Vi e ouvi, estupefato, a entrevista do presidente da
Infraero - Gustavo do Vale - quando o mesmo admitiu que é possível tapear na execução de obras
públicas. Foi veiculado em rede nacional de TV e os jornais repercutiram no dia
seguinte.
Quem não ouviu ou leu pode conferir em http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/tapeacao-nos-aeroportos-editorial-do-estadao/
Nós vivemos numa sociedade em que todo mundo quer tapear todo
mundo. É só ter chance.
Lembram-se da propaganda do cigarro Vila Rica, por
volta de 1976, com Gerson afirmando que gostava de levar vantagem em tudo? Este
é o espírito do brasileiro.
Mas quando de trata de exercente de cargo de público, responsável por um setor
vital, como o de transporte aéreo, que envolve as áreas de turismo, economia e
segurança de voos, a declaração toma ares de horror.
Existem tapeações que não são muito nocivas e não trazem
grandes prejuízos à sociedade. Exemplifico. Se a Cia. Fiat Lux, vendesse os
mesmos fósforos, fabricados com a mesma composição química nas cabeças dos palitos
e das lixas da caixinha, utilizando a mesma madeira, estaria tapeando o
consumidor, mas seguramente não lhe
trazendo nenhum prejuízo ou dano à saúde.
Seria apenas um caso mercadológico. Seria admissível e possível que o nome “Beija-flôr” fosse mais
bem aceito numa determinada região e, já em outras, até por habito, as marcas “Olho”
ou “Pinheiros” tivessem maior apelo.
Mas todos riscavam bem e com segurança como apregoado nos
rótulos “fósforos de segurança”. Os mais antigos devem lembrar.
O mesmo já não ocorre se você anuncia 4 diferentes tipos de
azeite, atribuindo-lhes nomes poéticos
como “colheita ao luar” aí já é um caso de estelionato. Se não for verdade o
apregoado.
Já notaram que agora só tem azeite tipo “Extra Virgem” nas
prateleiras? Pois é, para ter esta qualificação, o azeite tem que ter
características especiais. O aproveitamento (rendimento) das azeitonas é muito
menor. Elas não podem ser muito esmagadas por causa dos índices de acidez
tolerados nos “Extra Virgem”.
O “Gallo”, por exemplo, anuncia um “Grande Escolha”, “colheita 2013”.
Ora, agora temos também o azeite safrado, tipo millésime, vintage (no significado do século XVIII).
A prensagem para obtenção dos azeites extra virgemdeve ser é
muito suave, assim como ocorre com certos vinhos, quando as uvas não são muito
esmagadas.
E tem mais, não tenho os dados oficiais de produção de
azeitonas, mas acho que se pegarmos a produção mundial de azeitonas, e confrontando com rendimento delas
na fabricação de azeite especial (extra virgem)
por tonelada, ficaremos estarrecidos com o resultado. Acho que seria impossível
ter tal volume, somados todos os fabricantes, de azeite “extra virgem” no
mercado.
Há nos, quando fui um jovem executivo em ascensão e atuava em
setores produtivos, vi muita coisa neste universo industrial.
Conheci casos em que fitoterápicos sofriam mais de uma
extração hidro-alcoólica, com perda de aproveitamento do princípio ativo na
segunda e até terceira extração.
Assim como tive informação de mexidas significativas em
receitas originais, em prejuízo do incauto consumidor. Se você comprava uma
massa de espaguete com ovos (anunciado nas embalagens) e passado algum tempo,
por razões econômicas e de margem de lucro, o fabricante reduzia a quantidade
de ovos na elaboração do produto você estava sendo iludido. Ora, faz pouca
diferença, no paladar, se você reduz de 50 dúzias por receita (partida), para
40 dúzias de ovos. Mas em termos nutricionais há uma tapeação. E a economia,
para o fabricante, no total fabricado, era substancial.
O mesmo deve acontecer com bebidas. Não acredito, embora não
queira acusar sem conhecimento de causa, e provas, que possa haver diferenças
palpáveis, para existirem vários uísques, como por exemplo no caso dos “Johnnie
Walker”: tem red label, black label, green label, blue label, gold label, double black, swing, gold reserv, platinum,
ufa!!! Esqueci algum?
Como não bebo uísque não posso afirmar que seja difícil,
depois da segunda dose, identificar qual é qual. Mas acho quase impossível. Desafio aos
apreciadores do destilado para que façam o teste (degustação) às cegas, e
indiquem que tipo beberam. Nem entro no campo do tempo de maturação, 8, 12, 18
ou 24 anos, porque me parece, salvo melhor juízo, mais fácil distinguir. E
consequentemente de tapear o consumidor.
E assim vamos nós aceitando passivamente estas tapeações, até
confessadas, como no caso da Infraero.
Quousque tandem.
Gente, essa do azeite colhido ao luar me fez ranger os dentes de raiva quando vi a garrafa num mercado desses.
ResponderExcluirÉ similar à argumentação da Riedel, que diz que a superfície interna de suas taças é de cristal poroso e faz o vinho evoluir melhor enquanto você o degusta.
Não há limites para o marqueteiro maquiar produtos comuns com frases de efeito para iludir consumistas endinheirados.
Eu topo fazer a degustação de whiskies às cegas. Também duvido que o melhor JW seja o mais caro.
Até o momento, apesar de ter todos menos o Platinum e o Gold Reserve, só tomei até o Green. O melhor continua sendo o Black comum. Em segundo, o Swing (que me cativa pela garrafa, pois fui seduzido pelo marketing, consumista que sou!).
Saudações gaúchas.
Freddy
....brasil (com minúscula mesmo) BANDIDO
ResponderExcluirGreve de Polícia Civil e transportes no Rio, na próxima 4ª feira, dia 21/05. Dia de não sair de casa e trancar bem as portas!
ResponderExcluir=8-(
Freddy