Para chegar às 7 da manhã, no Barreto, eu acordava às 6 horas.
Banho, café e ônibus até a fábrica de fósforos da Cia. Fiat Lux. Corria o ano
de 1962.
Eu era chefe de contas correntes no Banco Metropolitano,
função que herdei de meu amigo Hermes Santos, que havia me levado para o banco
um ano antes.
O Hermes foi trabalhar no departamento de pessoal da Cia.
Fiat Lux, levado por seu colega de faculdade de psicologia, chamado Abigacyr
Ribeiro, que era o aplicador dos testes psicotécnicos tão em moda na época.
Ora vejam só, apresentado pelo Hermes ao Abigacyr, acabei
convidado pera trabalhar na empresa fabricante de fósforos, numa nova função
que estava sendo criada. Haveria aplicação dos famigerados testes (Rorschach,
PMK, etc.), no Escritório Central, no 8º andar do prédio 134, na Rua Visconde
Inhaúma, no Centro do Rio de Janeiro.
Aparentemente seria um retrocesso. Deixar o centro do Rio de
Janeiro (Rua da Carioca) onde trabalhava das 9 às 16 horas, de gravata, para ir
trabalhar num fábrica em São Gonçalo seria uma aposta de risco. Mas arrisquei.
Passados dois anos fui transferido da fábrica para o Escritório Central, porque a função que eu exercia na fábrica seria extinta. Éramos quatro nesta função, e três de nós fomos transferidos, para diferentes áreas na administração
central. Como já cursava a faculdade de Direito, acabei sendo lotado no
Departamento Legal.
Nunca deixei e nem deixarei de ser grato a esta empresa, que
na época tinha controle acionário inglês.
Tive muitas oportunidades, aproveitei algumas e negligenciei
outras. Aprendi muito. Em vários sentidos.
No departamento legal acabei, pelas circunstâncias, ficando
especialista em Direito do Trabalho. Ainda não era formado, mas este fato não
me impediu de, à curto prazo, fazer audiências, representando a empresa como
preposto, fazendo a defesa oral.
A empresa tinha sob contrato (advocacia de partido) o
Escritório do Nélio Reis, uma dos mais festejados advogados trabalhistas do Rio
de Janeiro, professor na PUC e com livros publicados.
Assim, as causas de maior complexidade ou que envolviam
maiores valores, eram acompanhadas pelos advogados Mario Cálcia ou Chermont de
Brito, dois dos advogados que trabalhavam no escritório do Nélio Reis.
A par disto, tinha a minha disposição, nas estantes do setor
legal, além da legislação em vigor, algumas coleções de autoria de consagrados
autores, como Evaristo de Moraes (pai), Orozimbo Nonato, Mozart Vitor Russomano
(na época o mais respeitado doutrinador, depois ministro do TST) e outros.
Acrescente-se que na Faculdade de Direito de Niterói (UFF),
tive como professor da matéria (Direito do Trabalho) ninguém menos do que
Geraldo Montedônio Bezerra de Menezes, jurista e professor, fundador e primeiro
presidente do TST.
Acreditem que nos três anos em que permaneci no setor legal da
Fiat Lux aprendi muito sobre legislação trabalhista e previdenciária. Sabia
mesmo. A CLT tinha de cor.
Por conta disto viajei bastante pelo Brasil, visitando as
diversas unidades da Companhia (São Paulo, Jundiaí, Curitiba, Piraí do Sul), para
treinar e supervisionar o trabalho dos funcionários das seções de pessoal.
A cada norma legal trabalhista ou previdenciária,
interpretava e emitia circulares com instruções para as fábricas e escritórios
regionais.
Consolidada minha reputação como bem preparado advogado (já
diplomado), da área trabalhista, fui consultado se aceitava migrar para a área
administrativa, para implantar a gerencia de Relações Industriais, denominação
originária da área de Recursos Humanos, nome importado dos USA.
Aceitei, claro, pois seria elevado ao nível gerencial e
receberia mais dindim. O projeto básico era da Deloitte consultoria e auditoria
internacional contratada. Minha tarefa seria a implantação do projeto,
compreendendo seleção e contratação da equipe.
O organograma previa criação de setores de recrutamento e
seleção; cargos e salários; treinamento e desenvolvimento; serviço social e
setor de pessoal.
Bem, conhecer a legislação trabalhista ajudaria mas não seria
o suficiente para a empreitada. Então a empresa me propiciou os cursos
necessários, sendo os dois mais importantes os que fiz no IAG da PUC, com foco
em administração de recursos humanos, e o básico de administração, realizado na
Fundação Getúlio Vargas.
Foi assim e por conta disto, que nos anos 1970 conheci
cidades na época desconhecidas e até bastante atrasadas em termos econômicos.
São exemplos São Lourenço da Mata, em Pernambuco, que agora tem até Arena que
foi utilizada na Copa de 2014; e Icoaraci,
no Pará. Nenhuma destas cidades tinha atividades industriais, senão
artesanais e a atividade principal era rural mesmo.
Orla de Icoaraci - antes |
Orla de Icoaraci - atualmente |
Projeto aprovado da SUDENE, a fábrica de São Lourenço do Mata, levou-me a trabalhar na fase pré-inaugural cuidando de seleção e treinamento de mão-de-obra. Mais capacitação. E pouco tempo depois, em Icoaraci, em projeto aprovado pela SUDAM.
Muçuã ou jurará |
E também comi boas peixadas e moquecas paraenses em Icoaraci.
A cerveja era a regional Cerpa.
Trabalhando nestas cidades de poucos recursos (Icoaraci e São
Lourenço da Mata), a saída era ficar hospedado em Belém e Recife,
respectivamente.
Cerpa, versão atual |
A lagosta ao thermidor do Leite, um dos mais tradicionais
restaurantes da capital pernambucana, com música ao vivo (pianista), ficou em
minha memória gustativa.
Carrano, vc tem um extraordinário poder de síntese.
ResponderExcluirSe eu for comentar ou fazer um post nesse contexto, vou gastar ums 40 páginas em A4. Então, aki ouvindo Massive Attack e teclando com Johnnie me vigiando, apenas .... leio.
Sds TETRAcolores !!
PS: kd elas ??? onde estamos errando, para elas sumirem ?
Não é poder de síntese não, Riva. É que são poucas as coisas a contar mesmo (rsrsrs).
ResponderExcluirEsta série não vai ter fim, com pequenas "tréguas" para outros temas.
A gente deve escrever as memórias enquanto elas ainda são residuais. Quando os neurônios ficam necrosados não há mais como.
Como diria Azagalo, vocês vão ter que eme aguentar (rsrsrs).
Além de tudo é modesto (he he he he).
ResponderExcluirE distraído. O nome do técnico autor da frase é Mario Jorge Lobo Zagalo. E ele disse vocês terão que me aturar.
O nome dele e a frase saíram trucados em seu comentário.
O comentário não saiu "trucado", Gusmão. Porque não teve truque algum.
ResponderExcluirEle saiu truncado, ou empastelado se você prefere uma linguagem mais pertinente.
KKKKKKK
Quem rí por último ri melhor.
Você sabe se o Abigacyr Ribeiro ainda vive? Tem contato com ele?
ResponderExcluirNão Simone, perdi o contato com ele há muitos anos.
ResponderExcluirMudei para São Paulo em 1972, e nunca mais tive nos encontramos.
Encontro, vez ou outra, com o Hermes Santos. Ele foram contemporâneos na Faculdade de Psicologia, em Niterói.
Aproveitando o gancho da consulta da Simone, informo que a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, funcionava, à noite, no prédio da Escola Aurelino Leal, na Rua Presidente Prudente, no Ingá.
ResponderExcluirQuase defronte a Faculdade de Direito, onde eu estudava.
Com isso encontrava frequentemente, na porta do Aurelino Leal, com o Hermes, o Abigacyr, o Álvaro Cardoso de Oliveira e o Antonio Carlos Bonard Dias. Todos trabalharam ou ainda trabalhavam na Fiat Lux.
Álvaro e Bonard faziam História.
A função extinta na fábrica, foi a de Supervisor de Produção. Eramos 5 ocupantes: Péricles Sodré, Alvaro Cardoso de Oliveira, Antonio Carlos Bonard, Fernando Palma e eu.
ResponderExcluirObrigada pela sua resposta. Sou sobrinha dele, também Psicóloga e o meu filho está fazendo Psicologia.
ResponderExcluirTambém mudei para São Paulo anos atrás ( Itaim Bibi), mas já moro há 10 anos nos USA.
Nossa família também perdeu o contato.
Eu é que agradeço Simone, sua visita virtual e a participação em comentários.
ResponderExcluirAinda que mal pergunte: Hillary ou Trump ?
Vou perguntar ao Hermes Santos, que foi colega do Abigacyr na Faculdade, e trabalharem juntos, se ele tem notícias.
Até o final da semana volto aqui com informação.
Jorge eu sou Conservadora, aqui Republicana, logo o meu candidato é o TRUMP!
ResponderExcluirE mais uma vez vez obrigada pela atenção e cordialidade.
Simone,
ResponderExcluirMuito raramente encontro o Hermes Santos no Fórum, porque ele atua basicamente na área criminal e eu no cível.
Mas em minha agenda tenho os números de telefones.
Tentei o convencional e a operadora (Oi), informa estar desligado. No celular entra gravação informando que o número não existe ou está fora de área.
É possível que ele tenha se aposentado, pois está com mais de 80 anos (é mais velho do que eu). Na última vez em que nos encontramos referiu dificuldade com o processamento eletrônico. Depois de certa idade fica mesmo mais difícil aprender os segredos e mistérios da computação e ele sempre resistiu (nem endereço eletrônico tem).
Sem compromisso, mas apenas também por curiosidade minha, se acaso venha a encontrar o Hermes procurarei me informar sobre o Abigacyr.
O Hermes formou-se em psicologia e lecionou durante alguns anos. Depois, porque graduado também em Direito, passou a advogar, inicialmente na área de direito de família e depois criminal. É também poeta (com livro publicado).
Se eu morasse nos USA (coisa que nunca cogitei, pois preferiria a Europa, se fosse o caso), ficaria em dúvida entre Hillary e Trump.
Antigamente, muito antigamente, dizia-se que o que era bom para os EEUU era bom pra o Brasil. Então que vença o menos ruim (lol).
Tenho amigos na Carolina do Norte (Greenville) e no Kansas (Wichita).
No Itaim Bibi mora uma grande e antiga amiga (se eu escrever velha ela ficará braba), chamada Marcia de Carvalho Santos.
Em São Paulo, morei no Brooklin Novo (Rua Michigan) e depois no Campo Belo (pertinho).
De novo, obrigado pela visita.
Saúde e paz.
Jorge eu moro na Califórnia, já morei na Inglaterra, em Londres.
ResponderExcluirPosso dizer firmemente, sem pestanejar, sou muito mais os USA para morar e
a Europa para viajar!!!
Tenha um excelente dia!
Obrigado! Volte e quando queira.
ResponderExcluirVocê, afastada do Brasil há tanto tempo, ainda lembra o Lulu Santos? E de sua composição abaixo?
"De Repente, Califórnia"
"Garota, eu vou pra Califórnia
Viver a vida sobre as ondas
Vou ser artista de cinema
O meu destino é ser star
O vento beija meus cabelos
As ondas lambem minhas pernas
O sol abraça o meu corpo
Meu coração canta feliz
Eu dou a volta, pulo o muro
Mergulho no escuro
Sarto de banda
Na Califórnia é diferente, irmão
É muito mais do que um sonho
A vida passa lentamente
E a gente vai tão de repente
Tão de repente que não sente
Saudades do que já passou
Eu dou a volta, pulo o muro
Mergulho no escuro
Sarto de banda
Na minha vida ninguém manda não
Eu vou além desse sonho
Garota, eu vou pra Califórnia
Viver a vida sobre as ondas
Vou ser artista de cinema
O meu destino é ser star"
No YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=930fQuQeK48&list=RD930fQuQeK48#t=13
(Copy and paste)
Simone, vc mora em que cidade da California ?
ResponderExcluirOi Riva! Eu morei em Mountain View ( Vale do Silício) e agora moro em Rocklin, uma pequena cidade a 30 minutos da Capital.
ExcluirSimone,
ResponderExcluirAlém da curiosidade do Riva, nosso confrade, uma outra amiga e também frequentadora do blog andou bisbilhotando seu perfil no Facebook.
E me telefonou lamentando o pouco domínio do idioma inglês (lol).
A sua amiga não tem o domínio do inglês, ela não é obrigada!!!
ResponderExcluirA maioria dos meus posts são em Português, pelos meus amigos, família e poucos seguidores.
Fale para ela que nunca é tarde para aprender!
Abraços!!!!
Tenho resistido ingressar no Facebook. É um universo que não conheço. Vários amigos, irmã e filhos (todos com contas lá) já me incentivaram a entrar. Sugeriram até uma identidade fake.
ResponderExcluirMas ainda prefiro ficar limitado aqui no meu cantinho. Pelo menos por enquanto.
Como ainda trabalho meu tempo é bastante restrito.
Simone (repeteco de comentário em outro post)
ResponderExcluirTendo tempo e paciência dá uma espiada nos posts com links abaixo.
Foram escritos por amigos que moram nos EEUU.
Têm visões interessantes sobre o país.
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/05/um-brasileiro-na-carolina-do-sul.html
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2015/01/carnaval-em-wichita.html
É preciso selecionar e colar na barra do navegador.
Agora a segunda intenção (inconfessável). Está disposta a enviar alguma coisa sobre a cidade onde reside? Obrigado.
Claro que estou disposta a escrever sobre a cidade em que resido, que por sinal é uma graça!!!
ResponderExcluirVou colhendo alguns dados e quando estiver pronto eu te envio com imenso prazer.
E quem quiser me adicionar no Facebook : Simone Sarow
Vou fazer uma campanha: CARRANO NO FACEBOOK!!!!
Vamos combinar uma coisa Simone. Fico aguardando, ansioso, seu texto sobre Rocklin (que confesso nunca ouvira falar), em contrapartida você fica "sittin' on the dock of the bay" aguardando minha adesão ao Facebook (rsrsrs)
ResponderExcluirBrincadeirinha, no espírito da sua campanha.
Olá Simone ! Desculpe a demora no comentário, mas o trabalho me consome atualmente rsrsrsrs.
ResponderExcluirUm dos meus filhos morou em Truckee, e chegamos a visitá-lo. Naquela oportunidade, pousamos em Reno. Depois de fazermos o perímetro do Lake Tahoe (lindíssimo), descemos a serra de Truckee até San Francisco - paramos em Vacaville para umas comprinhas.
Depois de Frisco, descemos até o Big Sur pela US1. Foi uma das viagens mais bonitas que fiz na minha vida, sem exagero. Carmel então .... a US1 é um desbunde !!
Vou xeretar sua cidade, pois não a conheci, mas sendo onde é, deve ser uma belezinha.
Eu não tenho Facebook, pego carona no da minha esposa. Ansioso pelo seu post aki no Pub da Berê.
Simone fade away ..... LoL
ResponderExcluirSem deixar vestígios.
ResponderExcluirNem impressões digitais, nem pegadas, nem migalhinhas de pão que pudéssemos acompanhar, nem caixa postal, nem um so long ou bye-bye.
Pluft!