Tenho muito ciúme de meus filhos, pois eles ocupam o primeiro
lugar no coração da mãe deles, minha mulher há cinquenta anos. E devo me dar por feliz, pois não fora uma circunstância
muito especial, eu estaria no terceiro posto, atrás dos netos.
Essa questão dos ciúmes é interessante e muitas vezes
inexplicável.
Fatos concretos, no seio da família:
Quando Ricardo nasceu, o Jorge já tinha quatro anos de idade.
E, claro, durante quatro anos foi alvo das atenções de toda a família. Era o
centro do universo.
Ricardo nasce e assim que Wanda voltou para casa depois da
mamada e do arroto necessário, colocou-o no berço. O Jorge se aproxima, olha o
irmãozinho ali deitado e comenta: “ele é feinho não é?”
O ciúme por ter que compartilhar as atenções, foi explicitado
com o comentário ferino. Alias as crianças, podem notar, são cruéis em seus
comentários.
Casei-me em Cachoeiro de Itapemirim – ES. Antes de dar início
ao namoro com Wanda (1960), paquerei por lá.
Claro, jovem e, modéstia à parte, “bem
apessoado”, chamava a atenção de algumas moçoilas. Maxime numa cidade onde não
havia rapazes disponíveis. Estes mudavam para Vitória ou Rio de Janeiro ou
Niterói, para fazer curso superior. Na cidade não havia faculdades. As mulheres os pais não deixavam sair da cidade, ou achavam desnecessário.
Pois bem, sobre uma destas paqueras a Wanda ficou sabendo (lá
todo mundo conhecia todo mundo, principalmente as jovens que estudavam nos
mesmos colégios).
Vou, por motivos óbvios, omitir o nome desta pela qual me
interessei. Trocarei seu nome para “Bella Ragazza”. Era de origem italiana.
Agora vejam o absurdo a que chega o ciúme. Há pouco tempo
fizemos um churrasco na casa de minha irmã mais velha (falecida). Em meio às
carnes algumas cervejas geladas.
Às horas quantas, a conversa caminha para a adolescência,
namoros antigos, estas coisas. Menciono, então, o nome desta menina de Cachoeiro,
para provocar minha mulher. Mas troquei o nome dela, confundo e falei, por
exemplo, “Bella Dona”.
Ato contínuo a Wanda comentou, “o nome dela não é [Bella
Dona]”.
Alguém perguntou como era então. Aí, Wanda nos levou às
gargalhadas. Sua resposta foi: “não vou dizer porque senão ele (eu) poderá
ir atrás dela”.
Gente, isto mais de quarenta anos depois. Já tínhamos 45 de
casamento. Isso sim é ciúme, o resto é conversa. E até hoje rimos muito com esta cena descabida de ciúme.
Para encerrar, outra cena e atitude dos irmãos Jorge e
Ricardo, meus queridos filhos.
Jorge, mais velho, juntamente com amigos de escola e
moradores da mesma rua, em Ribeirão Preto, onde morávamos, pula o muro de uma
casa nas redondezas para poderem se banhar na piscina (a nossa era muito pequena). Os donos da casa estavam
viajando e eles sabiam disto.
Fiquei muito aborrecido com o episódio e queria conversar com
meu filho sobre o caso. À noite, levei-o à Cava do Bosque, uma espécie de Campo
de São Bento (em Niterói), ou melhor ainda, Quinta da Boa Vista (no Rio) ou Parque do Ibirapuera (em São Paulo) para conversar.
Durante o dia eu trabalhava e ele tinha aulas.
Jardim japonês, na Cava do Bosque |
Lá no Bosque (como chamávamos) da cidade, havia uma pizzaria. Então fomos comer
e conversar.
O Ricardo ficou muito enciumado por eu ter levado o Jorge
para jantar e ele não. E me cobrou: “também quero ir jantar com você”.
Conclusão, no dia seguinte estavamos em outra pizzaria da
cidade, com a agravante de eu ter que cortar a pizza dele, pois ainda era
atrapalhado com estas coisas.
Saio do assunto ciúme, mas continuo em Ribeirão Preto, onde
morei no início da década de 1970. Que belo lugar para viver, naquela época
claro.
Bom clima, quente, como o nosso aqui em Niterói, ao qual estávamos acostumados. Bons restaurantes, boas escolas (e até faculdades), tranquilidade e um clássico local, “o Comefogo”, que colocava frente à frente o Comercial e o Botafogo de Ribeirão Preto. A cidade se dividia nas torcidas, e por duas vezes, uma em cada estádio (Palma Travassos e Santa Cruz), fui assistir ao clássico. Torcia pelo Botafogo por uma razão incomum: seu apelido. O Botafogo era (ou é) chamado de a “Pantera da Mogiana”. Por causa da região abrangida pela ferrovia . Acho muito legal este epíteto.
http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/sesporte/i20cava.php
http://www.arquivopublico.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/arqpublico/historia/i14estacoes.htm
Os irmãos Sócrates e Raí começaram suas carreiras jogando no Botafogo de Ribeirão. Uma curiosidade é que o Comercial é que tem uniforme preto e branco, como o Botafogo carioca.
Os irmãos Sócrates e Raí começaram suas carreiras jogando no Botafogo de Ribeirão. Uma curiosidade é que o Comercial é que tem uniforme preto e branco, como o Botafogo carioca.
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Quem gosta, cuida .... rsrsrs
ResponderExcluirEssa conversa de ciúme não me agrada muito. O ciúme excessivo é demonstração de posse, e não de amor. Se bem que uma coisa não exclui a outra, já que a pessoa que ama pode desenvolver o tal ciúme possessivo.
ResponderExcluirNo meu caso... bem, deixa pra lá. Outro dia eu volto ao assunto. Hoje faço 37 anos de casado e não é dia de puxar fio de meadas desagradáveis.
Abraço
Freddy
Já cumprimentei o casal via e-mail, mas reitero aqui, desejando-lhes muitos anos mais de vida em comum, com muitas alegrias, amor, paz e tranquilidade.
ResponderExcluirParabéns Freddy e Mary!
Parece que não ficou claro que a abordagem sobre ciúme era para ter um toque de humor.
ResponderExcluirOu então as situações só são engraçadas mesmo no âmbito da família.