3 de julho de 2016

Disparates

Tudo começou com as estatísticas que viraram moda nas transmissões de jogos de futebol, nacionais e internacionais. Foi aí que me toquei que tem muita coisa que rotulo de babaquice.

As estatísticas apresentadas, por vezes são bizarras, risíveis, porque não guardam nenhuma realidade com o momento que vivemos, ou são de uma inutilidade abissal.

Como comparar, por exemplo, as seleções da Alemanha, campeãs do mundo em 1954 e 1974, com a seleção alemã campeã da copa de 2014? Nas duas primeiras conquistas, foi a Alemanha Ocidental, que se sagrou campeã, ao passo que em 2014 as duas antigas nações independentes, divididas na II Guerra, já estavam de novo unificadas em 2014.

Lance do jogo entre as duas Alemanhas, em 1974
Em 1974, por exemplo, quando a Alemanha Ocidental se sagrou bicampeã, as duas se enfrentaram na fase de grupos, com vitória da Oriental por 1X0. Disseram, na época, que foi intencional a derrota, para evitar confronto com o Brasil  ou Holanda nas fases de oitavas e quartas-de-final.

Seleção brasileira de 1962, sem Pelé

E comparar resultados de hoje da República Tcheca, com o  vice-campeonato obtido pela Tchecoslováquia na copa de 1962. Naquela época, a República Tcheca e a Eslováquia formavam um mesmo país. Logo, jogadores eslovacos podem ter contribuído para o resultado.

Pior, muito pior, é pretender comparações entre a Iugoslávia e as seis nações reconhecias, decorrentes de sua desintegração: Bósnia, Montenegro, Croácia, Macedônia, Sérvia e Eslovênia.

Mas não é só em jogos entre seleções nacionais que estas estatísticas apresentadas podem ser ridículas. No campeonato brasileiro também ocorre e pode ser  ainda mais absurda. Por exemplo, em meio a um jogo entre Vasco e Flamengo, o narrador informa em tom solene, que o clube cruzmaltino  não perde para  o rubro-negro, há mais de sessenta anos, em jogos realizadas nos meses de agosto, debaixo de chuva, no Maracanã com 120 mil pessoas presentes, válidos pelo campeonato carioca.

Ou seja, se jogo não é no mês de agôsto, ou não está chovendo, não dá para comparar. E se o público for menor do que 120.000 pessoas também não.

Provavelmente, neste exagerado exemplo, o Vasco tinha Danilo e o Flamengo tinha Dequinha, e o futebol era jogado em outra rotação, com bola de capotão e costura aparente. Dá para comparar com alguma coisa nos dias atuais?

Nada disso, os retrospectos,  tem implicação direta no jogo do momento.

Outra bobagem é a previsão do tempo com encenação entre apresentadores, com utilização de telas com gráficos e até recursos de animação, como correntes de ventos, etc. Não tenho ideia do que vem a ser zona de convergência do Atlântico Sul, ou tempestade intertropical e o que isto pode influenciar minha vida.

Fico imaginando o piauiense assistindo ao jornal de âmbito nacional e ouvir que vai gear no Paraná e pode cair neve em São Joaquim. O que há de pensar este nosso conterrâneo? O sentimento será de inveja? Ou de regozijo (bem feito, vivem melhor do que nós aqui neste sertão).

Ora os ventos alísios já me causaram problemas nas aulas de geografia nos anos 1950 e agora me preocupam porque trarão nuvens carregadas. Você sabe o que são cumulonimbus, El Niño? 

Vai surfar amanhã e quer saber a altura das ondas no litoral  entre o Rio Grande do Sul e o Espirito Santo? Não, pois você não vai velejar, não vai pescar e nem praticar stand up paddle  boarding ? Que droga, um dos telespectadores, morador do Rio Grande do Norte, ficou sem sabem a altura das ondas no mar  Potiguar.


Esta  assim como as outras imagens foram pinçadas no Google

E a execução dos hinos antes das partidas de futebol? É um incentivo ao patriotismo? Qualquer que seja a motivação é um tiro pela culatra. Ninguém sabe as letras dos hinos, e digo hinos porque em alguns estádios são executados o nacional e o do estado. As pessoas querem é dar adeusinho quando aparecem nos telões, quando há este recurso. Os atletas ficam se exercitando para manter o aquecimento, um horror de incivilidade, de desrespeito.

E tudo porque o evento é inadequado para tais demonstrações de amor a pátria. Já vi, juro, no Maracanã, vaiarem o hino porque  estava atrasando o jogo. Com Banda do Fuzileiros Navais e toda pompa e circunstância, em jogo da seleção nacional.

E olha que em jogos entre seleções nacionais esta é uma praxe comum, em todos os países. Só que jamais vi, em outros países, tamanho desrespeito durante a execução do hino nacional.

E mais, eles conhecem as letras e não ficam apenas fazendo mímica movimentando os lábios como se estivessem cantando. 

Tem muitas outras bizarrices, que deixo a cargo dos eventuais internautas que venham a este espaço por acaso, vício ou passatempo. É só colocar em comentários.

Encerro admitindo que minha opinião é só isso, uma opinião, nada mais. E outras contrárias também são. 

15 comentários:

  1. A implicância com a previsão do tempo encenada, teatralizada, não é novidade no blog:

    http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2015/05/apresentadoras-da-previsao-do-tempo-nos.html

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  2. Comentando "disparate" pelo viés aureliano de "absurdo", muito há a dizer. Por exemplo :

    - os ônibus atuais estão com os assentos mais estreitos, o mesmo em relação ao corredor. É um desconforto total, constrangedor às vezes. Eu só ando de ônibus ; posso falar "de cadeira" ou "de pé".

    - ontem fomos no Centro comprar uma peça para o tubo do nosso aspirador de pó. Só vendia a mangueira inteira.

    - excesso de atendimento .... ontem numa sapataria famosa do Plaza Shopping, mal entramos, começamos a ser seguidos por um funcionário/vendedor. Virei pra ele e falei : "Tá nos seguindo por que ?" ... Ele só conseguiu que ficássemos putos, e fomos embora.

    - já comentei, mas não custa falar de novo. A enorme quantidade de jovens que sentam nos assentos preferenciais dos ônibus e dos catamarãs, pegam logo o celular e ficam teclando, disfarçando, para ninguém se manifestar. Aqui uma polêmica : 99,99% dos jovens que fazem isso são do sexo feminino. Podem conferir minha estatística.

    - o Centro do Rio em obras .... impossível um cego ou cadeirante andar por ali. Rasgando normas de acessibilidade.

    - No TWITTER além da campanha pela Operação LAVA TOGA, tem também uma corrente para classificar os documentos de identidade em PESSOA HONESTA e PESSOA DESONESTA, tendo em vista já ser normal ser desonesto. Com isso as lojas e diversas empresas de serviços podem oferecer promoções diferenciadas para quem tem documento de honesto e/ou de desonesto. Claro, quem é desonesto pega as melhores promoções.

    Assentos preferenciais também podem ter uma cor vermelha para os honestos sentarem (afinal, são poucos hoje em dia).

    - não vou fazer comentários sobre disparates em POLÍTICA, pois estou sem tempo.

    - disparate em FUTEBOL : a Islândia. Mas acho que hoje acaba. Foi abusada demais rsrsrsrs. Mas torço por eles. E que torcida !!

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  3. Riva,
    Já que você deu uma abrangência maior, embora se mantendo nos absurdos, acho um disparate, os parâmetros de lotação nos elevadores. No prédio onde trabalho a capacidade estabelecida é de 6 passageiros ou 420 Kg. Ou seja, 70 Kg por passageiro. Ninguém se importa com o peso, apenas com a número de passageiros, claro.
    Acho que nem em Biafra (antiga) adultos, em média, pesavam 70Kg.
    Talvez seis modelos/manequins, tipo Gisele Bündchen, que pesam entre 50 e 60 Kg., no somatório fiquem abaixo dos 420 Kg.

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  4. Carrano foi bastante espirituoso nos comentários sobre babaquices estatísticas. Ontem mesmo saiu em algum lugar um comentário que a maioria dos jogos do atual Brasileirão é vencida por quem tem menos posse de bola.

    Nos jogos da Copa América, foi praxe a execução do hino dos EUA pouco antes de começarem os trabalhos do jogo em pauta. Pois até os locutores da SporTV se mantinham calados em respeito ao hino americano.

    Já escrevi em outro post, mas repito: que coisa linda é o hino da Eslováquia.

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  5. As estatísticas devem ter lá alguma utilidade, mas realmente provoca grandes equívocos. Quanto a terminologia técnica da metereologia, li a pouco tempo que apresentadores da Globo deste setor precisam fazer cursos para dominar o jargão. Não me afeta nem o texto nem as imagens. Acostumei a identificar pela cor as temperaturas e volume de chuva e assim, mesmo sem som, costumo avaliar as condições na minha região. Afinal, se advogados, enólogos, astrônomos, motociclistas e comentaristas de futebol utilizam (e não abrem mão) de terminologia específica, porque não os apresentadores da previsão do tempo?
    Mas relaxem porque não discordo em tudo.
    Um absurdo o tamanho dos assentos de ônibus e aviões, o peso médio permitido em elevadores, anacesibilidade, o desrespeito às vagas para idosos e deficientes (quer seja nos lugares reservados em ônibus, quer seja nas áreas de estacionamento para carros). O que dizer então dos gritos durante os hinos?
    Alguns desses absursos são preciosismos ou exibicionismo outros são pura falta de educação.

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  6. De hinos : não conheço o da Eslováquia, mas deve ser novo, tendo em vista a divisão do país. No meu caso, nada supera em harmonia e beleza o da Alemanha. Me vira do avesso.

    De elevadores, meu caro Blog Manager, os DISPARATES são imensamente mais graves do que os mencionados por você. Falo do TOTAL descumprimento das normas brasileiras de operação e manutenção, de segurança, de modernização e de acessibilidade.

    Só posso te dizer uma coisa, uma só : se vc um dia for responsável por qualquer serviço em elevadores ( e eu sou há 20 anos), NÃO DÊ UM PASSO SEM ANTES CONTRATAR UM ESPECIALISTA PARA TE ASSESSORAR, DESDE A ANÁLISE DA PROPOSTA, CONTRATO, EXECUÇÃO, ENTREGA e PÓS VENDA.

    As empresas de seguro deveriam fazer o mesmo, antes de darem um preço e elaborarem uma apólice de seguro. Mas querem desesperadamente faturar, em cima de ESTATÍSTICAS DE RISCO. #simplesassim

    Temos também os disparates em relação à conformidade com as normas de segurança em incêndio nos prédios ...... chega. Vou me divertir um pouco.

    FRANÇA deve ARRASAR a Islândia.





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  7. Tem razão Jorge. Previsão do tempo na tv é o cumulus. Ashuashuashua

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  8. Boa, Kayla!

    Não era uma piada pronta. Você foi espirituosa e sagaz.

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  9. A França tratou a Islândia como Islândia.

    Torcida alegre, simpática, animadíssima, mas o futebol ainda é primário. Só entusiasmo.

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  10. Os sonhos morrem primeiro, já disse alguém, não é Gusmão?

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  11. A França respeitou a Islândia durante todo o jogo. Penso que outras seleções entraram achando que a Islândia era fácil, time calouro, e entraram pelo cano. A seriedade da França, medindo a régua cada passe, cada atitude, mesmo depois de feitos os primeiros gols, foram fundamentais para o sucesso.

    Porque o juiz não marcou pênalti claro da bola na mão do francês, que poderia ter dado mais gás aos islandeses para procurar uma (improvável) reação?

    Vi outros pênaltis muito mais sutis serem severamente marcados nessa Eurocopa. Só porque esse era a favor da Islândia em plena França contra franceses?

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  12. Esqueci de mencionar no texto uma das coisas mais sem graça, tolas, bizarras que já vi: o tal do tour da tocha olímpica.

    Tem coisa mais boba?

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  13. Valeu para mostrarmos nossa imensa mediocridade e desprezo pelos jogos, com um mané tentando apagar a tocha. Somos ridículos demais .....

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  14. Por falar em futebol, mas o americano, de bola oval, o Vasco começou arrasador o campeonato brasileiro:

    http://globoesporte.globo.com/es/futebol-americano/noticia/2016/07/vasco-arrasa-rio-branco-es-na-estreia-do-brasileiro-de-futebol-americano.html

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