recebida numa mala. Vejam as imagens, se é que ainda não viram porque foram exibidas exaustivamente nos últimos dias.

Parece que neste preço estavam incluídos os favorecimentos que o vice-presidente Michel Temer poderia oferecer ao adquirente.

Coitadas das damas da noite, que cobram por favores quantias irrisórias. É bem verdade que os preços das tabelas abaixo, no Brasil ou na Itália,  são do bas-fond e o vice-presidente está na categoria de alto meretrício. 
























Minha curiosidade é conhecer os critérios para fixação de preços. Quais seriam os parâmetros considerados?

Por que tem deputado de 300 mil reais, em duas parcelas e tem alguns outros que custam milhões. Cada um deles não tem direito a um voto?

Suspeito que é problema de marketing. Alguns não sabem se vender. Ou estão como se diz com a corda no pescoço e qualquer graninha extra que entra é bom negócio.

Já as meninas têm critérios mais inteligíveis para estabelecerem seus preços. Os princípios básicos que norteiam são os da clássica relação custo/benefício.

A Cafetina Capixaba, mencionada pelo Veríssimo em recente crônica, agenciava acompanhantes de alto nível para autoridades do porte de um governador de Nova York. Cada programa, ou cada noite, deveria custar uma baba, mas certamente menos do que um deputado brasileiro.

Ela – a cafetina - recebia em dólares, mas nossos parlamentares também recebem na moeda americana. Alguns em malas com rodinhas, outros em “paraísos fiscais”.

Diziam que a prostituição era a mais antiga das profissões. Como o parlamento romano data de setecentos anos antes de Cristo, ou seja o Senado romano foi constituído no século VII c/C,  tenho dúvidas quanto a isso.


No Senado romano, não esqueçam, até assassinavam governantes. Sessenta senadores assassinaram Cesar, então ditador, mas importante  e vitorioso chefe militar.

E o ato de corrupção mais antigo de que se tem notícia aconteceu com Judas que, consta, levou trinta dinheiros para entregar Jesus.
  

Notas do autor:
1) Estava reticente se poderia (deveria) tratar do tema "rendevu" neste espaço, coisa inédita no blog. Resolvi que sim pois estarei apenas me antecipando a uma nova e futura novela da Globo, que terá um núcleo ambientado num bordel. 

2)Outra coisa, se é possível colocar no ar o depoimento (delação) de um empresário inescrupuloso, dizendo que comprou juiz e paga mesada a deputado preso por corrupção, o o fez como maior desplante, cinismo, soberba, porque não posso falar de meretrício?
Certamente é menos obsceno, menos indecoroso, menos deprimente, do que saber que um patife travestido de empresário relata ao presidente da República suas falcatruas, seus crimes, e fica por isso mesmo. O delator sai premiado, vai para Nova York, livra leve e solto e o presidente, omisso, silente sobre os delitos que lhe foram relatados, nada afaz. E fica no cargo.

3) Imagens obtidas no Google.

12 de junho de 2017

Cuidado com avatares

Esta história, ocorrida no último domingo, obrigou-me a fazer uma reflexão profunda sobre relacionamentos virtuais, em especial com avatares.

Estávamos eu e Rick, meu caçula, a tomar uma água de coco quando  se aproximou  um senhor de meia-idade, boa presença, e indagou dirigindo-se e mim: você por acaso se chama Jorge e tem um blog? E  emendou : onde vez ou outra faço correções e por isso nada recebi até hoje?

- Sim, sou eu. E com quem estou tendo o prazer de falar? - Sou o Paulo Bouhid.

Enquanto ele falava - e ante de se anunciar -  estava conjecturando quem seria. Um cliente insatisfeito? Não! Logo descartei porque não tenho, que saiba, clientes ou ex-clientes descontentes. Seria um ex-liceísta como eu, e que as marcas do tempo metamorfoseou?

Poderia ser. Não faz muito tempo – dois ou três anos – marcamos um encontro para relembrar velhos tempos (mais de 40 anos) de amizade. Não reconheci ninguém de bate-pronto, senão o Irapuam que ainda guarda alguns traços de sua fisionomia. Mas o Carlos Lopes (Carlinhos), agora mais para rechonchudo e grisalho, não reconheceria cruzando na rua. Assim como o Bonvini, passaria transparente por mim.

Voltando ao domingo, não, nem de longe o semblante denunciava alguém que conheci um dia. Quando anunciou seu nome foi um alívio e uma alegria.

Ele me abordou e fez a pergunta por que minha foto no blog revela como sou. Mas ele é, no blog, um Avatar. Assim é desigual. Se fosse alguém que eu pretendesse evitar não teria como. Ao passo que ele teve e tem acesso a fotos minhas em diferentes ângulos, só o rosto, de pé por inteiro, em trajes esportivos e  mais formais.

É bem verdade que segundo me contou depois, no curso de nossa conversa, algumas outras abordagens foram infrutíferas. As pessoas não eram eu.

Agora imagina se fosse um desafeto. Se fosse o marido da ... ou da ... , ou o menino da Rua São Diogo de quem peguei uma cafifa toreada e não devolvi?

O Paulo apareceu no blog buscando informação sobre uma casa noturna de shows, meio por acaso, eis que estava rastreando na rede mundial de computadores.

Foi ficando, se arvorando em corrigir equívocos de grafia e concordância num ou outro texto, até que, tantos eram (quase diários) e sem contrapartida pois não tenho verba para remunerar revisores, foi desistindo e até sumiu do blog.

Quando aventamos, no início do ano, promover um encontro dos mais habituais frequentadores do blog, imaginei convidar o Paulo. Seria uma chance de conhecê-lo pessoalmente. Ele já relatara em e-mail (trocamos muitos) que numa das passeatas “fora Dilma”, ‘fora PT”, ficou tentando em meio aos quase 30.000 manifestantes me localizar. Em vão. Éramos muitos os idosos. A juventude está cada vez mais alienada, ou conformada, sei lá.

Não poderia fazer o mesmo, pois avatar não faz passeata de protesto (rsrsrs).

O fato é que quase íntimos, com algumas dezenas de mensagens trocadas, sobre assuntos jurídicos, políticos, de show business, de música, futebol, envio de  fotos, etc, não nos conhecíamos.

O encontro dos comentaristas do blog não aconteceu, em face de doença e posterior falecimento de um dos mais atuantes debatedores (Carlos March).

Estávamos condenados, talvez, a uma eterna camaradagem puramente virtual. Até que o acaso, sempre chamado de mero acaso, nos colocou frente-a-frente num quiosque de venda de coco, no calçadão.


Terei, doravante, muito mais cuidado com Avatares. Imagina se eu devesse alguma coisa para ele? Nem teria como me defender porque não fazia a menor ideia de como era.


 

Muito prazer!



11 de junho de 2017

Depois dos 4X3 no TSE


É trágico, não deveríamos fazer galhofa. Mas se é para chamar a atenção e mantermos o episódio vivo na memória, como os 7X1 da Alemanha, vamos rir.











Aqueles que acompanham o blog sabem o que penso do Judiciário. Caminha a passos céleres para o descrédito total. A magistratura já contém muitas maçãs podres. O Joesley deveria ser compelido a denunciar  os juízes (titular e substituto) que alega ter comprado.

A manifestação abaixo, de um procurador da República, expressa bem nosso repúdio.