16 de janeiro de 2015

Religião divide ao invés de somar

Desde meus 11 anos de idade, já estando no curso ginasial e tendo deixado de ser coroinha, passei a ser um “ateu não praticante”.

Não vou explicar porque fui parar coroinha e nem a  partir de que momento virei cético em relação ao deus bíblico.

Hoje, limito-me a reafirmar minha birra com religião. Todas as religiões. Fiquei feliz quando li uma definição do poeta Mario Quintana, de que  “a religião é o caminho maios longo para chegar a Deus”.

Pelo menos em parte não fiquei isolado. Pode haver, e até os cientistas e os evolucionistas acabam por capitular e admitem, uma força maior geradora do universo. 

Com esse episódio ocorrido em Paris, nos últimos dias,  cheguei ao meu limite de aceitar religião, qualquer que seja. Elas podem ser o ópio do povo, podem ser o espeque que permite a vida em sociedade, podem ser guardiães de valores morais, podem ser qualquer coisa, mas têm um lado reprovável, desencadeador de conflitos, de guerras e destruições.

Sei que isto, a intolerância, vem de longe, não sendo um fenômeno recente. Só que agora a gente presencia em tempo real, ao vivo e em cores, na TV em nossa sala de estar. É demais para meu estomago ver um menino executando dois prisioneiros de religião diversa, ou pescoços sendo degolados em nome de uma entidade religiosa.

Os radicais, os xiitas, os beatos, os fanáticos são pessoas nocivas e perigosas, que agem com ódio em nome de suas religiões. Não têm tolerância, não têm compreensão, não tem piedade e humanidade.

E este comportamento irracional, desmedido, insensato, tem pés no catolicismo também, como sabemos. Lemos sobre as Cruzadas, a Inquisição. Sodoma e Gomorra são clássicos exemplos de intolerância divina (se é simbolismo bíblico paciência)

Quem age em nome de uma religião, para mim é um idiota rematado. Como estes fanáticos religiosos se propagam como cogumelos, porque aliciados e doutrinados quando ainda muito jovens e sem compreensão do que seja o dom da vida, acho que seria mais fácil acabar com as religiões. Todas!

Minha expectativa em relação a descoberta ou identificação de seres extraterrestres, com maior nível de desenvolvimento, seria para que eles pudessem nos alertar em alto em bom som: deixem de ser idiotas, atrasados, ignorantes, apedeutas (homenagem ao Lula) e ridículos: esse Deus de vocês é uma abstração, é uma criação do ser humano terráqueo que não consegue explicar a origem e formação do universo em que vivemos.

E ainda tripudiassem de nós arrematando, a religião, e esse Deus, são instrumentos de manipulação da sociedade, dos incultos, dos ignorantes. Não temos - diriam eles - um deus, temos normas rígidas de convivência calcadas na ética e na moral e é o quanto basta.

Aí então, quem sabe, diante de uma nova realidade, acabasse essa coisa de Deus, Allah, e outros que tais, que só dividem, só despertam ódios que levam a conflitos e destruições. 

Não exceder limites faz parte das regras. Os cartunistas não podem ter liberdade ilimitada (assim como a democracia já foi relativizada a liberdade também tem que ser). Por que eles poderiam tudo?

Em 1985, Godard ousou com o filme "Je vous salue, Marie". Despertou reações no mundo católico e até censura ao filme. A Igreja reprovou. Ora, se mexer com valores católicos constrange e desagrada, no mesmo compasso brincar com valores muçulmanos também deve provocar reações adversas.

A questão está nos limites aceitáveis das reprovações e reações. Mas as  ações também precisam ter um sistema de freios e contrapeso. Aos cartunistas tudo? Não!

Assim como Zeus, Afrodite, Apolo e outros tantos deuses caíram no ostracismo, no esquecimento, limitando-se hoje às lendas, à mitologia, quem sabe os deuses de plantão, na moda, também não ficarão apenas na história?

E os deuses da mitologia, à luz dos nosso valores atuais, cometerem vários delitos imperdoáveis.

Fui criado na religião católica, até os onze anos, como mencionei, sou batizado, fiz primeira comunhão e casei na igreja católica porque uma moça do interior tinha que casar com véu e grinalda na matriz ou numa paróquia importante na cidade.

Mas meus filhos não foram batizados, não fizeram comunhão e agora enveredaram pelo budismo, se não como liturgia religiosa pelo menos sob o aspecto filosófico.

Só vou a igreja, atualmente, por noblesse oblige, aquelas obrigações sociais inescapáveis.

Pior do que uma ditadura socialista, ou militar, é a ditadura religiosa. Tentei influenciar meus filhos na escolha do time de futebol, no gênero musical, na escolha de bons autores no terreno literário, mas jamais em relação a religião e profissão a ser seguida.

Acho que eles vivem muito bem obrigado, sem batismo, sem crisma e sem comunhão.

Espero que meus amigos religiosos, que têm muita fé, perdoem minha descrença e ojeriza às religiões em geral.

Tenho virtudes, sem cabotinismo, que justificam a amizade, independentemente de crer em Deus. 

8 comentários:

  1. Pronto...
    Acabou de entrar na lista do EI...

    =8-)

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  2. E o blog no Index Librorum Prohibitorum.

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  3. Acho que vc está confundindo as coisas. Não é a religião que desencadeia conflitos. É o fanatismo.
    Fanatismo esse que faz com que torcedores de um time trucidem qualquer indivíduo vestido com as cores da agremiação rival.
    Faz com que indivíduos pensem que sua etnia é superior às demais e que estas devem ser exterminados.
    Provoca agressões aos que têm orientação sexual diferente ou mesmo àqueles
    que nasceram por detrás da fronteira errada.
    O homem briga por territórios e por poder, antes mesmo de passarem a ver o sol como divindade.
    Religião é religar o homem com Deus (seja ele qual for).
    Se alguns usam-na para descarregar seus instintos belicosos, com a sua culpa?
    Quanto a censura, sou contra.
    Temos que criar leis e fazê-las cumprir, coibindo calunia, difamação ou preconceito de qualquer tipo. Qualquer outra forma de calar a crítica, em geral, leva a regimes ditatoriais.

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  4. Já escrevemos sobre esse assunto por aqui, não ?

    De qualquer forma, o assunto volta à baila, em função dos lamentáveis episódios na Europa.

    Concordo que a religião é o caminho mais longo para a "compreensão".

    Animais, árvores, montanhas, o mar, nada disso tem religião, é um ciclo contínuo de existir e deixar de existir, baseado, para mim, na Química e na Física.

    E o homem veio para estragar tudo ... e está tendo sucesso.

    Hoje, lamentavelmente, mais um amigo do futebol do ABEL deixou de existir ... enfarte fulminante, com menos de 60 anos. É a vida, ou, a morte.

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  5. Ontem, sexta-feira, o faxineiro do prédio onde resido, que ainda estava no período de experiência, foi demitido.
    O motivo? Como na escala de trabalho em vigor no condomínio (12X36) ele deveria trabalhar amanhã, domingo, e ele avisou que não iria porque “sua religião não permite trabalhar aos domingos”, ficou sem o emprego. Mas é muito religioso, parabéns. Tomara que o Deus da religião dele (não sei qual seria), de a ele o pão nosso de cada dia.

    Não faz muito tempo, nos USA, foi parar na justiça o caso de uma menina que precisava de transfusão de sangue para sobreviver e os pais não permitiram “por motivos religiosos.”

    Então o que temos aqui não são apenas casos de ódio e terrorismo por ofensas e desrespeito a religião. Temos casos, e poderia citar vários outros, nos quais a religião alimenta uma enorme ignorância.

    Para os católicos a privação de carne de boi na sexta-feira santa, o mês de ramadan do islã, que sentido tem isso?

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  6. é .... cada um com seu cada um .....

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  7. E vamos todos virar pó. Igualmente.

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  8. Historiador Leandro Karnal:

    http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/jo-soares-entrevista-leandro-karnal/4541702/

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