Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Por
que alguns de nós têm prazer em fazer coleção?
Caso
geral é dinheiro desperdiçado, dado que a primeira coisa que nossos parentes
farão depois de morrermos será jogá-las fora, ou se tiverem algum valor,
vendê-las por qualquer preço. Claro, exceção feita à coleção de Porsches ou de
vasos Ming.
Eu
sempre fui afeito a elas. É uma atração, um vício, sei lá. Adoro ver uma
prateleira ou estante lotada de itens similares, muitas das vezes cada um com
sua história particular. O impulso de colecionar é meio diferente daquele de
ter back-ups de tudo, ao qual já me referi em post passado ("Pequenas
manias", em
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/03/pequenas-manias.html
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/03/pequenas-manias.html
Quando
pré-adolescente, cheguei a iniciar uma coleção de modelos plásticos da Revell
(aviões e navios), que não foi à frente por questões financeiras: eram caros!
Um colega que tive tinha um quarto só de modelos plásticos de aviões, muita
coisa mesmo - no chão e pendurados. Outro fez coleção de modelos de caminhão.
Chegou a armar tenda dentro de casa para poder pintá-los com compressor!
Nunca
colecionei soldadinhos de chumbo. Um advogado conhecido chegou a financiar
parte de uma viagem à Europa com a venda de alguns, que entregou em mãos em
Portugal ao feliz comprador. Coisa séria, isso!
Considero
minha primeira coleção efetiva a de adesivos plásticos de produtos e de lojas.
Foi uma "febre' no início dos anos 60 e eram conseguidas comprando (Lojas
Americanas tinha um bom acervo), trocando e até... subtraindo-as de carros que
deixavam as portas ou janelas abertas...
Que vergonha... As mais difíceis eram
vendidas por um valor realmente grande, levando em conta que éramos meninos e
vivíamos de reduzidas mesadas.
Herdei
de meus pais uma coleção de Seleções do Reader'sDigest, desde fevereiro de 1942
até 1953. Tinha edições faltando, decerto, mas muita coisa do que aprendi da 2ª
Guerra Mundial até a Guerra da Coreia estava ali, testemunho fresquinho da
realidade. Batalhas navais e operações aéreas eram minhas preferidas.
Como
amenidades, tinha as Piadas de Caserna e os pensamentos e citações de pé de
página. Nunca esquecerei de "a felicidade não é uma estação onde se chega,
mas sim uma maneira de viajar".
Essa
coleção se foi, corroída por cupins numa das infestações que apareceram na
nossa casa de Santa Rosa, onde fui criado. Junto com ela foi o acordeon de meu
irmão Paulo (o Riva). Até hoje não só odeio como também respeito esses pequenos
insetos sociais.
Sempre
gostei de ficção cientifica, mas o vício de colecionar se manifestou na
"necessidade" (= compulsão) de comprar sempre os livros de bolso da
coleção Europa-América, que seguiam o mesmo layout e ficavam lindamente
organizadas na estante! Foi durante os anos 70.
Já
adentrando os anos 80 e seguindo por 90, fiz coleções compradas em jornaleiro. Todas
da Salvat Editora, a de foto tinha 140 fascículos semanais, a de LPs foram 100
e as de CD tinham 75 cada. As de foto e de LPs eu doei e as de CD (“Grandes
Clássicos” e “Música Sacra”) tenho até
hoje, não porque as ouça (faço-o mas raramente), mas porque ficam bonitas na
estante.
Coleção Música Sacra e máquina de escrever Remington |
Voltando
ao tema revistas, colecionei a Superinteressante desde o número 0 até certo
ponto, quando a constatação de que jamais leria aquilo de novo me vez doá-la. O
mesmo aconteceu com as revistas de astronomia, como Deep Sky (já não publicam
mais), Sky & Telescope e Astronomy Magazine, da qual sou assinante até hoje
- edição em papel.
No
caso da Astronomy Magazine, a realidade atual é que a editora Kalmbach, que a publica,vende
um DVD (eu disse um) com TODOS os números desde o nº 1 até determinada edição,
bem recente. Ademais, no site da revista temos acesso a tudo, em formato
digital. Pra que colecioná-la??
Mesmo
com falta de espaço, depois de vender tanto a cobertura como a casa de Friburgo
(o que me obrigou a praticar desapego em grande escala), ainda mantenho algumas
de minhas coleções. Destaco:
-
Todos os 25 números da Revista Isaac Asimov Magazine em português.
....
Foi a única coleção de revistas antigas que mantive, pois é o lote inteiro remanescente de uma frustrada tentativa da
Editora Record de publicá-la em português entre 1990 e 1992. A Isaac Asimov
Magazine original é publicada desde 1977 nos EUA.
-
Uma pequena parte da já citada coleção de livros de bolso de ficção científica
da Editora Europa-América.
....
Durante a recente mudança, fiz uma triagem e doei os exemplares menos
significativos, mantendo apenas os de autores premiados ou de meu interesse
maior.
-
Objetos de ágata como obeliscos, esferas, roscas, pequenas grutas.
....
Em 1974, numa viagem a serviço em São Paulo, comprei meu primeiro objeto de
ágata: uma "rosca" na grande feira de artesanato da Praça da
República. Visitando Cristalina, perto de Brasília, em 1983, comprei um lindo
obelisco. Quando passei a frequentar Rio Quente e Caldas Novas (Goiás), adquiri
o hábito de sempre trazer algo de ágata das viagens. Aos poucos, minha coleção
foi crescendo, hoje ainda é um de meus xodós. Tenho objetos espalhados pela
casa inteira!
- Bebidas
(whiskies, licores, volkas, graspas, algumas cachaças).
....
Tudo começou com a volta de Orlando (EUA), em 1997. A passagem pelo Free Shop
me deu um "prejuízo" de mais de US$ 1.300 (éramos em 4). Começava
minha coleção de bebidas! Hoje em dia, meu interesse diminuiu e já venho aos
poucos reduzindo os mais de 170 itens, consumindo-os sem reposição.
Pela
atual falta de espaço, as graspas gaúchas e as cachaças mineiras estão numa
estante de meu escritório. As vodkas estão na parte de baixo da cristaleira
mostrada na foto acima - que tem uma farta variedade de copos adequados aos
diversos tipos de bebidas e drinques.
Bebidas
de uso corriqueiro bem como os vinhos (numa adega não climatizada) e os
espumantes, que não considero parte da coleção, estão todos armazenados na copa.
-
Copos de cerveja por marca.
...
Já fui colecionador de canecos, doei a maioria. Hoje mantenho apenas alguns
copos com logotipo de diversas marcas de cerveja que tomei e ainda tomo. Isto é
porque gosto demais de “tomar cerveja no copo certo”, como se dizia num reclame
antigo.
...
Sim, Carrano, tenho um copo de Guinness (rs rs)!
...
Sim, Carrano, tenho sempre Guinness na geladeira (rs rs)!
- Miniaturas
de bebidas.
...
Eis outra coleção que perdeu força com o tempo. Venho consumindo as garrafinhas,
num esforço para estingui-la. Aliás, foi graças à miniatura do bourbon Evan
Williams que eu conheci essa extraordinária alternativa ao mais conhecido bourbon
do planeta, o Jack Daniel's. Seu aroma se espalha pelo recinto, uma coisa
impressionante! Infelizmente nunca consegui adquiri-lo em garrafa.
-
Rolhas.
....
Adquiri o hábito de ir juntando as rolhas de vinhos e espumantes que temos
consumido. Já fiz post a respeito (http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/06/vinhos-colecao-de-rolhas.html)
Atualmente
boa parte está guardada em sacos, porque ainda não conseguimos um bom lugar
para expô-las no reduzido espaço disponível para tal. Quem sabe um dia a gente
consegue de novo?
Crédito das fotos: acervo do autor
Não entendi a afirmativa de que tem os copos da Guinness e a própria cerveja na geladeira.
ResponderExcluirPensei que no final teria um convite para saboreá-las em conjunto (hehehehe).
E você entenderá menos ainda se eu disser que não seria convidado porque não sou petista roxo.
ResponderExcluirColecionei chaveiros. Por motivos alheios a minha vontade, tive que abandoná-la. Descobri na ocasião que tudo é transitório e que não podemos levar objetos na última viagem.
ResponderExcluirNada contra quem ainda coleciona.
????????
ResponderExcluirVamos botar ordem na casa. Afinal quantas legiões têm estes Anônimos?
ResponderExcluirTemos aqui uma inflação de anônimos (rsrsrs).
Desconfio que o da coleção de chaveiros seja a Ana Maria, pois conheci a coleção que ela teve, há anos. E eram muitos mesmo.
Já ao outro anônimo, o das interrogações, sobre de quem aguardo informações via disque denúncia, informo que o que falei sobre ser petista é uma provocação. O destinatário da estocada sabe que é dele que estou falando (rsrsrs).
A dos chaveiros sou eu mesma. Quando fui enviar, deu erro.
ResponderExcluirMas é necessário identificar esses anônimos sim. Sugiro que criem um nickname, numerem, coloquem letras ou qualquer outra maneira de ter uma identidade.
Assim o anonimato fica garantido, mas saberemos com quem estamos interagindo.
Questão de afetividade, entende anônimo? Me apego fácil às pessoas. Ou não. rs
Viram como Anônimos deixam rastros, ou pistas?
ResponderExcluirAo longo do tempo vários foram identificados e, como a Ana Maria, tiveram a nobreza de confessar.
Alguns dos Anônimos históricos do blog tiveram comportamentos inusitados.
Enviavam seus comentários como anônimos, mas abaixo do texto escreviam seus nomes, identificando-se.
Alguns até, por falta de experiência, optavam pelo anonimato porque achavam mais simples enviar.
Realmente seria mais interessante que os Anônimos colocassem um diferencial qualquer.
Por exemplo, tivemos uma que assinava Incógnita (que também identifiquei) e tivemos um Anonymous (que nasceu em Niterói e hoje está em plagas distantes), também por mim identificado. E assumiu.
Todos que respeitem alguns princípios básicos nas relações interpessoais são bem-vindos, apresentando-se ou escudando-se no anonimato.
Anonimatos à parte, tive também minhas coleções, abandonadas porque simplsmente têm que ser mantidas, cuidadas, ocupam espaço, etc, etc.
ResponderExcluirCito as principais :
Como Freddy mancionou, adesivos plásticos. Foi uma febre nos anos 60, que chegou até a despertar na galera a prática da subtração de outrem. Uma vez me viram surrupiando um cobiçado adesivo do Touring Clube do Brasil de um automóvel na rua Itaguaí, próxima da minha casa. Mas não fui identificado ... ufa !
Maços de cigarro importados, vazios ou cheios.
Bolas de gude e "olhinhos" franceses (até hoje não sei se eram franceses).
Canetas e lapiseiras - ainda tenho algumas.
Hoje olho para algumas coisas que tenho em casa e penso : quanta grana desperdiçada.
Estou teclando, e olhando meus DVDs armazenados no móvel em frente, em volta da TV. $$$$$$ investidos ali, quanta coisa que só assisti uma única vez, e não pretendo ver mais.
CDs ... nem lembro a última vez que coloquei um para ouvir em casa. Só ouço as gravações "baixadas" da internet, no meu iPhone. E tenho um quarto cheio de CDs, para nada ..... FFico me lembrando das minhas viagens ao exterior, seco para encontrar e trazer raridades, hoje facilmente encontradas em 5 minutos na internet.
Outra pérola : na estante da minha sala jaz uma completa Enciclopédia Delta Larousse. Não tem mais sentido ...
O que se coleciona hoje em dia ? Nem sei. Amizades é a melhor delas.
Quanto aos Anônimos, seria legal mesmo se eles colocassem uma "inicial" para pelo menos sabermos qual deles é.
Bom domingo a todos ! Meu FLU foi trolhado !
Curiosidade sobre a coleção de bebidas. Em uma de minhas sessões de psicanálise abordei o receio que tinha de estar inadvertidamente estimulando o hábito da bebida em minhas filhas, já que à época em que comecei a coleção elas ainda estavam em fase de formação da personalidade.
ResponderExcluirO terapeuta me perguntou se eu me mostrava embriagado ou se exagerava amiúde no consumo. Eu disse que absolutamente, a maioria das garrafas ficavam fechadas, jamais consumidas.
Ele então me disse que esse sim era o maior exemplo que eu dava a elas, as minhas filhas: podia-se ter as bebidas em casa sem que isso significasse vício ou estímulo ao consumo.
=8-)
Um caso jocoso, ainda sobre a coleção de bebidas. Nela existe uma boa quantidade de exemplares realmente apreciados, como Johnnie Walker Gold Label (18 anos) e Blue Label (21 anos), vários exemplares do Chivas como Century, Volare, Imperial 18 anos, Royal Salute (21 anos). Tem Cuty Sark Golden Jubilee, Ballantine's 18, Parks 25 anos... Só para citar alguns whiskies, que são os itens mais caros. Tem também as vodkas, licores, graspas, etc.
ResponderExcluirUm amigo, mais chegado ao abuso que eu, começou a me pressionar para que eu consumisse os valiosos itens, mas eu resisti dizendo que eles estavam ali pela coleção, e não para bebê-los. Argumentei que a garrafa com a tampa violada e vazia no seu conteúdo não tinha graça alguma.
Sim, decerto eu andei bebendo o conteúdo daquelas garrafas de porcelana, que escondem o interior. Tipo Royal Salute (o whisky preferido de Mary, minha esposa), Glenfiddich 18, Parks 25. Mas tenho grande resistência em derrubar meu JW Blue Label, meu Chivas Imperial, por exemplo...
Bom, qual a solução que esse meu amigo me sugeriu? Com uma seringa, a gente extrairia o precioso líquido, tomava-o (em conjunto, óbvio!) e reencheria as embalagens com mate. O furo da seringa passaria despercebido e quase ninguém notaria a diferença na cor do conteúdo!
Coisa de pinguço, não??
Não, não faço isso. Se eu bebo o conteúdo e a garrafa esvazia => lixo!
<:o)
Concordo. Colecionar amigos é um grande lance. Gosto também de armazenar lembranças na "parede da minha memória".
ResponderExcluirPor ser consumista, tenho também em casa umas latas de Itaipava e algumas garrafinhas de vodka com limão que demoro muito a tomar.
"Armazenar lembranças na parede da minha memória" ..... lembrei da Alessandra Tappes, infelizmente sumida por aqui.
ResponderExcluirEsteja onde estiver, um beijo.
Xiii! Descobriu que sou seguidora do blog. hahahahaha
ResponderExcluirMas não sou a Alessandra Tappes. Não tenho o talento dela.
ResponderExcluirMas a Alessandra sumiu mesmo!
ResponderExcluirCapturei uma assídua do nosso blog ! rsrsrs.
ResponderExcluirRealmente a Alessandra tem muito talento, vc está certa, e é uma perda o "desaparecimnto" dela por aqui.
Apareça sempre !