25 de abril de 2016

AMIZADES

Fomos vizinhos, colegas na escola, e amigos

Ele morava no início da Rua Visconde de Uruguai, numa boa casa. Alias que foi na sala desta casa que nós treinamos dançar valsa. A valsa de formatura. Ensaiávamos com sua irmã (mais velha) e uma amiga que morava nas vizinhanças.

Sim, podem não acreditar, mas na formatura do curso ginasial (primeira fase do secundário), havia missa e baile de formatura, com orquestra ao vivo – Waldyr Calmon – no nosso caso.

Vejam, na foto abaixo, o grupo de formandos, no dia da missa, mandada rezar na Catedral de São João Batista.

Doraly José do Canto, o amigo a quem homenageio neste post, está à esquerda, ao lado da irmã. Eu, por outro lado, estou do lado direito, na fila logo acima das meninas.


Dezembro de 1954

Nesta outra foto estou (ao centro) com parte da família e amigos.

O baile foi nos amplos salões da Associação Comercial, no Rio de Janeiro, onde alguns poucos anos depois fomos a um baile diurno, muito concorrido, chamado “Mamãe eu vou às compras”.

O nome era uma alusão às meninas que diziam estar saindo com amigas para compras, mas iam se esbaldar no baile referido.

Mas em matéria de carnaval nenhum outro chegou perto em alegria e diversão, senão os dois que fomos brincar (em anos consecutivos) no "Democráticos", sociedade carnavalesca com sede no centro do Rio de Janeiro.

Nós éramos realmente muito unidos. Eu morava na Rua São Diogo, bem próximo da Visconde de Uruguai onde ele morava. Por conta dessa ligação ele frequentava minha casa e eu a dele. Mesmo quando a família dele mudou da Ponta D’Areia para o Fonseca continuei indo a sua casa para jogar “biriba” e lanchar após o jogo de buraco.

Fizemos alguns passeios juntos, como aquele a Saquarema documentado em foto do post anterior, quando ele foi nosso convidado. Mas de outra feita fomos para Mangaratiba levados por seu irmão mais velho.

Graças a este irmão mais velho, conheci e fui uma noite à famosa “Mimoso Manacá”, clube/gafieira que existiu no centro de Niterói, onde estranhos não entravam (só convidados), muito menos se fossem brancos (rsrsrs).

O pai do Doraly tinha a concessão para explorar os bares do Estádio do Caio Martins, na época em que o Canto do Rio disputava o campeonato carioca. Em consequência todos os clubes vinham jogar aqui, ou no turno ou no returno.

Não perdia um só jogo do Vasco por conta disso. Mas dos outros clubes grandes também. A gente chagava cedo no estádio (como funcionários do bar), ficávamos um pouquinho vendendo “Brahmas” (o que nos rendia uns cruzeirinhos) e mal iniciava a partida íamos assistir ao jogo.

Frequentávamos a praia de Icaraí, onde chegávamos em sua bicicleta (eu não tinha). Depois da paquera tradicional, tomávamos  um Chicabom antes de voltar para casa.

Por falar no picolé da Kibon, vendido em carrocinhas, durante um pequeno período em que estudamos no centro do Rio, no curso Tamandaré, ele era viciado num achocolatado, chamado Sustincau (se não me engano) que era vendido também em  carrocinhas.

Tivemos pequenas divergências, pequeno atritos, mas nunca brigamos mais seriamente.

Nosso afastamento deveu-se ao fato dele ter casado e no mesmo dia viajado par a Chapada dos Guimarães onde pretendia se estabelecer como fazendeiro. Grande e longa história, na qual ele pretendia me envolver, assim como ao Hermes e ao Vantelfo.

Ninguém poderá negar-lhe o espírito aventureiro como se depreende do e-mail que me enviou, faz algum tempo, justificando sua ausência do país e nosso afastamento. Publicado ontem, está em http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2016/04/retrovisor.html

O fato de vivermos tão distantes, termos constituído famílias que não se conhecem, exercermos atividades tão distintas, não apaga de nossas vidas a fase em que éramos mais ou menos unha e carne.

Graças ao fantástico recurso de busca da internet, que há pouco acionei,  localizei o Doraly residindo em Alfredo Chaves, no ES, onde mantém um negócio de representações comerciais.

O que  desejo para ele é que desfrute a vida, ao lado de sua família, com saúde, paz e sucesso. 

N. do A: post anterior mencionando o Doraly
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2016/04/retrovisor.html

6 comentários:

  1. Bonito gesto, Carrano.

    Temos que valorizar as amizades leais, desinteressadas.

    Como você mesmo disse um vez, as amizades da infância são realmente as que se solidificam e se eternizam.

    ResponderExcluir
  2. Mas não é verdade, Gusmão?

    Você pode até perder o contato, deixar de escrever ou telefonar, mas um fato de seu passado, uma foto num álbum ou uma carta guardada resgatará o amigo ou a amiga em sua memória afetiva.

    A internet viabilizou reencontros, embora que somente virtuais, inimagináveis.

    No meu caso são inúmeras as pessoas com as quais voltei a ter contato passados muitos anos.



    ResponderExcluir
  3. Lembro do Doraly e da família dele. A irmã se chamava Adélia, não é? Quero testar minha memória.

    ResponderExcluir
  4. Belo post sobre amizade.

    Minha única "crítica" é quanto à foto com 2.067 pessoas e vc diz ...o Doraly é aquele na esquerda, eu sou o da direita !! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Onde está Wally ?

    Belo texto. Vcs deveriam tentar se reencontrar. Hoje tudo é tão perto.

    ResponderExcluir
  5. Minha mãe sempre conta que meu bisavô foi músico no Mimoso Manacá. Tenho inclusive uma foto dele. Gostaria de saber mais sobre esse famoso local.

    ResponderExcluir

  6. Caro Anônimo, fui levado ao local pelo irmão mais velho do amigo Doraly.

    Lamento mas nada tenho a acrescentar.

    Obrigado pela visita virtual.

    ResponderExcluir