30 de março de 2015

As amizades – II

Castelar tinha uma memória prodigiosa. E era muito bom de argumentação.

Foi professor na Escola Superior de Propaganda e Marketing, em São Paulo. Foi professor da Bruna Lombardi, por exemplo. Como eu na minha primeira incursão na cidade não tinha amigos fiquei muito dependente dele.

Ele já estava casado com a Francisca e, vez ou outra, era convidado para o jantar na casa deles, então na Rua Frei Caneca. Uma noite ou outra eu saia do trabalho, no Banco Português do Brasil, e ia direto para a ESPM assistir a aula dele para depois sairmos para um chopinho.Depois caminhávamos eu para o meu hotel e ele para a casa dele.

Vale registrar que meus primeiros treze meses em São Paulo (um ano e um mês), morei num hotel  próximo ao Largo do Arouche (e, para quem conhece a cidade, perto da boca do lixo  - rsrsrs).  Nos dias sem garoa e até para relaxar, eu caminhava a pé desde  a Av. Paulista, esquina com Bela Cintra (sede do banco), até  a Av. São João. Jantava e ia dormir.

Por economia, muitas noites jantava no “Gato que Ri”, restaurante de comida italiana, no Largo do Arouche, que servia meia porção (caneloni, espagueti, ravióli, estas coisas mais simples), que era mais do suficiente para o jantar. No almoço eu comia lá pelas bandas do Av.Paulista,  porque havia uma enorme quantidade de opções.

Para fugir da rotina da comida italiana e sair um pouco do “Gato que Ri” algumas vezes eu ia até o Frevinho para comer Beirute (na rua Frei Caneca), um fantástico sanduiche nutritivo e gostoso. Ou a um restaurante próximo do hotel e comia “filé a cubana”. Barato e farto (o bife, claro, um ovo frito, linguiça, banana (a milanesa) e batatas fritas.

Bem, voltando às aulas do Castelar e a Bruna Lombardi, afirmo que ela era (e é) charmosa, mas muito baixinha (o que não lhe desmerece em nada). Apenas só não poderia ser modelo de passarela, por exemplo, apenas fotográfica.

Uma baiana, muito amiga dela, de nome Maria (simplesmente Maria), ao contrário era alta, de olhos verdes, cabelos encaracolados, um mulherão. Não sei porque nunca fez sucesso nas telas de TV, cinema ou passarelas.

No outro dia falei, ou melhor, escrevi, e até coloquei uma foto, de um jantar na casa da filha do presidente da Laboratório Hepacholan. Pois bem, também era aluna do Castelar nesta mesma turma.

Notem as interligações as quais já me referi em post aqui no blog.

Responsável pelas áreas de propaganda e marketing do Laboratório (era também acionista, com participação acionária pequena), e tendo sido aluna do Castelar, quando resolveu dar uma sacolejada no marketing do laboratório, procurou e contratou o ex-professor para fazer um free (frila), desenvolvendo um projeto.

Ficou conhecendo o laboratório e suas deficiências na área administrativa. Que fez o amigo? Disse que tinha uma migo no Rio (Niterói) que seria talhado para organizar a área administrativa. Adivinharam quem seria o amigo? Isso mesmo, o escriba.

Fui, e não fiz feio. Como Cesar, poderia afirmar veni, vidi, vici (vim, vi, venci). Tanto é assim que em dois anos e pouco já era diretor eleito em assembleia de acionistas (como diria o Ibrahim, sorry periferia).

Autêntico e espontâneo, um dia Castelar apareceu com um Landau. E foi alertando: é só pra “desrecalcar”, não ficarei com ele muito tempo. Compreensível para quem teve uma infância (alias não teve) e juventude sofridas, com muito trabalho e pouco dinheiro.

Bem, na mesma linha, tive por um curto período, quando morei em Ribeirão Preto, um Dodge Charger, cor de vinho com teto de vinil preto.

Castelar foi muito amigo do Hermes Santos, o terceiro de meus melhores amigos como já mencionei em “As Amizades”. Os dois foram sócios no Colégio São Paulo, em São Gonçalo. Mas compraram não uma escola, mas sim um saco de problemas. Em pouco tempo eram tantos os processos de cobrança, debandada de professores, prédio em precárias condições, que tiveram que vendar. Ainda bem que conseguiram um comprador.

Mas foi-se o sonho dos dois de criar uma escola modelo, não convencional.
Um dos processos consegui resolver para eles, era uma reclamatória do professor de educação física, um sargento que eu conhecia. Negociei um acordo e ficou tudo resolvido.

Ufa! Vou parar um pouco, não sem antes perguntar (mim mesmo) vivi ou não vivi? Estou apenas passando sem deixar rastro ou vestígio de vida?

Último parágrafo: conheci e conversei bastante com o ator Antonio Fagundes antes dele virar astro global (Fagundes e Castelar tinham muita semelhança física). Foi na casa de um tio da Chica, no Guarujá, São Paulo. Fagundes era namorado da Clarice Abujanra, prima da Francisca. Estive num almoço lá, convidado pelo casal, no aniversário do dono da casa, que havia sido eleito o “empresário têxtil do ano”. Fagundes e Clarice casaram e depois descasaram.

5 comentários:

  1. Só você mesmo pode julgar se viveu (vive) ou se está passando sem deixar rastros. O seu real sentimento de tudo que vivenciou.

    As outras pessoas na sua vida conhecem flashes, longos com certeza, mas flashes.

    Num rápido retrospecto da minha vida, em termos de conquistas, decepções, experiências, perdas, lucros, danos a mim e a outrem ..... acho que vivi muito bem. Posso partir tranquilo.

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  2. Desde sábado estou às voltas com uma gripe das brabas. Ontem agravou um pouco.
    Estou meio fora de combate...

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  3. Sei como é .... gripe na nossa idade é bem diferente de gripe com 18 anos .... rsrsrsrs

    Melhoras, meu amigo !

    PS : pessoal sumiu mesmo, hein ?

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  4. Carrano, pincei essa do Goethe para agregar ao debate ... achei bem legal.

    "Para ser o que sou hoje, fui vários homens e, se volto a encontrar-me com os que fui, não me envergonho deles.
    Foram etapas do que sou.

    Tudo o que sei custou as dores das experiências.

    Tenho respeito pelos que procuram, pelos que tateiam,pelos que erram.

    E, o que é mais importante, estou convencido de que minha luz se extinguiria se eu fosse o único a possuí-la"

    Sensacional !

    PS : existe um verbo mais complicado do que o verbo PINÇAR ? Onde tem C e onde tem Ç ??

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