Por
Ana Maria Carrano
Depois
dos textos literários cheios de sensibilidade e humor, fico constrangida de
lhes apresentar este relatório, fruto de
um vício profissional.
Mas foi
bom perguntar, agora, sobre minha
infância. Já lembro tão pouco que em breve tudo será uma vaga lembrança.
Nasci no
pós-guerra e, brincadeiras a parte, tenho poucas recordações da minha meninice.
Recordo alguns “flashs” todos ligados a situações de estresse que não cabe
relatar aqui.
Devo ter
sido feliz, pois não guardo mágoas, mas raras foram as vezes que saímos de casa
(eu e minha irmã Sara) para brincar na calçada. Após o banho vespertino,
arrumadas e penteadas, sentávamos no degrau da varanda da casa 7 da Rua São Diogo, 21, já citada pelo
blogger.
Fiz o
curso primário (4 primeiros anos do ensino fundamental) no Grupo Escolar Raul
Vidal, onde muitos anos mais tarde a Cláudia, minha sobrinha também veio a
estudar (Nesta época com nova nomenclatura – Escola Estadual). Minhas professoras eram fantásticas. Lembro
bem de Dona Cleia que me alfabetizou; Dona Dinorah, que andava com uma
ameaçadora régua de 50 cm na mão; e de Dona Eneida Fortuna Barros, membro da
Academia Fluminense de Letras e filha da eminente escritora/professora
Albertina Fortuna Barros. Os mestres
eram respeitados na escola e na comunidade, e exerciam sua autoridade com mão
férrea. Bastava a presença da diretora
Dona Jônia Fontes, para que os alunos emudecessem. Graças a Deus não havia sido
formalizado o bullying. Chamávamos a coleguinha Marina de Bombril, assim como
me chamavam de Moby Dick. Apelidos que dispensam explicações.
Não
havia merenda escolar. No dia da Criança, nos serviam pão com leite condensado
e nos proporcionavam um período de brincadeiras com as professoras de Educação
Física.
A rígida
educação que recebemos não favorecia a formação de grupos de amigos. Apenas na
quarta série, pude conviver com Ira, a melhor aluna da escola, visto que sua
mãe nos levava a um cursinho de admissão ao ginásio, em Santa Rosa.
Por
motivo de saúde fui obrigada a sair do tal cursinho e frequentei o ano inteiro
no Colégio Plínio Leite, de onde só sai com o diploma de “professora”. Neste
ano de cursinho, formamos um grupo, unidas no estudo e nas longas conversas no
recreio. Éramos as 3 Marias mais um. Elza Alarcão, Ângela de Oliveira, eu e
Astolfo Barroso Pinto, mais conhecido atualmente como Rogéria.
Planejávamos
passeios e festas. Em muitas
domingueiras no Fluminense Natação e Regatas rodopiei na pista de dança,
sempre levada pela vovó Ana.
Lá pelos
15 anos, fizemos amizade com as meninas que também moravam na Av. Feliciano
Sodré (Deila, Eliana, Neusa e Maria Olinda), e a noitinha, fazíamos “footing”
no quarteirão, falando de filmes americanos, e dos galãs da época. Confesso:
fui apaixonada pelo James Dean e sua foto enfeitava a porta guarda roupa.
Nesta
altura eu já perdera minha timidez (oppppsss). Mentir é feio. Parece que timidez, seja defeito ou qualidade,
me falta. Segundo histórias contadas pelo meu tio paterno, João da Motta
Carrano, eu era uma criança muito exibida. Cantava, dançava e falava versinhos
nas reuniões familiares.
Este
traço se manteve durante toda minha vida. Editei um jornalzinho no ginasial
denominado O Caroço -- O que está sempre por dentro. Nele revelava namoricos,
gafes e vitórias dos colegas e elogios e queixas dos professores.
No Curso
Normal fiz teatro e até fui coautora de uma peça apresentada em festival estudantil.
Se não fosse o Almir de Oliveira, eu não teria escrito. Tanto que parei por aí.
E por aqui paro, para não cansar a beleza e/ou a inteligência dos que leem este
blog.
Nunca
subi em árvore ou comi fruta tirada do pé. Mas não me queixo. Não precisam ter
peninha de mim. Na juventude fui à forra da infância tranquila.
Não seriam necessárias outras credenciais, pois é minha irmã, mas alem disso Ana Maria tem luz própria (rsrsrs). Formada em Serviço Social e tendo trabalhado também no magistério - e agora aposentada - ela era até poucos anos o melhor texto da família. E foi uma das pessoas de meu convívio que mais lia, desde bulas de medicamentos, passando pelas finadas listas telefônicas (rsrsrs), até os clássicos da literatura universal. A internet (Facebook e assemelhados), e os indefectíveis joguinhos, hoje absorvem seu tempo. Polêmica, adora uma discussão. Quando não tem motivo para polemizar, cria um. Sai de baixo, porque vem chumbo grosso. Mas o coração comporta muito amor e solidariedade.
ResponderExcluirFez-me lembrar de meu falecido pai, que também editava um jornalzinho com colegas. Parece que era um costume na época.
ResponderExcluirE agora que falou, atiçou a curiosidade! Conta mais sobre o Astolfo Pinto!
<:o)
Freddy
Peraí Freddy. Tá acerto que Ana Maria é uma veterana, mas não é da geração de seu pai. Ela é da sua geração.
ResponderExcluirBrother. Tantas loas de sua parte merecem uns croissant especiais. Levo no dia que a Wanda oferecer as empadinhas. rs
ResponderExcluirFreddy. Estudei com o Astolpho durante o curso de admissão ao ginásio, no Colégio Plínio Leite. Ele era, à época, um garoto divertido e afetuoso. Nunca mais o encontrei e nada sei sobre sua vida, além do que a mídia informa. Quanto ao Jornal "O Caroço", creio ter digitalizado um exemplar. Deve estar escondido num de meus 10 pen drives.
Eu também fazia jornalzinho, mas para consumo próprio. Era sobre futebol! Através dessa prática aprendi a datilografar numa Remington nos anos 60!
ResponderExcluirMas essa coisa de jornalzinho de fofocas me lembra bem o veículo que meu pai organizava, não sei se sobrou algum exemplar para que eu pudesse conferir a data... Não chamemos de fofocas, chamemos de notícias sociais envolvendo a empresa onde trabalhava!
<:o)
Freddy
Eu tento esquecer, mas vocês vivem repetindo: empadinhas! São os meus salgados preferidos, mais ainda que pastéis de carne!
ResponderExcluir<:O)
Freddy
Ana Maria,
ResponderExcluirO que acha dos versos do Nelson Cavaquinho?
"Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora.
Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais.
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais."
Essa letra é bacana.
ResponderExcluirBate lá dentro.
=8-)
Freddy
Chato isso...
ResponderExcluirToda minha vontade de torcer contra a seleção desapareceu depois de ver as jogadas de Neymar...
<:o)
Freddy
Não precisamos torcer contra, basta não apoiar.
ResponderExcluirE jogadas do Neymar você terá o ano inteiro nos jogos do Barcelona.
E terá do Messi, do Cristiano Ronaldo, do Luiz Soares, do Hazar e do...
Freddy,
ResponderExcluirNão precisa chegar a tanto. Mas veja a manifestação de 40.000 em Ribeirão Preto:
https://www.youtube.com/watch?v=YVqx-ukCvwI
Ana, fiquei curioso com 2 coisas :
ResponderExcluir- essa Dona Cleia que te alfabetizou .... você sabe o sobrenome dela, ou mais detalhes sobre ela ?
- Freddy não quis falar, porque não é possível que ele não saiba .....Astolfo é um Barroso, família originária de Campos, e está na nossa árvore genealógica, Freddy !! #prontofalei
Também gostaria de saber o porque de um jornalzinho se chamar Caroço.
Na nossa tchurma do Pé Pequeno tinha um cara que atendia pela alcunha de Caroço (falecido prematuramente), por ser justamente um "mala sem alça", um caroço em nossas vidas ! rsrsrs ...era isso também ?
Caro Riva,
ResponderExcluirNo antepenúltimo parágrafo está a explicação para o título do jornal. É caroço porque está sempre por dentro.
Não é isso Ana Maria?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPor partes, como Jack:
ResponderExcluir- Carrano, sempre gostei de ver o Neymar jogar, ele era do Santos e eu sou santista nas horas vagas. Não assisto TV regularmente, portanto sem chance de admirar esses outros que você citou, a não ser em resenhas esparsas ou jogos das seleções.
- O vídeo de Ribeirão Preto não apenas já conhecia como disseminei no grupo da Embratel do Facebook , recebendo as devidas pedradas (que nem me dou ao trabalho de ler). Afinal são mais de 5.000 seguidores, a maioria petistas de raiz.
- Não sabia que Astolpho era da família, pois nem todos os Barroso são, como também nem todos os March. A menção a seu nome me chamou atenção pois eu o acho muito centrado. Lembro-me dele entrevistando bichas num baile Gala G e ele fez questão de dizer que era homem fisicamente e que Rogéria era o personagem que escolhera para vivenciar artisticamente. Jamais faria operação alguma para trocar de sexo, pois ficaria sem referência alguma na humanidade: nem homem nem mulher.
- Dona Cleia? Hmmm... Nem me ocorreu, não lembrava que ela era professora.
=8-) Freddy
1) Também tenho um "fraco" por empadinhas, Freddy, e a minha cunhada as faz com maestria.
ResponderExcluir2) É por aí, Jorge. Vc sabe como penso a respeito desse quesito. Depois de morta, só preces. Não vá me visitar no cemitério, por que não estarei lá te esperando. rs
3)Lamento, Riva, mas não lembro o sobrenome da minha primeira professora. Recordo que ela era doce e maternal, o que facilitava o processo de adaptação dos alunos na primeira série. Naquela época, a lei não permitia o ingresso de crianças menores de 7 anos nos Grupos Escolares.
4)Segundo consta, Riva, o Astolfo nasceu em Cantagalo, podendo ser realmente de seu "tronco" genealógico.