30 de maio de 2015

Comida tem moda?

Tem sim senhor.  Na minha infância, feijão com arroz, bife e batata frita era o que havia de mais gostoso e, ao mesmo tempo, nutritivo. Combinava tudo, proteína, carboidrato, ferro, vitaminas, etc. E sabia bem ao paladar, mesmo das criança, por causa da batata frita.


Aos domingos, com meu pai em casa, não era dispensada a tradicional macarronada com frango ou lagarto recheado e assado. Não era uma massa qualquer, era o talharim fresco, comprado ou na "Esportiva" ou na "Loja Central", ambas no centro da cidade.

A massa estava ainda mole e era posta a endurecer ao sol.

A sobremesa, então nossa preferida, era compota de pêssego com creme chantilly. Era moda.

Quando comecei a trabalhar e comer fora de casa,  o salario curto levava-me, como regra geral, ao trivial do cardápio. A variação dos pratos dependia mais do clima. No inverno eram uns,  no verão outros. E tinha o Bob’s com seus  “Salada de atum” e “Presunto com ovos” que os atendentes pronunciavam algo como romanegue.

Quem não lembra (se tiver mais de 65) do surgimento do "galeto ao primo canto", que virou febre e me levou até São Conrado onde foi aberto um restaurante especializado na iguaria (na época). E nós, os casais que fomos até lá, não tínhamos automóvel. Era uma maratona chegar ao local. 


Nos restaurantes mais populares, mas não os de  “prato feito”, as sobremesas eram, invariavelmente, as mesmas: pudinzinho de leite, goiabada com queijo, salada de frutas  e, eventualmente, sorvete.






Nas recepções e festas nas empresas os pratos eram ou coquetel de camarão ou médaillon de filet mignon.









E nos motéis, o prato mais solicitado, por escolha das damas, era camarão empanado com arroz a grega (rs).



25 comentários:

  1. O texto foi concluído ontem, meio apressadamente, porque um valor mais alto se alevantou.
    Pretendia comentar, também, os acepipes nos barezinhos e choperias, as indefectíveis porções de calabresa, de provolone e batata frita. A casquinha de siri, quando criada, virou febre.

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  2. Lembro quando os ovinhos de codorna surgiram como aperitivo. No início poucas casas tinham. Depois propagou. A propaganda era de que eram afrodisíacos.

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  3. Bem lembrado. Depois passaram a servir a própria ave. Aberta no comprimento e feita na chapa, que ficava bem crocante.
    Em São José dos Campos, onde morei um período, tinha um botequim que virou um point por causa da codorna la servida.

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  4. Ah! Comidas também entram na moda. Além das citadas no texto, lembro de duas que, nos anos 70, eram consideradas chiques. Fazendo uma analogia, pedir ou servir em jantares tais pratos, seria o mesmo que uma miss declarar que seu livro de cabeceira é o Pequeno Príncipe.
    Eram elas o Filé à francesa e o estrogonofe.
    Em tempo: papai também comprava o talharim fresco numa casa estabelecida na Rua Barão do Amazonas, quase esquina da São João.

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  5. Isso mesmo, Ana Maria, o estrogonofe foi destaque durante certo período.

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  6. De fato, volta e meia eu relembrava essas coisas todas mas nunca havia analisado do ponto de vista de “comida da moda”. Interessante abordagem.

    Parece-me que, a partir dos anos 60, o progresso veio aos poucos a banalizar itens que já foram verdadeiros acepipes. O frango saiu do cardápio do domingo para ser solução de baixo custo em suas diversas preparações industrializadas. Sundae com calda e castanhas moídas só tinha no Bob’s, nas Lojas Americanas ou revenda da Kibon. Marshmellow idem. Hoje tem em qualquer mercadinho.

    São Conrado me lembra uma grande feira onde tinha umas barracas que vendiam não só o galeto como espetinhos de carne e salsichão na brasa, que eu adorava. Só que a gente ia de carro (inicialmente no Ford 41), em longos passeios dominicais pela cidade do Rio de Janeiro - morávamos em Niterói.

    O galeto me lembra justo o... Galeto, lanchonete na orla de Icaraí, onde se podia degustar itens similares aos da tal feira de São Conrado!

    Estrogonofe... Quando surgiu a moda, o melhor pra mim era num pequeno bistrô na estrada para Itaipu/Piratininga, o Xaminé. Contudo, não era de se desprezar o do Venezia, saudoso restaurante em Icaraí. Até hoje, mesmo banalizado, faz parte de meu cardápio de preferências em suas inúmeras variações.

    Sim, porque tem até disputa sobre qual seria o “verdadeiro” estrogonofe. O ingrediente mais controverso é a polpa de tomate ou ketchup, que muitos dizem ser heresia. Pra mim, tanto faz, todos são excelentes, principalmente os que Mary faz.

    Para terminar, não sabia que eu tinha algo em comum com as damas frequentadoras de motéis de outrora! Ouvi dizer que elas sempre pediam morangos com creme de sobremesa, mas não tinha noção de que camarão empanado com arroz à grega fosse típico delas. Adoro, principalmente quando preparado num espeto entremeando camarões VG e rodelas de muzzarella!
    <:o)

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  7. Seu comentário daria um post, Carlos Frederico.
    Bom final de semana.

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  8. Se comida tem moda eu não sei. Não as sigo, muito pelo contrário.

    Me olham na rua como um ET, um sexagenário com cabelos compridos, tatuado e de brinco .... é cada olhar ... rsrsrs. Totalmente fora da moda, dos padrões.

    Já avisei minha esposa que se me pegarem num dia muito ruim vou abaixar as calças ! kkkkkk e ela sabe que faço mesmo !

    Mas voltando à moda em comida, acho que rolam tendências, mas mais no modo de servir, não nos tipos de prato em si. É nítida a criatividade no modo de preparar ... as mesmas coisas : pizzas, massas, frango, filés, frutos do mar, salgadinhos, crepes, tapiocas, sorvetes e tudo o mais.

    Também hoje em dia existem locais especializados em algu tipo de gastronomia, está mais pulverizado esse tipo de negócio. Mas não vejo uma "moda" nesse aspecto, em algum tipo de comida. Talvez a japonesa, que até umas 2 décadas atrás, não era tão difundida entre nós.

    E quanto ao camarão com arroz à grega, uma surpresa para mim essa revelação. Nunca me pediram isso no Opala ou no Itamaraty. No máximo ... "Abre os vidros por favor !".

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  9. Tempos difíceis, hein Riva?
    Nos anos 1960 e início dos 1970, os motéis na Barra da Tijuca pontificavam. Eram seguros, discretos e o camarão com arroz a grega invariavelmente estava nas opções de cardápio.
    Um pouco mais confortável e não exigia tanto contorcionismo, senão como opção dos parceiros.

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  10. Um pouco contrafeito, constrangido, o Príncipe Wiiliam, torcedor do Aston Villa, entregou ao capitão da equipe do Arsenal a FA Cup.
    A equipe londrina conquista este troféu pela segunda vez consecutiva, inteirando 12 conquistas desta competição, a mais antiga do mundo.
    Em contrapartida, seu irmão Harry deve estar feliz pois é torcedor do Arsenal.
    Foi um belo jogo.

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  11. O Aston Villa não entrou em campo. Foi um massacre !

    Daqui a pouco tem Barça.
    A final na Alemanha até que está boa.

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  12. Claro que estou contente com os 4X0 do Arsenal sobre o Aston Villa, o que significou a conquista da FA Cup.
    Mas a maior satisfação deste final de semana, no tocante a futebol, foi assistir o gol do Messi, pela Copa do Rei da Espanha.
    Um dos mais bem construídos que já vi. E olha que já vi muitos gols bonitos.
    Relevadas algumas pequenas diferenças o Barcelona faz (ainda não acabou) com o Athletic Bilbao, o que o Arsenal fez com o Aston Villa.

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  13. E aquele Wembley cantando, hein, Carrano ?
    E as representações de várias gerações em campo e nas arquibancadas ....

    Ontem, aquele GLOBO REPÓRTER sobre a Nova Zelândia me arrasou por completo.
    Queria terminar meus dias num lugar como aquele .....

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  14. Mais alguns flashes sobre o post :

    Freddy, de São Conrado lembro também que era lá que comíamos aquela pamonha, que vinha enrolada na folha da espiga de milho.

    Quanto aos salsichões, o que mais gostava era aquele que comíamos no Galeto da praia de Icaraí que vc mencionou, com uma farinha misturada com molho inglês, e uma salada de maionese com batata. Íamos lá só pra isso, lembra Freddy ?

    Uma das coisas que mais adoro (além de pastel de boi ralado) é cachorro quente, e isso "não sai de moda" rsrs. Infelizmente não temos aqui no Brasil salsichas com a qualidade que existe lá fora, em vários países. Mas eles também não fazem aquele nosso molho com cebola, tomate e pimentão rsrsrs.

    Não entendo o porque de até hoje não fabricarmos salsichas com qualidade. Nessa recente viagem que fizemos aos EUA, onde se comem hotdogs maravilhosos, com várias procedências culturais, acho que devorei uns 20, sem exagero. Abria mão de almoçar para comer 2 hotdogs.

    O que mais gostei é sem dúvida o da Nathan´s, uma cadeia americana de sanduíches, que começou só com hotdogs em carrocinhas. Outro excelente mesmo é de outra cadeia que fica em ilhotas em shoppings centers. Chama-se Aunt Annie´s. E eles tem uma limonada maravilhosa também, para acompanhar o bicho !

    Vejam que cachorro quente, pizza, sorvete, lasanha, hamburguer, não saem de moda, mas são servidos hoje de mil novas e criativas maneiras.

    Em Friburgo podemos matar a saudade do mais básico dos básicos, que o Carrano menciona logo no início ... o bifinho com feijão, arroz e batata frita, exatamente como nossos avós faziam há 60 anos. A mesma coisa, o mesmo sabor maravilhoso. Pensão da Mariquinha .... ou da Dona Isa, a matriarca vascaína.



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  15. Como o post menciona, acho que rola moda na comida sim. Há poucas décadas tivemos um verdadeiro boom de vegetarianos, coisa da qual não me lembro na infância. Teve a época da macrobiótica e hoje em dia está rolando o veganismo (que eu acho um exagero).

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  16. Sobre salsichas, uma constatação interessante. Na Alemanha se fabrica salsichas de primeira qualidade, e em inúmeras preparações. Lembro-me da Reggensburger que era como um pequeno salsichão, recheada de ervas. Como o nome indica, típica da cidade de Reggensburg.

    Paulo (Riva) confessou-me que gosta das crocantes (knackig) e já eu prefiro aquelas em que o invólucro quase se dissolve.

    Mas o que eu queria salientar é que na Alemanha não se come bons cachorros quentes! Eles adoram a salsicha como refeição, como a mais tradicional da Bavária que é cozida (jamais frita) com chucrute e batata cozida, acompanhada de uma fatia de pão preto e cerveja, óbvio. Em Munique, em certas barraquinhas serviam a salsicha e um pãozinho para acompanhar. Nada de colocar a salsicha dentro do pão - incrível.

    Com certeza, os melhores hotdogs são americanos, apesar de talvez as melhores salsichas serem alemãs.

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  17. Modismo do passado em Niterói: pizza brotinho na Gruta de Capri. Aos sábados ficava lotada e com espera.
    E tinha os pasteis da Imbuhy, no centro da cidade, nos anos 1950. E o milk shake, nas Lojas Americanas.
    Mais modernamente também foi modismo o Panzerotto. Por pouco tempo.
    Recentemente houve uma tentativa de introdução do Frozen Iogurte. Abriram até uma franquia, mas não colou.
    Há já uns dois anos, surgiram os crepes, salgados e doces, e tem umas duas ou três casas em funcionamento.


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  18. Freddy, nessa recente ida a Epcot, no pavilhão Alemanha, além das comidas típicas que você citou, foi lá que comi um dos cachorros quentes, que vem servido com aquela salada de repolho dentro do pão. Não gostei exatamente porque a salsicha não era crocante rrss.

    Ou seja, estão servindo hotdog no pavilhão da Alemanha ! rs.

    Outra comida típica e saborosa por lá - rara aqui - é o Fish & Chips dos ingleses, um saboroso peixe carnudo passado na farinha com batatas fritas grandes. Parece que virou mania nos EUA, porque tem em todo lugar !

    Não sei porque, mas há dias ando sonhando com um suculento bife à milaneza com purê de batatas !

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  19. Vocês já repararm que algumas lojas estão colocando bonitas tigelas na porta, para os cães matarem a sede ?

    Magri já havia dito "um ser humano como outro qualquer", ou seja, "um cliente como outro qualquer" ....

    Qual de nós poderia imaginar isso, há 30 anos ?

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  20. Em Paris, em alguns bistrôs, comi com cães deitados sob mesas ao lado da minha.
    E em Budapeste, alguns restaurantes (e lojas) têm argolas ou barras de ferro, na porta de entrada, para que os cães fiquem presos enquanto seus donos comem.
    Igualzinho no velho oeste havia nas portas dos saloons.

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  21. Nos EUA os cães também têm tratamento VIP em muitos lugares, principalmente em pubs e bares. Tenho algumas fotos sobre isso.

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  22. No Bräun & Bräun de Mury (Nova Friburgo) tem o local para amarrar os cães junto a uma das pilastras da varanda. Não funcionou com o Loopy, que é extremamente agressivo. Foi um sufoco e nunca mais voltamos com ele.

    Em New York eu vi cão num fastfood deitado debaixo da mesa dos donos, com um potinho de água servido pela lanchonete.

    No Torna Pub tem o Fish & Chips à maneira inglesa, mas não consigo pagar o preço que pedem...

    Acho que os alemães servem hotdog nos EUA pelo mesmo motivo que os japas fazem hot Philadelphia no Brasil: adaptação ao gosto local.
    <:o)

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  23. É engraçado como aqui se vira qualquer cultura de pernas para o ar.

    Só ver o PODRÃO, versão brasileira do hotdog, com cerca de 369 ingredientes, inclusive salsicha (kkkkkkkkkkk), catchup e mostarda em cima da pizza (tenta fazer isso num restaurante em Roma), comer sushis com o hashi (pauzinhos), pois no Japão se come com as mãos mesmo, prato feito ((PF) de talharim com feijão (adoro !!), e várias outras coisas.

    No caso americano-alemão, com certeza o viés da grana pesa mais. Gostam de hotdog ? Então toma esse com repolho ! rsrsrs

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  24. Parabéns, Riva, pelos 3X2. Adorei!

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  25. Há muito tempo não ficava tão nervoso num jogo do FLU. Expulsão injusta - sempre em Fla-Flus - e o juiz muda a cara do jogo. Foi um desespero, ataque x defesa mesmo.

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