Por
RIVA
Não sabia que título dar ao post, tendo em vista seus diversos assuntos que se entremeiam, se
mesclam, tais como Nikity, velhice, provincianismo, amizades, anos 60, música,
crenças, e outros mais. Daí resolvi colocar Caleidoscópio, bem a minha “cara”
anos 60 (rsrsrs).
A motivação veio dos fatos de ontem, um belo domingo
ensolarado em Nikity. Estava eu às 9:30h teclando o laptop em busca de notícias
do Boeing 777 desaparecido, ouvindo direto a CNN, e o interfone tocou. Ouvi
minha esposa atender e falar coisas do tipo “nossa, quando foi”, “eu vi um
papel de aviso”, etc .... pronto, lá vem notícia ruim !
E veio, a notícia do falecimento do nosso amigo e morador José
Carlos Leão ....
Zé era uma dessas pessoas super alegres, que adorava
conversar com os mais jovens (inclusive eu), curtia demais mesmo a web,
enviando várias mensagens todos os dias, adorava fazer seu footing no calçadão da Praia de Icaraí, onde tinha um point com os amigos em frente à Lopes
Trovão. Adorava seu cão e seu gato. Chegou a morar em Friburgo uma época, e
depois não aguentou ficar longe da praia e voltou para o nosso prédio. Tudo ia
bem até levar um tombo e fraturar o fêmur. Com 86 anos de idade !
O resto vocês já sabem ....
Precisava arejar a cabeça, afastar a tristeza, e então chamei
a minha esposa para darmos uma caminhada naquele lindo dia de sol, ir no Campo
de São Bento comer um pastel do Paulinho e Dna. Alba (na escolinha do Campo),
mas tivemos que encurtar o passeio pois soubemos que a cerimônia do Zé seria às
13h no Parque da Colina.
Peguei a Maga (minha motocicleta) e lá fui eu para o Parque
da Colina, numa viagem muito gostosa quando feita de moto, num lindo dia como
esse.
Parque da Colina - Niterói |
Enquanto não chegavam pessoas que eu conhecesse, fiquei conversando
com um rapaz, Felipe, que disse ser afilhado do Zé. Depois chegou Dalto
(cantor), Cornélio (músico), Ralf (genro do Zé), André (grande vascaíno e
fisioterapeuta), e a minha ficha só caiu uma meia hora depois .... Freddy vai
se lembrar dessa ..... explico :
Felipe tocou guitarra na minha casa há uns 20 anos, no dia de
uma festa dos Anos 60 que promovi no meu prédio, e que teve a ilustre presença
de integrantes dos Lobos, famosa banda dos bailes de Niterói nos anos 60.
Freddy chegou a arrasar no teclado em Hey
Jude nesse dia. Foi uma festa fantástica !
Aqui um detalhe engraçado : os caras resolveram tocar Hey Jude em Fá Sustenido Maior, acho que
para sacanear o Freddy, que ia dar uma canja nos teclados como convidado. Não
esqueço a cara dos músicos com Freddy estraçalhando o solo de Hey Jude, e rindo pra cara deles !!!
kkkkkkk ... não sabem com quem foram se meter !
Felipe é dono hoje do estúdio El Sonoro, em Niterói, muito conceituado (vejam na web e no
Facebook). Conhece vários artistas/músicos brasileiros, vive 100% do seu
estúdio, tendo abandonado sua carreira de advogado.
Dalto (cantor) |
E ficamos ali conversando muito sobre a nossa Niterói,
relembrando como cada um conhecia o Zé Carlos, e Dalto contando casos da época
da banda, dos bailes no Central, no Regatas, no Pioneiros do Vital Brazil (onde
tocavam sempre Os Bolhas, com os filhos da Renata Fronzi e Cesar Ladeira), eu
também relembrando a tchurma do Pé Pequeno (Dalton morou lá também),
relembramos também a boate Le Petit
de Icaraí, com o Dutra comandando o toca-discos. E Felipe lembrando das
brincadeiras de infância com o Zé Carlos, que vivenciou muito disso tudo em função
do convívio com seu genro Ralf.
Um dos caras no velório me olhando num canto, aproximou-se de
mim e falou assim :
- Foi você quem me “aplicou” no Three Dog Night, num baile na
sua casa !
- Como assim ? – perguntei assustado até com o verbo
“aplicar”, cuja definição era o ato de iniciar alguém com LSD, maconha ou
mescalina, muito usados na época.
- Foi na sua casa que ouvi pela primeira vez o som dessa
banda, e até hoje sou fissurado nela. Você foi o culpado por isso ! rsrsrs
Casa no bairro Pé Pequeno - Niterói |
O cara era Reinaldo da turma do Pé Pequeno (morava na rua
Itaperuna 67) ... só dava pra reconhecer com crachá !! rsrsrsrs
Recinto da antiga Leiteria Brasil - NIterói |
E aí o papo entrou nos tais “indicadores de velhice” (kkkkkk,
quase fiz um post sobre isso há pouco tempo) .... Dalto e Ralf comentaram como
não encontram mais ninguém quando atravessam na barca para o Rio, só gente
jovem rsrsrs. Alguém lembrou da Leiteria Brasil (olha só, conversamos outro dia
sobre isso), e acabamos entrando na impressionante mudança do tipo de habitante
de Nikity, em função da inauguração da Ponte Rio-Niterói, da UFF e do boom imobiliário. Esse mesmo processo
ocorreu há anos com outras grandes cidades por aqui e pelo mundo .... a
globalização misturando culturas. Debate intenso sobre isso, com nosso amigo Zé
provavelmente participando também.
Eu particularmente estive em Paris em 79 e mais recentemente
em 2011, e fiquei impressionado com a mudança cultural na cidade, em termos de
etnias. Isso em poucas horas de observação ... é muito nítida a transformação
em tudo. Virou uma NY dos anos 80 !
Eu não sei falar quase nada de francês, e naquela época (79),
se você fizesse uma pergunta em inglês a um francês na rua, ele certamente
responderia em francês. Hoje, não mais .... é uma cidade do mundo.
E o meu querido e
alegre amigo Zé Carlos, até no seu velório, foi o responsável por esse alegre
encontro de pessoas que vivenciaram essa província que é Nikity, que não se
viam há tempos, relembrando com muita alegria vários episódios da nossa
juventude.
Então fomos chamados a nos reunir em torno do Zé para aquela
oração de despedida, realizada por um funcionário do Parque da Colina. Palavras
padronizadas, cânticos estranhos para mim e para a maioria, que se entreolhava.
Muito triste ..... não gostei. Não gostamos.
Meus caros, cheguei em casa e falei com a minha esposa : não
quero que o meu seja triste assim. Não quero. O Zé não merecia uma despedida
triste como a que o cara fez. Pegou-nos de surpresa.
Riva (autor do post) e Hendrix |
Eu quero que a minha despedida com minha família e meus
amigos seja com um Led Zeppelin ou Jimi Hendrix tocando como fundo musical no
salão, com a bandeira do Flu tremulando, e que ao final, todos cantem Hey Jude alegremente, mesmo chorando,
mas com muita energia.
E não venham com aquela máxima de que não vou estar ali
presente, então tanto faz ..... nada disso !
Não sei o que rola depois que morremos, mas por via das
dúvidas, se rola alguma coisa (e desconfio que rola) e eu possa estar por ali,
então quero que seja assim.
Valeu, Zé !! .... #prontofalei
Vamos por partes, como diria Jack (the Ripper), etc...
ResponderExcluirComo já comentamos em oportunidades anteriores, a Leiteria Brasil era um ponto referencial para encontros. E de diversas tribos, em dias e horários distintos. Eu frequentei menino (pré-adolescente) com meus pais, e depois adulto.
O Parque da Colina é um local tão bonito e agradável que é um pecado os moradores não desfrutarem vivos. Esta ideia me assolou quando do sepultamento de minha mãe. Varei a madrugada no velório e por volta das 4:30 da manhã sai para dar uma volta pelas alamedas e esticar um pouco as pernas. O silêncio só era quebrado pelo canto matinal das inúmeras aves e os primeiros raios de sol, às 6:00 h, conferia aos jardins (gramados e plantas do local) o ar e vida da natureza em seu esplendor. Lindo de viver e não de morrer.
As guitarras não me comovem muito, senão em blues. Por isso abro exceção e gosto do Eric Clapton quando executa o gênero.
Por fim uma pergunta que não quer calar. Por que o bairro se chama Pé Pequeno?
Esqueci de colocar nota de rodapé informando que recebi este post ontem, dia 10, quando deve ter sido escrito pelo Riva.
ResponderExcluirLogo, quando ele menciona que "ontem foi um belo domingo ensolarado", está se referindo ao dia 9.
Pelo visto todos ai do blog tiveram infância e juventude bem vividos. Têm histórias para contar.
ResponderExcluirDiferentemente da geração iPad, iPhone, games eletrônicos e estas coisas que prendem diante de telas e o convívio se dá com virtuais e não com seres humanos de verdade.
Helga
Verdade Helga. E olha que aqui só têm tido as coisas publicáveis (rsrsrs).
ResponderExcluirA parte melhor de nossas infâncias/juventudes são inconfessáveis.
Embora recentemente o Riva tenha confessado a maldade feita com o melro do vizinho (rsrsrs).
Esse caleidoscópio me lembra que tenho sido cobrado para falar do Pé Pequeno antigo, mas já começo a ter dúvidas. Por conta de minha índole introvertida, só poderei falar de lugares e coisas, não de pessoas, como Riva sempre se mostra à vontade ao comentar fatos do passado. Ele até foi o mentor de um encontro de antigos moradores, no qual me senti meio deslocado por conta de que a facção, digamos assim, com a qual convivi mais intensamente quase não teve representantes.
ResponderExcluirAlém disso, é um post sobre falecimento, não chega a ser exatamente agradável ficar elogiando o Parque da Colina sob um céu azul de uma manhã de domingo... Mas seguindo o tema, gostaria apenas de acrescentar que ainda não cheguei a um acordo sobre a trilha sonora de meu enterro.
Faz tempo eu elegi o 2º movimento do Concerto Inverno das 4 Estações de Vivaldi como pano de fundo para a cerimônia. Tem sido inclusive alvo de algumas versões pop cantadas, terríveis mesmo com a maior boa vontade dos intérpretes. Vivaldi não merece tal heresia. Eu gostaria do original, com orquestra de câmara. Tá bom, pode ser uma orquestra inteira.
No entanto, recentemente (a partir de 2003), fiquei fã de heavy gótico melódico. Existe uma música no gênero chamada "The Phantom Agony", faixa título de álbum do mesmo nome da banda holandesa Epica. É uma peça ao estilo progressivo, ou seja, tem vários "moods" e é bem longa (9:00). Sua parte final (III. Nevermore) é toda orquestrada e sempre que a ouço fico imaginando que seria um pano de fundo adequado para quando meu caixão estivesse sendo baixado...
Eka! Sai pra lá, Jaburu!
=8-/
Freddy
Mas a explicação do porque Pé Pequeno, os irmãos estão devendo.
ResponderExcluirThe Phantom Agony é uma boa escolha, mas eu preferiria a vocalista enquanto vivo (rs). Assisti/ouvi em
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=UAlRf9qf9d0
Uma boa interpretação do Largo , 2º movimento do Inverno de Vivaldi, está disponível no link a seguir (copiar e colar):
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=bgAUjj5Kt6Y
Já a parte a que eu me refiro do final de "The Phantom Agony", do Epica, pode ser ouvida numa interpretação fantástica com coro e orquestra ao vivo no concerto Retrospect da banda, a partir do tempo 6:12 (a música toda tem 9 minutos, mas o final é só com a orquestra e coro). Querendo assistir, acessem o link:
https://www.youtube.com/watch?v=fP3Sku0kY6Y
O link mostrado pelo Carrano é de uma apresentação dentro de um estúdio, parte do DVD "We will take you with us" e também está muito bonito, praticamente fiel ao original.
Quanto ao Pé Pequeno, teremos de pesquisar, pois já nos contaram umas estórias que não sabemos se são folclore, relacionadas com o tamanho do pé (imenso) de um antigo proprietário da área.
<:o)
Freddy
Valeu, Freddy.
ResponderExcluirAcessarei para ouvir.
Aprendi a conviver com a idéia da morte, embora me doa a perda de entes queridos. Logo, se teremos que enterrar os mortos que seja num local como o Parque da Colina. É um lugar agradável.
ResponderExcluirNão que eu pretenda passar a eternidade no local. Meu espírito liberto, seguirá seu caminho de evolução, motivo pelo qual já avisei meu irmão Jorge, que não vá me visitar no cemitério. Como o Riva, quero alegria no velório, que deve ser breve, antes da cremação. A música de fundo, se possível "Verão de 42" de Michel Legrand.
Querida irmã. Você falou da visita ao cemitério, desnecessária, mas não falou da trilha sonora. Surpreendido com seu pedido, até porque embora linda "Summer of 1942" nada tem de alegre, busquei rapidamente na web.
ResponderExcluirAchei esta versão no YouTube, serve ou tem uma melhor?
Bj.
Serve sim. Não considero triste esta melodia. Me soa suave e calma. Será que seria melhor o Zeca Pagodinho cantando "Deixa a morte me levar...morte leva eu..."? rs.
ResponderExcluirSobre o Pé Pequeno, da Wikipedia :
ResponderExcluirHistória[editar | editar código-fonte]
A origem do nome está associada ao surgimento do bairro. Quando a antiga Fazenda Santa Rosa (século XVIII)que dominava vasta região começou a ser desmembrada entre os seus herdeiros, a maior área ficou em poder de Antônio José Pereira de Santa Rosa Jr, conhecido também por Pé Pequeno. Este, por sua vez, vendeu parte das terras situadas à esquerda da antiga estrada do Calimbá (atual Dr. Paulo César), logo transformadas em chácaras. Com o passar do tempo, as chácaras do Pé Pequeno, que abrigavam famílias de nível econômico elevado e alguns dos nomes ilustres do município, foram revendidas e loteadas. Abriram-se novas ruas e foram construídas novas residências.
Em meados da década de 40 começa a construção de várias casas no local, sendo as ruas saneadas e pavimentadas pouco a pouco, desenhando a atual configuração do bairro.
Embora até meados deste século o Pé Pequeno tenha acompanhado os mesmos processos de urbanização que deram origem a Santa Rosa, o bairro conseguiu resguardar-se de certa forma da explosão imobiliária que levou o vizinho a intenso processo de verticalização. O Pé Pequeno conseguiu manter-se como bairro horizontal de "status" eminentemente residencial. Possui área de 0,32 quilômetros quadrados.
Estava preocupado em enviar o post, devido ao tema final - colocar um Led Zeppelin ou Hendrix na minha despedida, e Hey Jude para todos cantarem bonito no final. E então fico muito feliz porque parece que não sou uma voz que clama no deserto ... rsrsrs
ResponderExcluirO Parque da Colina é realmente muito bonito. Essa parte lá de cima, da cremação, é muito bonita e isolada. Dá tranquilamente para fazer isso, sem incomodar ninguém.
Também quis fazer uma homenagem ao Zé Carlos, porque realmente até nesse momento ele conseguiu juntar pessoas dessa maneira.
Não concordo com o Freddy, sobre ser chato falar da beleza do local. Além do mais, Zé tinha 86 anos bem vividos. Claro que rola a tristeza pelo desaparecimento dele, mas não foi de forma trágica.
E Freddy, pode escrever sobre o Pé Pequeno da forma que você quiser e souber, seja dos lugares, seja de pessoas ou não.
Com certeza vai ser sua ótica daquilo tudo que esse bairro representou, numa época em que, apesar da ditadura, tivemos muita liberdade e muita segurança e qualidade de vida, que infelizmente perdemos hoje, e nossos filhos e netos também. #prontofalei rsrs
E ai, Freddy?
ResponderExcluirFermentando...
ResponderExcluir<:o)
O mais culto, o mais inteligente, o mais sagaz, o mais perspicaz, o mais simpático, o de maior bom gosto, o melhor papo dentre todos os que compareceram a cerimônia fúnebre, é o ANDRÉ.
ResponderExcluirNão por acaso é vascaíno (rsrsrs).
Relendo os comentários, interessante a colocação do Carrano sobre as coisas não confessáveis .... kkkkk
ResponderExcluirSerá que um dia poderemos contar as mais amenas, como a do falecido melro, por exemplo ?
Título do Post : CONFESSIONÁRIO DO IRMÃO CARRANO .... e cada um conta sua historinha .... rsrsrs
Fica a sugestão !
Quando forem viáveis as confissões, já serei arcebispo (rsrsrs).
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