6 de setembro de 2016

Haja saco

Perdoem os que pensam em contrário, mas certas coisas me enchem  a bolsa escrotal.

Querem um exemplo? O tal do tour da tocha olímpica. Aliás são dois porque tem o da tocha paralímpica. Ainda bem que acabou, por enquanto, porque daqui a quatro anos teremos as repetições da chatice. Mudarão os cenários e os personagens, mas a chatice será a mesma.

Outra coisa que não consigo aceitar, é a execução do Hino Nacional antes das partidas do campeonato brasileiro. E quando executam, também,  o hino do Estado? Aí a dose é dobrada. 

Presenciamos demonstrações explícitas de desrespeito, de irreverência  e falta de patriotismo. Atrasa o início do jogo, esfria o atleta que acabou de se aquecer para a partida (7º em Curitiba) e o pior, a maioria faz mímica com a boca porque não conhece a letra. 

E quem arrisca cantar erra na maioria das vezes, trocando e atropelando  os versos.

Quero que alguém me dê uma razão, uma só, para a execução do hino nacional naqueles ambientes. O que estamos reverenciando, ou exaltando ou homenageando?

Na minha infância/juventude, anos 1940/1950, nos colégios, antes de entrarmos em sala de aula  ficávamos em forma ouvindo a gravação e cantando junto . Fazia todo o sentido, pois era exigido o comportamento respeitoso e nos incutia o espírito patriótico. Muitas vezes a execução do hino era acompanhada do hasteamento da bandeira nacional. Éramos moldáveis, precisávamos de estímulos e formação cívica.

Outra coisa chata é a tal da previsão do tempo, com aquela sucessão de imagens ininteligíveis para mim, num mapa do Brasil, com explicação sobre ventos, que giram no sentido anti-horário e ventos que sopram de sudeste para noroeste, correntes tropicais e o cacete a quatro.

Meu Deus! Não pretendo ir ao Piauí, portanto o tempo amanhã por lá não tem interesse maior para mim; não faz a menor diferença se teremos ondas de até três metros no litoral pois não vou surfar.

Claro que para um reduzido número de pessoas ter uma previsão das condições climáticas ajuda um pouco. Mas tirante eventos naturais de grande poder de destruição (tempestades tropicais, furacões e que tais) que são de interesse geral, o dia-dia poderia ser divulgado e atualizado em sítios na internet a fim de que interessados pesquisem. 

Que farão os piauienses devidamente informados de que o dia será de sol e a seca irá continuar? Comprarão um guarda-sol? Não sairão de casa? Irão para São Paulo abandonando a terra natal?

Claro que me preocupa a falta de chuvas e a seca no sertão. Preocupo-me, como ser humano (sou?), com o sofrimento daquela gente desamparada, usada como massa de manobra por políticos inescrupulosos.

Mas daí a querer ser informado do porque não vai chover lá amanhã há uma diferença muito grande. Acho que seria melhor empregado a tempo televisivo, com matérias denunciando a roubalheira dos governos locais, que desviam recursos destinados à construção de poços artesianos e verbas que deveriam ser empregadas no transporte das crianças até suas escolas, a quilômetros de distância em empoeiradas estradas improvisadas.

Vamos buscar soluções, ao invés de ficarmos nos torturando mostrando mapas e comentando que há três meses não chove na região. Entra ano e sai ano a mesma coisa.

O povo lá morre de inanição, mas bem informado sobre os ventos alísios e o El Niño. Grande consolo.

Ademais, nós podemos mudar os rumos da economia, podemos construir barragens, açudes, poços, mas não podemos mudar a natureza, não há como alterar a força dos ventos ou a incidência de chuvas. Como conter a erupção de um vulcão?

Nem Deus, na minha opinião. Se Ele criou perdeu o controle.

Falar nisso, onde anda o cacique que fazia chover ou evitava chuva?

2 comentários:

  1. Pois bem. Como dizer o que penso sem ofender o autor do post?
    Vejamos. Uma pessoa bem informada e/ou que pretenda ter visão crítica sobre economia, política, sociologia e outros temas correlatos, se interessa pelas condições climáticas do Piaui. Se acompanho nos noticiários quando
    o fogo destrói áreas imensas na
    Califórnia ou o frio intenso na Europ
    a, ou ainda o terremoto na Ásia, me
    interessa saber o que acontece
    em cada canto do meu país. Só conhecendo nossa realidade saberemos ou pensaremos sobre o que seria necessário para saner o problema. Assim como vc fez no blog ao citar algumas medidas que, a seu ver, deveriam ser implementadas.
    Entendo a execução dos hinos nacionais em jogos entre seleções. O hino é um símbolo da pátria e, sendo música, toca o emocional de atletas e público.
    Sendo assim, concordo apenas com o tal "tour" olímpico.
    Por minha parte , acho desnecessárias as resenhas esportivas .

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  2. Noticiário jornalistico, mesmo o televisivo, é uma coisa, espaço de previsões do tempo é outra.
    Grandes catástrofes são mesmo matéria de interesse geral, sejam furacões que destroem parte substancial da cidade de Nova Orleans, como o Catrina, ou um tsumani (provocado por um terremoto de magnitude 9,0) que causou mortes, destruições e até atinge usina nuclear como em Fukushima Daiichi, no Japão.
    Destruição e mortes no Morro do Bumba, em Niterói, também foi matéria jornalística.

    Nos municípios, sistemas de alerta em áreas de risco alertam a população sobre eventualidade de chuvas fortes ou ventos velozes. Ótimo. Importante e necessário.

    Nelson Rodrigues esgotou o tema da "pátria de chuteiras. Futebol é um negócio. Tanto que a CBF "vende" seus jogos para empresários que os organiza e realiza onde bem entendem.

    Na Champions, melhor competição interclubes, não executam hinos nacionais, e sim o hino especialmente composto para a competição. Os países onde se localizam os clubes participantes nada têm com o "negócio" futebol.
    Vasco, Flamengo, Botafogo e outros clubes, são marcas comerciais. Só isso.

    Na escola havia a matéria Canto Orfeônico, quando então aprendíamos hinos. E diariamente, perfilados, os alunos cantavam o Hino Nacional antes das aulas.

    Hino em estádio de futebol no Brasil é babaquice, é como desfilar de anjo em procissão de prostitutas. É como cantar "Tá chegando a hora" em final de baile carnavalesco.
    Aliás que fico deprimido ouvindo vaias ao hino porque está atrasando o início do jogo.
    A unica exceção era quando, no Maracanã, o hino era executado pela banda dos fuzileiros navais, que era, por si, um show artístico: sonoro e coreógrafo.
    Mas isso era no passado e nem todo mundo sabe ou viu.

    Também acho desnecessário comentário de arbitragem, por exemplo, porque conheço as regras do futebol e não seria um Arnaldo qualquer que me faria mudar de opinião sobre gol anulado.

    Bem, limito-me ao exposto para não abrir discussão estéril.



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