19 de abril de 2015

COLEÇÕES




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)







Por que alguns de nós têm prazer em fazer coleção?

Caso geral é dinheiro desperdiçado, dado que a primeira coisa que nossos parentes farão depois de morrermos será jogá-las fora, ou se tiverem algum valor, vendê-las por qualquer preço. Claro, exceção feita à coleção de Porsches ou de vasos Ming.

Eu sempre fui afeito a elas. É uma atração, um vício, sei lá. Adoro ver uma prateleira ou estante lotada de itens similares, muitas das vezes cada um com sua história particular. O impulso de colecionar é meio diferente daquele de ter back-ups de tudo, ao qual já me referi em post passado ("Pequenas manias", em
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/03/pequenas-manias.html


Quando pré-adolescente, cheguei a iniciar uma coleção de modelos plásticos da Revell (aviões e navios), que não foi à frente por questões financeiras: eram caros! Um colega que tive tinha um quarto só de modelos plásticos de aviões, muita coisa mesmo - no chão e pendurados. Outro fez coleção de modelos de caminhão. Chegou a armar tenda dentro de casa para poder pintá-los com compressor!

Nunca colecionei soldadinhos de chumbo. Um advogado conhecido chegou a financiar parte de uma viagem à Europa com a venda de alguns, que entregou em mãos em Portugal ao feliz comprador. Coisa séria, isso!

Considero minha primeira coleção efetiva a de adesivos plásticos de produtos e de lojas. Foi uma "febre' no início dos anos 60 e eram conseguidas comprando (Lojas Americanas tinha um bom acervo), trocando e até... subtraindo-as de carros que deixavam as portas ou janelas abertas... 

Que vergonha... As mais difíceis eram vendidas por um valor realmente grande, levando em conta que éramos meninos e vivíamos de reduzidas mesadas.

Herdei de meus pais uma coleção de Seleções do Reader'sDigest, desde fevereiro de 1942 até 1953. Tinha edições faltando, decerto, mas muita coisa do que aprendi da 2ª Guerra Mundial até a Guerra da Coreia estava ali, testemunho fresquinho da realidade. Batalhas navais e operações aéreas eram minhas preferidas.

Como amenidades, tinha as Piadas de Caserna e os pensamentos e citações de pé de página. Nunca esquecerei de "a felicidade não é uma estação onde se chega, mas sim uma maneira de viajar".

Essa coleção se foi, corroída por cupins numa das infestações que apareceram na nossa casa de Santa Rosa, onde fui criado. Junto com ela foi o acordeon de meu irmão Paulo (o Riva). Até hoje não só odeio como também respeito esses pequenos insetos sociais.  

Sempre gostei de ficção cientifica, mas o vício de colecionar se manifestou na "necessidade" (= compulsão) de comprar sempre os livros de bolso da coleção Europa-América, que seguiam o mesmo layout e ficavam lindamente organizadas na estante! Foi durante os anos 70.

Já adentrando os anos 80 e seguindo por 90, fiz coleções compradas em jornaleiro. Todas da Salvat Editora, a de foto tinha 140 fascículos semanais, a de LPs foram 100 e as de CD tinham 75 cada. As de foto e de LPs eu doei e as de CD (“Grandes Clássicos” e “Música Sacra”)  tenho até hoje, não porque as ouça (faço-o mas raramente), mas porque ficam bonitas na estante.

Coleção Música Sacra e máquina de escrever Remington

 Voltando ao tema revistas, colecionei a Superinteressante desde o número 0 até certo ponto, quando a constatação de que jamais leria aquilo de novo me vez doá-la. O mesmo aconteceu com as revistas de astronomia, como Deep Sky (já não publicam mais), Sky & Telescope e Astronomy Magazine, da qual sou assinante até hoje - edição em papel.

No caso da Astronomy Magazine, a realidade atual é que a editora Kalmbach, que a publica,vende um DVD (eu disse um) com TODOS os números desde o nº 1 até determinada edição, bem recente. Ademais, no site da revista temos acesso a tudo, em formato digital. Pra que colecioná-la??

Mesmo com falta de espaço, depois de vender tanto a cobertura como a casa de Friburgo (o que me obrigou a praticar desapego em grande escala), ainda mantenho algumas de minhas coleções. Destaco:

- Todos os 25 números da Revista Isaac Asimov Magazine em português.

.... Foi a única coleção de revistas antigas que mantive, pois é o lote inteiro  remanescente de uma frustrada tentativa da Editora Record de publicá-la em português entre 1990 e 1992. A Isaac Asimov Magazine original é publicada desde 1977 nos EUA.

- Uma pequena parte da já citada coleção de livros de bolso de ficção científica da Editora Europa-América.

.... Durante a recente mudança, fiz uma triagem e doei os exemplares menos significativos, mantendo apenas os de autores premiados ou de meu interesse maior.

- Objetos de ágata como obeliscos, esferas, roscas, pequenas grutas.

.... Em 1974, numa viagem a serviço em São Paulo, comprei meu primeiro objeto de ágata: uma "rosca" na grande feira de artesanato da Praça da República. Visitando Cristalina, perto de Brasília, em 1983, comprei um lindo obelisco. Quando passei a frequentar Rio Quente e Caldas Novas (Goiás), adquiri o hábito de sempre trazer algo de ágata das viagens. Aos poucos, minha coleção foi crescendo, hoje ainda é um de meus xodós. Tenho objetos espalhados pela casa inteira! 




  
- Bebidas (whiskies, licores, volkas, graspas, algumas cachaças).

.... Tudo começou com a volta de Orlando (EUA), em 1997. A passagem pelo Free Shop me deu um "prejuízo" de mais de US$ 1.300 (éramos em 4). Começava minha coleção de bebidas! Hoje em dia, meu interesse diminuiu e já venho aos poucos reduzindo os mais de 170 itens, consumindo-os sem reposição.

Whiskies e licores da minha coleção de bebidas

Pela atual falta de espaço, as graspas gaúchas e as cachaças mineiras estão numa estante de meu escritório. As vodkas estão na parte de baixo da cristaleira mostrada na foto acima - que tem uma farta variedade de copos adequados aos diversos tipos de bebidas e drinques.

Bebidas de uso corriqueiro bem como os vinhos (numa adega não climatizada) e os espumantes, que não considero parte da coleção, estão todos armazenados na copa.

- Copos de cerveja por marca.

... Já fui colecionador de canecos, doei a maioria. Hoje mantenho apenas alguns copos com logotipo de diversas marcas de cerveja que tomei e ainda tomo. Isto é porque gosto demais de “tomar cerveja no copo certo”, como se dizia num reclame antigo.

... Sim, Carrano, tenho um copo de Guinness (rs rs)!

... Sim, Carrano, tenho sempre Guinness na geladeira (rs rs)!


Coleção de copos de cerveja

- Miniaturas de bebidas.

... Eis outra coleção que perdeu força com o tempo. Venho consumindo as garrafinhas, num esforço para estingui-la. Aliás, foi graças à miniatura do bourbon Evan Williams que eu conheci essa extraordinária alternativa ao mais conhecido bourbon do planeta, o Jack Daniel's. Seu aroma se espalha pelo recinto, uma coisa impressionante! Infelizmente nunca consegui adquiri-lo em garrafa.

- Rolhas.
.... Adquiri o hábito de ir juntando as rolhas de vinhos e espumantes que temos consumido. Já fiz post a respeito (http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/06/vinhos-colecao-de-rolhas.html)

Atualmente boa parte está guardada em sacos, porque ainda não conseguimos um bom lugar para expô-las no reduzido espaço disponível para tal. Quem sabe um dia a gente consegue de novo?



Crédito das fotos: acervo do autor 

16 comentários:

  1. Não entendi a afirmativa de que tem os copos da Guinness e a própria cerveja na geladeira.
    Pensei que no final teria um convite para saboreá-las em conjunto (hehehehe).

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  2. E você entenderá menos ainda se eu disser que não seria convidado porque não sou petista roxo.

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  3. Colecionei chaveiros. Por motivos alheios a minha vontade, tive que abandoná-la. Descobri na ocasião que tudo é transitório e que não podemos levar objetos na última viagem.
    Nada contra quem ainda coleciona.

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  4. Vamos botar ordem na casa. Afinal quantas legiões têm estes Anônimos?
    Temos aqui uma inflação de anônimos (rsrsrs).
    Desconfio que o da coleção de chaveiros seja a Ana Maria, pois conheci a coleção que ela teve, há anos. E eram muitos mesmo.
    Já ao outro anônimo, o das interrogações, sobre de quem aguardo informações via disque denúncia, informo que o que falei sobre ser petista é uma provocação. O destinatário da estocada sabe que é dele que estou falando (rsrsrs).

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  5. A dos chaveiros sou eu mesma. Quando fui enviar, deu erro.
    Mas é necessário identificar esses anônimos sim. Sugiro que criem um nickname, numerem, coloquem letras ou qualquer outra maneira de ter uma identidade.
    Assim o anonimato fica garantido, mas saberemos com quem estamos interagindo.
    Questão de afetividade, entende anônimo? Me apego fácil às pessoas. Ou não. rs

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  6. Viram como Anônimos deixam rastros, ou pistas?
    Ao longo do tempo vários foram identificados e, como a Ana Maria, tiveram a nobreza de confessar.
    Alguns dos Anônimos históricos do blog tiveram comportamentos inusitados.
    Enviavam seus comentários como anônimos, mas abaixo do texto escreviam seus nomes, identificando-se.
    Alguns até, por falta de experiência, optavam pelo anonimato porque achavam mais simples enviar.
    Realmente seria mais interessante que os Anônimos colocassem um diferencial qualquer.
    Por exemplo, tivemos uma que assinava Incógnita (que também identifiquei) e tivemos um Anonymous (que nasceu em Niterói e hoje está em plagas distantes), também por mim identificado. E assumiu.
    Todos que respeitem alguns princípios básicos nas relações interpessoais são bem-vindos, apresentando-se ou escudando-se no anonimato.

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  7. Anonimatos à parte, tive também minhas coleções, abandonadas porque simplsmente têm que ser mantidas, cuidadas, ocupam espaço, etc, etc.

    Cito as principais :

    Como Freddy mancionou, adesivos plásticos. Foi uma febre nos anos 60, que chegou até a despertar na galera a prática da subtração de outrem. Uma vez me viram surrupiando um cobiçado adesivo do Touring Clube do Brasil de um automóvel na rua Itaguaí, próxima da minha casa. Mas não fui identificado ... ufa !

    Maços de cigarro importados, vazios ou cheios.

    Bolas de gude e "olhinhos" franceses (até hoje não sei se eram franceses).

    Canetas e lapiseiras - ainda tenho algumas.

    Hoje olho para algumas coisas que tenho em casa e penso : quanta grana desperdiçada.

    Estou teclando, e olhando meus DVDs armazenados no móvel em frente, em volta da TV. $$$$$$ investidos ali, quanta coisa que só assisti uma única vez, e não pretendo ver mais.

    CDs ... nem lembro a última vez que coloquei um para ouvir em casa. Só ouço as gravações "baixadas" da internet, no meu iPhone. E tenho um quarto cheio de CDs, para nada ..... FFico me lembrando das minhas viagens ao exterior, seco para encontrar e trazer raridades, hoje facilmente encontradas em 5 minutos na internet.

    Outra pérola : na estante da minha sala jaz uma completa Enciclopédia Delta Larousse. Não tem mais sentido ...

    O que se coleciona hoje em dia ? Nem sei. Amizades é a melhor delas.

    Quanto aos Anônimos, seria legal mesmo se eles colocassem uma "inicial" para pelo menos sabermos qual deles é.

    Bom domingo a todos ! Meu FLU foi trolhado !


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  8. Curiosidade sobre a coleção de bebidas. Em uma de minhas sessões de psicanálise abordei o receio que tinha de estar inadvertidamente estimulando o hábito da bebida em minhas filhas, já que à época em que comecei a coleção elas ainda estavam em fase de formação da personalidade.

    O terapeuta me perguntou se eu me mostrava embriagado ou se exagerava amiúde no consumo. Eu disse que absolutamente, a maioria das garrafas ficavam fechadas, jamais consumidas.

    Ele então me disse que esse sim era o maior exemplo que eu dava a elas, as minhas filhas: podia-se ter as bebidas em casa sem que isso significasse vício ou estímulo ao consumo.

    =8-)

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  9. Um caso jocoso, ainda sobre a coleção de bebidas. Nela existe uma boa quantidade de exemplares realmente apreciados, como Johnnie Walker Gold Label (18 anos) e Blue Label (21 anos), vários exemplares do Chivas como Century, Volare, Imperial 18 anos, Royal Salute (21 anos). Tem Cuty Sark Golden Jubilee, Ballantine's 18, Parks 25 anos... Só para citar alguns whiskies, que são os itens mais caros. Tem também as vodkas, licores, graspas, etc.

    Um amigo, mais chegado ao abuso que eu, começou a me pressionar para que eu consumisse os valiosos itens, mas eu resisti dizendo que eles estavam ali pela coleção, e não para bebê-los. Argumentei que a garrafa com a tampa violada e vazia no seu conteúdo não tinha graça alguma.

    Sim, decerto eu andei bebendo o conteúdo daquelas garrafas de porcelana, que escondem o interior. Tipo Royal Salute (o whisky preferido de Mary, minha esposa), Glenfiddich 18, Parks 25. Mas tenho grande resistência em derrubar meu JW Blue Label, meu Chivas Imperial, por exemplo...

    Bom, qual a solução que esse meu amigo me sugeriu? Com uma seringa, a gente extrairia o precioso líquido, tomava-o (em conjunto, óbvio!) e reencheria as embalagens com mate. O furo da seringa passaria despercebido e quase ninguém notaria a diferença na cor do conteúdo!

    Coisa de pinguço, não??
    Não, não faço isso. Se eu bebo o conteúdo e a garrafa esvazia => lixo!
    <:o)

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  10. Concordo. Colecionar amigos é um grande lance. Gosto também de armazenar lembranças na "parede da minha memória".
    Por ser consumista, tenho também em casa umas latas de Itaipava e algumas garrafinhas de vodka com limão que demoro muito a tomar.

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  11. "Armazenar lembranças na parede da minha memória" ..... lembrei da Alessandra Tappes, infelizmente sumida por aqui.

    Esteja onde estiver, um beijo.

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  12. Xiii! Descobriu que sou seguidora do blog. hahahahaha

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  13. Mas não sou a Alessandra Tappes. Não tenho o talento dela.

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  14. Capturei uma assídua do nosso blog ! rsrsrs.

    Realmente a Alessandra tem muito talento, vc está certa, e é uma perda o "desaparecimnto" dela por aqui.

    Apareça sempre !

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