3 de fevereiro de 2016

Futebol na Europa II


Este ano haverá uma edição do Campeonato Europeu de Futebol, conhecido como Eurocopa, a meu juízo uma competição mais equilibrada do que a Copa do Mundo da FIFA.

Entretanto é nesta competição que fica evidente que o que faz com que os campeonatos europeus, em especial os da Inglaterra, da Alemanha, Espanha, Itália e França sejam tão atraentes e vendidos para o mundo todo, é também um veneno para as seleções nacionais.

Acaba por ser tecnicamente inferior à Champions League.

Vejamos os seguintes fantásticos ataques de alguns dos últimos campeões da Champions:
Real Madrid – Bale (galês), Benzema (francês), Cristiano Ronaldo (português).
Barcelona: Messi (argentino), Luis Suárez (uruguaio), Neymar (brasileiro).
Bayern de Munique: Ribéry (francês), Robben (holandês), Lewandowski (polonês). E em outras posições ou na reserva: Tiago Alcântara e Douglas Costa (brasileiros) Arturo Vidal (chileno).
Chelsea:  Hazard (belga) Diego Costa (espanhol) Pedro (espanhol). E em outras posições ou na reserva: Fàbregas (espanhol) William, Oscar e Kenedy (brasileiros) Falcão Garcia (colombiano). E agora Pato.

E no Paris Saint-Germain, que não ganhou a Champions mas está crescendo: Ibrahimovic´ (sueco), Cavani (uruguaio), Di Maria  e Lavezzi (argentinos). Mais uma série de estrangeiros em outras posições. O PSG tem 24 pontos a mais do que o segundo colocado no campeonato francês.

Africanos (muitos), asiáticos (alguns), sul-americanos (argentinos, brasileiros, chilenos, colombianos, etc), não irão disputar a Eurocopa, mas participam, por suas equipes, na Champions.

A seleção alemã é boa? É. A seleção espanhola  é boa? É. A seleção italiana e boa? É. No momento a seleção belga é boa? Sim, é muito boa. Mas algumas das equipes citadas jogam futebol mais vistoso, mais estético, mais agradável plasticamente do as seleções.

O futebol na Europa melhorou muito em função, também, da importação, pelos clubes, de técnicos com visões e táticas diferentes. Na Inglaterra os técnicos dos times de ponta são holandeses, espanhóis, argentinos, franceses, um alemão e um chileno. Já teve, até pouco tempo, um português e um espanhol.

Enquanto isso, na Alemanha, brilha um técnico espanhol. Brilhava, pois enquanto escrevia este texto, o  Pepe Guardiola se comprometeu com o Manchester City, clube inglês que dirigirá na próxima temporada. E nem se pode dizer que o Manuel Pellegrini  (chileno) não fez um bom trabalho no Manchester City.

A equipe campeã invicta do Arsenal, na temporada 2003/2004, foi responsável pelo alavancagem do futebol na Inglaterra e fez da Premier League a campeonato mais importante do planeta.

Isto porque o Arsène Wenger montou uma equipe que jogava um futebol arte sem deixar de ser competitiva. O futebol inglês deixou de ser o do chuveirinho, da bola alçada na área. Ainda hoje a equipe da Arsenal não dá chutão e não tem jogador trombador. E o Wenger está completando 20 anos no clube.

Bem, Alex Ferguson (escocês) ficou 26 anos a frente do Manchester United, mas seu estilo era diferente, embora também vitorioso.

A universalização de jogadores e técnicos esta contribuindo muito para melhoria do futebol e diminuindo as diferenças técnicas e táticas entre os clubes e seleções. 

Quando, há alguns anos, poderíamos imaginar que a China, a Índia e países do Oriente Médio teriam ligas de futebol atraentes. E que a liga americana ressurgiria das cinzas deixadas por Pelé, Carlos Alberto (capitão do tri), Beckenbauer e outros bons jogadores.

Alguns técnicos brasileiros tiveram oportunidades em times de ponta na Europa, mas não aprovaram. Casos de Luiz Felipe Scolari, no Chelsea, e de Wanderley Luxemburgo, no Real Madrid.

Abaixo alguns técnicos estrangeiros que dirigem equipes inglesas. O destaque, neste momento, vai para o veterano Claudio Ranieri, italiano, que comanda o modesto Leicester City, colocado entre os primeiros no campeonato.

Mourinho, ora sem clube, foi responsável pela ascensão do Chelsea a condição de protagonista na Premier League.

Já fiz esta comparação e vou repeti-la. A uva cabernet sauvignon se adaptou tão bem em vários países que os vinhos desta casta estão quase pasteurizados. As diferenças entre os fabricados em diferente regiões é muito pequena.O futebol vai por este caminho.


Arsène Wenger
Louis van Gaal
Jürgen Klopp
José Mourinho

Rafael Benitez


Manuel Pellegrini
Claudio Ranieri

Mauricio Pachettino


É fato que algumas gerações de jogadores e táticas inovadoras empregadas levaram alguns países a brilharecos. Vi o fabuloso selecionado húngaro de 1954, com Puskas; vi o carrossel holandês (ou laranja mecânica), de Cruyff, em 1974. Assisti, no Maracanã, a fantástica seleção brasileira de Zizinho (gênio do futebol), em 1950. Não conquistaram as Copas.


Remuneração dos técnicos de ponta:
http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2016/02/02/guardiola-ganhara-r-43-mi-a-mais-que-2-tecnico-mais-bem-pago-veja-top-10.htm

12 comentários:

  1. Permitam-me um comentário complementar. A uva cabernet sauvigon sofreu um processo similar ao efeito Tostines: é mais crocante porque vende muito ou vende muito porque é mais crocante?

    Um dos mais influentes críticos de vinho no mundo é Robert Parker. Até hoje a classificação RP é utilizada pela crítica e pelo comércio, e ele se gaba de conseguir provar 200 vinhos toda manhã, chegando a uma avaliação individual em apenas 1 minuto. É indiscutivelmente um fenômeno. E como tal, controverso...

    Alguns o acusam de privilegiar produtos em que tem interesse comercial, o que pode ser classificado de calúnia. Contudo, outra acusação, mais leve, foi feita contra ele - e aí entra a cabernet sauvignon.

    Contam que Robert Parker, apesar de toda sua larga e variada experiência, se agrada pessoalmente dessa uva. Automaticamente, ou inconscientemente, começou a dar notas mais altas para vinhos com ela produzidos. Os produtores perceberam e começaram a focar na qualidade de seus cabernet sauvignon, passando a investir no plantio e cuidado dos vinhedos. Quem não plantava passou a fazê-lo => disseminação mundial.

    Como em toda atividade, a busca da qualidade começou a gerar resultados e efetivamente os vinhos produzidos com a cabernet sauvignon foram melhorando e com isso as notas de Robert Parker. E o círculo vicioso se implantou: melhores vinhos, melhores notas, melhores vinhos, melhores notas...

    Claro que isso parece folclore, não tenho provas do que relatei, mas foi-me contado mais de uma vez, em seminários e cursinhos. Ouso dizer que se Robert Parker gostasse mais de Shiraz ou de Malbec, essas seriam a coqueluche do mercado!

    ResponderExcluir
  2. Tudo bem, Freddy. Mas minha observação foi quanto a proliferação da casta pelo mundo. E com boa adaptação a climas, solos (terroir), altitudes. Todo mundo faz vinho desta cepa.

    ResponderExcluir
  3. Os fenômenos Arsène Wenger e Alex Ferguson são admiráveis exceções. Impossível implementar algo similar com a nossa cultura imediatista. Aqui 2 ou 3 anos no cargo já entra para o nosso livro de recordes.

    Infelizmente, sou obrigado a concordar que a universalização citada vai transformar o futebol numa mesmice. No jargão popular: não tem mais bobo no futebol.

    As exceções ficarão por conta de investimentos milionários de um clube ou outro, que enquanto durarem vão acabar com a graça dos campeonatos em que estiverem inseridos. O PSG parece ser um exemplo francês.

    Em tempo: Ibrahimovich é uma figuraça! Suas tiradas são ótimas! Levou a Suécia à classificação numa repescagem não sem antes ter dito que o faria, porque uma competição sem Ibrahimovich não teria graça alguma!

    ResponderExcluir
  4. E eu lhe dei a razão do porque houve a proliferação da cabernet sauvignon no mundo.
    <:o)

    Você parece bem minha falecida mãe. Tem de sair por cima do debate de qualquer maneira, não? Meno male que fez o mea culpa no post passado!
    <:O)

    ResponderExcluir
  5. O Ibra é um Dadá Maravilha poliglota. Em termos de tiradas. Frases de efeito.

    ResponderExcluir
  6. Desculpe, mas você não deu razão alguma para proliferação da sauvignon. O fato de um crítico ter espacial preferência por essa uva e elogia-la à exaustão, não seria responsável pela expansão de seu cultivo no planeta, não fora adaptação a diferentes latitudes e solos os mais distintos.
    É o que está ocorrendo com o futebol. Está se disseminando em países que tinham outros esportes nacionais, sem nenhuma tradição no esporte bretão.

    ResponderExcluir
  7. Riva, pessimista03/02/2016, 21:25

    Meu comentário pode ser fora de contexto, mas me preocupa muito mais, ou 100%, a proliferação da MALDADE, observada aqui no BRASIL, no ORIENTE, e em outros países.

    Estou me lixando para a proliferação de uvas e futebol, desculpe a crueza do posicionamento.

    Confesso que até hoje, de vez em quando, vejo episódios do Big Brother da Grobo, que está em sua 16ª edição, e NUNCA vi qualquer menção, comentário, debate entre os brothers sobre qqer problema sócio-econômico do nosso país. Para não ser injusto, vi sim, na edição em que o Jean Willys, gay assumido, tentou conversar sobre temas diversos e não conseguiu. A tchurma não estava preparada para isso .... rsrsrsrsr.

    Em resumo, me preocupa a proliferação da corrupção, em níveis globais, decapitações, assassinatos fúteis, assaltos em qqer lugar a qqer hora, enfim .... o BRASIL BANDIDO pode perfeitamente eleger CUNHA presidente em 2018.

    Não me surpreenderia ..... juro !!

    Julguem-me !!

    ResponderExcluir
  8. Ninguém comentou o 7x0 do Barça em cima (no Tweeter se escreve encima) do Valencia.

    ResponderExcluir
  9. No Twitter ninguém falou da vitória do Vasco sobre o poderoso América na casa do adversário, por 3 x 1.

    Tweeter para mim e para todo mundo é um alto-falante destinado especificamente a reproduzir frequências agudas.

    Twitter é uma rede social, onde paradoxalmente as mensagens são chamadas de tweets, em vez de twitts. Vai entender...

    <:o)

    ResponderExcluir
  10. Escrevi errado. Twitter e tweets, o correto.

    E é simplesmente notável saber das coisas muito antes de qqer mídia oficial.

    Esse mesmo conceito é a causa do sucesso do GPS Waze.

    ResponderExcluir
  11. No Campeonato Brasileiro a média de público é baixíssima. Enquanto isso, na Inglaterra, em divisões inferiores a presença de torcedores é muio boa:

    http://espn.uol.com.br/noticia/602286_finais-das-2-3-4-e-5-divisoes-na-inglaterra-levam-quase-200-mil-pessoas-ao-wembley

    ResponderExcluir
  12. Vejam o tamanho dos investimentos na Europa:

    http://extra.globo.com/esporte/estudo-aponta-manchester-united-como-clube-que-mais-gastou-com-elenco-confira-ranking-20223272.html

    ResponderExcluir