Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Música
pode causar arrepios (goosebumps in English). O assunto foi abordado num artigo
do Globo on-line, seção Ela, sob o título “Música pode provocar orgasmos da
pele”.
Fiquei
interessado pois é um fenômeno que experimento quase diariamente. Muitas das
músicas que ouço me causam arrepios de satisfação, algumas até conseguem que
ele seja de longa duração.
Segundo
a conclusão do estudo, nós teríamos em nosso cérebro uma espécie de modelo musical
que começa a ser formado à medida que aprendemos regras de composição ao longo
dos anos, um fenômeno intuitivo que (sou eu que concluo) deve depender do meio
social em que vivemos - país, cultura, nível de educação, etc.
Quando
esse modelo é atendido, não nos chama a atenção, por corriqueiro. Se é ferido,
não gostamos. Contudo, existe um limiar entre o aceitável e o detestável que,
quando atingido, cria uma expectativa interna que provoca uma emoção intensa e
daí o corpo reage com arrepios.
Não
entendi direito, mas a questão do modelo cerebral eu conheço em outra área:
sexo. Eu creio que todos nós tenhamos impresso dentro de nós uma espécie de
modelo de parceria que, quando encontramos, nos deleita. Daí alguns (estou me
referindo a homens) gostarem de peitudas, outros de grandes nádegas, outros de
cabelos longos, outros de curtos, mais gordas, mais magras, pretas, brancas,
morenas, orientais, índias. Alguns até gostam de outros homens...
Mulheres,
por favor, façam sua lista de características exigidas por seus modelos
cerebrais, não tenho competência para tal.
Meu
provável modelo cerebral privilegia moças com perfil delicado, uma discreta
lordose que acentua as nádegas, que devem terminar em coxas compatíveis e
pernas proporcionais - nem longas nem curtas. Os seios preferencialmente devem
ser pequenos, com certo limite de tolerância que nunca passa de determinado
tamanho. O rosto ovalado, cabelos lisos ou ligeiramente ondulados, compridos,
por aí vai.
Toda
vez que vejo uma mulher com essas características, minha atenção fica aguçada.
Casei-me com uma que atendia a esses requisitos sem que eu percebesse. Sim,
essa teoria acima foi-me apresentada muito tempo depois (rs rs).
Voltando
à música, muita gente sente arrepios de satisfação ao ouvir certas canções mas
não com outras, mesmo que sejam de um gênero que agrada. E aí entra um ponto
pra mim crucial: você não pode determinar por antecedência qual música lhe
causará arrepio, o tal “orgasmo da pele”.
Ele
é independente de sua vontade e esse fato pode lhe causar surpresas!
Meu
caso, por exemplo. Eu fui criado ouvindo música erudita, estudei piano e depois
gostei de rock. Independente do gênero, sempre peças melodiosas. Nunca me
imaginei, por exemplo, gostando de havy metal com rosnados.
Eis
que fico arrepiado dos pés à cabeça quando ouço “In the Wane” ou “At Sixes and
Sevens” da banda de heavy gótico melódico norueguesa Sirenia. Guitarras
estridentes e rosnados misturados a vozes celestiais e corais litúrgicos fazem
parte dessas duas peças, altamente energéticas. Como negar a reação de meu
corpo?
Todos
que me conhecem sabem que eu detesto samba, mas já me aconteceu de ficar
arrepiado vendo pela TV a entrada de algumas escolas de samba na avenida. Como
negar meu corpo, repito?
Raro
em mim é ficar arrepiado quando eu mesmo estou tocando. Contudo, isso acontece
quando estou executando compenetrado o prelúdio alcunhado de “A Gota d’Água”,
de Chopin. É que eu me lembro da descrição que o próprio Chopin fez dessa peça
em que a repetição das notas faz menção às gotas da chuva.
Tuberculoso
e confinado por sua amante numa casa grande e úmida, num dia de chuva ele
imaginou as gotas caindo do telhado sobre seu caixão. O prelúdio tem um
crescendo macabro no meio com um forte clímax e aí os arrepios chegam!
Concluindo,
fico arrepiado amiúde com música - seja áudio ou vídeo - e isso me agrada
sobremaneira. Contudo, não consigo classificar ou colocar um rótulo no tipo de
música que vai me provocar essas intensas reações emocionais. Simplesmente
acontece.
Referências musicais: basta acessar
YouTube na internet e digitar o nome das músicas citadas no texto que logo
aparecerão vários links à escolha para audição.
O seu post me lembra a música “Escultura”, sucesso na interpretação de Nelson Gonçalves. Veja a letra e use o link para ouvir:
ResponderExcluir"Comecei a esculturar
No meu sonho singular
Essa mulher fantasia:
Dei-lhe a voz de Dulcinéia,
A malícia de Frinéia
E a pureza de Maria.
Em Gioconda fui buscar
O sorriso e o olhar;
Em Du Barry o glamour
E para maior beleza
Dei-lhe o porte de nobreza
De madame Pompadour.
E assim, de retalho em retalho
Terminei o meu trabalho,
...............................
..............................."
Para ouvir:
https://www.youtube.com/watch?v=GEdG46ppc2k
Freddy, talvez se interesse:
ResponderExcluirhttp://hypescience.com/a-musica-explicacoes-cientificas/
Música me arrepia também ; às vezes fico até envergonhado com receio de alguém perceber.
ResponderExcluirE às vezes me vira do avesso mesmo, levando às lágrimas.
São muitas as emoções com a música em minha vida. Uma delas, sempre que a ouço, acabo chorando, porque além da beleza da harmonia, a letra tem tudo a ver com minha relação com meu falecido pai e o seu precoce desaparecimento.
Carregarei comigo a incrível e arrepiante emoção da missa cantada na Catedral de Santiago de Compostela, na Espanha, a famosa missa dos peregrinos, todos o domingos ao meio-dia (tem hífen, Profª Rachel ?). O coral e aquele órgão litúrgico me levaram para algum lugar, que só sei que existe e era lindo !
Não sou católico
Li o artigo e, de primeira, não me desceu bem.
ResponderExcluirEspecialmente a conclusão de que hoje em dia é tudo uma porcaria. Fanático que sou por novas tecnologias, incluindo sintetizadores musicais de última geração, meu estilo preferido atual surgiu em meados dos anos 90 entrando pelo século XXI, com óbvias influências (nada demais nisso) de coisas que se fez antes.
Sim, faz-se hoje muita porcaria, mas quem ouve música erudita e teve a oportunidade de ouvir coleções inteiras de clássicos, vai admitir que 98% é intragável. Você acaba nos de sempre: Bach, Beethoven, Chopin, Liszt, Verdi, Vivaldi, etc.
Idem hoje. 98% é bosta, mas tem tanta coisa nova boa que os 2% que restam é legal. Ou ao menos podemos ouvir sem vontade de quebrar tudo.
Vou relê-lo com mais calma, para poder perceber onde a autora quer chegar. Até porque ela é suspeita: classifica-se como uma pessoa que passou a vida querendo coisas novas todo dia. Isso não é absolutamente um comportamento normal, convenhamos.
<:o)
Um pequeno comentário acerca da música/letra de Nelson Gonçalves. A maior parte do cancioneiro brasileiro se baseia em letras. Poemas. Declarações.
ResponderExcluirContudo eu não presto atenção em letras quando escuto música. Sou, por definição, um apreciador de música instrumental. Posso escutar um CD inteiro em alemão ou finlandês sem entender uma linha do que estão a dizer, e isso inclui também o inglês, que eu entendo com alguma dificuldade mas também não me interessa.
Por isso toco piano e violão dedilhado. Sem uma letra que seja. Já Riva é um mix de cantor e violonista/pianista, usa o instrumento para se acompanhar enquanto canta, de sorte que ele até presta atenção às letras.
Eu não.
<:o)
Como em tudo na vida, exceções há.
ResponderExcluirVide Dandelion Wine, sobre a qual fiz até um post.
<:o)
Permitam-me separar duas emoções:
ResponderExcluir- êxtase e até lágrimas ao ouvir uma canção
- arrepios
A primeira é consciente, a gente faz associações, relembra fatos, ouve e ouve de novo para se emocionar. Um exemplo que me ocorreu agora: "You raise me up", com vários intérpretes. Gosto muito com Josh Groban ou com o grupo vocal Celtic Woman.
A segunda é visceral. Você não antecipa a reação. Simplesmente de repente a emoção cresce, os pelos eriçam e você nem sabe por quê. Pode acontecer, como afirmei no texto, com músicas (em geral apenas certos trechos) que nem fazem seu gênero musical habitual.
<:o)
Entrei no link que o Xará indicou. Concordo e discordo de muitos detalhes, pelo simples fato de que acho que cada um é cada um.
ResponderExcluirNo meu caso em particular, tive uma juventude muito marcada pela música dos anos 60 - Jovem Guarda, Beatles, Stones, Zepp, Hendrix, Joplin e tantos outros. E como foi uma fase maravilhosa da minha vida, me emociono quando ouço as músicas da época. E um detalhe importante, na minha leitura dessa época : como se fazia música e letras bonitas !
O arrepio advém dessa emoção, e também de passagens muio bonitas de alguma música, seja um solo de guitarra, voz, coral, etc. Nada mais que isso.
Então, como diz no link, sim, tem músicas apropriadas para o sexo, para relaxamento, para meditação, para levantar astral, para deprimir, enfim, mas cada um tem seu "grau de arrepio", de sensibilidade.
Conheço também pessoas que nem sabem do que estamos falando, NUNCA "sentiram" uma música !
Nada a ver com o assunto, talvz um pouco : no Japão e nos EUA tem concurso de "guitarra e/ou bateria imaginária", aquelas pessoas que sentem demai a música e tocam um instrumento de auto sugestão ..... como eu ! rsrsrs
A Fátima Bernardes teve um quadro em seu programa apresentando o campeão brasileiro de "air guitar", onde ele explica o campeonato, critérios de julgamento, etc.
ResponderExcluirhttp://globotv.globo.com/rede-globo/encontro-com-fatima-bernardes/v/fatima-conversa-com-campeao-brasileiro-do-air-guitar/2791765/
Interessante que, aos 2:05, ele comenta ter ficado arrepiado só de falar no assunto - assunto de meu post.
O campeonato de air guitar acontece em vários países, como mostra o link abaixo, e o prêmio costuma ser uma guitarra de verdade:
http://www.airguitarworldchampionships.com/en/national-championships/network-countries/
Hoje fomos para o Rio acompanhar a Maratona Rio, 42 km, pois nosso primogênito participava pela 1ª vez e uma competição com percurso total.
ResponderExcluirE por isso, ele até então não se considerava um maratonista, pois só tinha participado de meias maratonas (21 km) em várias cidades, inclusive Buenos Aires e Santiago do Chile.
Ficamos no pórtico de CHEGADA, e vou dizer a vocês, acho que me arrepiei umas 219 vezes ! Cenas impressionantes de superação .... muita emoção mesmo. E não era música ....
Muita emoção mesmo é ver o Aislan jogar. PQP ele e, principalmente, o técnico que o escala para jogar. Perdão! Jogar não, que ele não joga nada, entrar em campo. E com camisa que já foi de Augusto, Rafanelli, Brito, Belini...
ResponderExcluirTô falando aqui há três semanas que o cara é um asno.
Eu nunca joguei p... nenhuma, mas aquele gol que o Herrera perdeu até eu fazia!
ResponderExcluirA conclusão é simples: série B em 2016.
A menos de milagre, mas um Fred não aparece assim do nada, como aconteceu com o Flu... Há que comprar e dinheiro? Cadê o dinheiro?
Sobre maratona e superação, realmente completá-la é um feito memorável. Os desacertos do metabolismo ao longo da prova são às vezes paralisantes. Só com muito treino e preparação prévia. Parabéns ao Rodrigo.
Foi interessante a menção aos arrepios, que realmente acontecem não apenas ligados à música, e sim a qualquer acontecimento que faça crescer dentro de nós alguma emoção incontrolável.