19 de fevereiro de 2014

Uma foto e vários sentimentos

Estamos sempre, neste espaço virtual, enaltecendo a beleza da mulher, sua plástica, seus encantos.
Depois que recebi, via e-mail, este texto que abaixo publico, fiquei com sentimento de culpa e me apresso em redimir minha falha.
Parabéns às novas aspirantes. Vida longa e carreira exitosa para estas integrantes da primeira turma formada na Escola Naval.
O texto, segundo informação, é de Carla Andrade.
"De todas as transformações que o nosso país enfrenta, não tenho dúvida que a pior delas é inversão de valores.
Não estou falando dos atores, mas da plateia.
Quem determina o sucesso de um espetáculo é o público. Por melhor que sejam os atores e o enredo, se o público não aplaudir, a turnê acaba.
Nós somos a sociedade, nós somos a plateia, nós dizemos qual o espetáculo deve acabar e qual precisa continuar.
Se nós estamos aplaudindo coisas erradas, se damos ibope a pessoas erradas, de que estamos reclamando afinal?
Somos nós que continuamos consumindo notícias de bandidos presos e condenados.
Somos nós que consumimos notícias de arruaceiros que ganham mesada para depredar o nosso patrimônio.
Somos nós que damos trela para beijaços, toplessaços, marcha de vadiaças, dos maconheiraços, dos super-heróis que batem ponto em “manifestações” (e que gostam de cozinhar-se dentro de uma fantasia num sol de 45 graus), e todos os tipos de histéricos performáticos que querem seus 15 minutos de fama.
Quando fazemos isso, estamos dando-lhes valores que não têm. Estamos dando-lhes atenção. Estamos dedicando-lhes o nosso precioso tempo.
Passou da hora de dar um basta nisso!
Por que os nossos jornais estão recheados de funkeiros ao invés de medalhistas olímpicos do conhecimento?
Por que vende-se mais jornal com notícia de um funkeiro que largou a escola por já estar milionário, do que de um aluno brilhante que supera até seus professores?
Por que sabemos os nomes dos BBBs e não sabemos os nomes dos nossos cientistas que palestraram no TED?
Por que muitos não sabem nem o que é o TED? Ou Campus Party? 
Por que um evento histórico para o Brasil como o ingresso da primeira turma feminina da Escola Naval não é noticiado?
Por que um monte de alienadas com peitos de fora, merecem mais as manchetes do que as brilhantes alunas, que conquistaram as primeiras 12 vagas, da mais antiga instituição de ensino superior do Brasil?
Por que nós continuamos aplaudindo a barbárie, se ainda temos valores?
O país não mudará se nós não mudarmos o foco!
Os políticos não mudarão se nós não refletirmos a sociedade que queremos!
Já passou da hora de nos posicionarmos!
Ostracismo a quem não merece a nossa atenção e aplausos para quem faz por merecer.
Merecer! Precisamos devolver essa palavra para o nosso dicionário cotidiano.
Meu coração ao olhar essa foto hoje, se divide em vários sentimentos distintos.
Muito orgulho de ser mulher e me ver representada por essas guerreiras.
Elas não estão fazendo arruaça pleiteando igualdade. Elas conquistaram a igualdade estudando e ralando muito.
Elas tiveram que carregar na mão as suas malas pesadas no dia que entraram na Escola Naval. Não puderam puxar na rodinha não! Tiveram que carregar na mão igual aos aspirantes masculinos. 
Elas foram e fizeram.
Mas ao contrário das feministas de toddynho, não estarão nas manchetes dos jornais de hoje. E isso me evoca outros sentimentos. 
Sentimentos de revolta, de vergonha, e de constrangimento frente a essas mulheres, que não serão chamadas de heroínas por apresentadores de televisão. Mas estão dispostas morrer como heroínas por nosso país.
Parabéns Primeira Turma Feminina da Escola Naval de 2014. 
Vocês são a dúzia que vale muito mais que milhares!"

11 comentários:

  1. Parabéns às moças.
    Que venham novas turmas.
    De patético, ler e portanto relembrar que um apresentador de TV chama os participantes daquele programa de confinamento de heróis e heroínas.
    A que ponto chegamos...
    =8-/
    Freddy

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  2. Como diria seu irmão, caro Freddy, vou até ali vomitar. Heróis e heroínas, no BBB? Se foi o Bial, ele realmente perdeu a noção do ridiculo.

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  3. Fiquei emocionada por ver que nem tudo está perdido. Que existem pessoas que preservam valores fundamentais para a sociedade. Estão de parabéns as formandas, a redatora do texto e também o blog por reconhecer a relevância do fato.
    Helga

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  4. Cara Helga,
    Obrigado pela participação, cada vez mais rara, de debatedores.
    Aqui, até onde sei, no blog, todos gostamos das mulheres; seja por seus dotes físicos, seja por seu talento artístico ou desportivo, seja pelo papel de mãe e esposa, seja, ainda, por méritos profissionais em todas as áreas.
    Por vezes pode parecer que só valorizamos o corpo. Isto se deve à grande exposição e exploração da nudez na mídia (o mais das vezes por iniciativa das mulheres). E nós apreciamos mesmo.
    Lamentavelmente são mais raras as notícias sobre mérito feminino em outros campos.
    Quando se destacam nós registramos e louvamos.

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  5. A propósito, registro o bafafá gerado nas redes sociais, depois do posicionamento da presentadora do SBT, Rachel Sheherazade, que foi muito corajosa ao externar sua opinião.
    Para quem não sabe, não ouviu o editorial que ela mesmo redigiu e apresentou, na qualidade de âncora do telejornal, e não viu a polêmica na internet, explico que ela adotou posição firme com relação a alguns hipócritas que defendem os direitos humanos de marginais. O caso que originou a critica foi a do adolescente amarrado ao poste.
    Há muitos anos fez sucesso uma música que falava da mulher paraibana e de sua "macheza".
    O autor é Luiz Gonzaga. Veja os versos:
    "Quando a lama virou pedra e mandacaru secou,
    quando ribançã de sede bateu asas e voou,
    foi aí que eu fui me embora carregando a minha dor
    hoje eu mando um abraço p'ra ti pequenina
    Êta pau pereira que a princesa já roncou
    êta paraíba mulher macho sim senhor
    êta pau pereira meu bodoque nem quebrou
    hoje eu mando um abraço p'ra ti pequenina
    Paraíba masculina mulher macho sim senhor (bis)"
    É a paraibana Sheherazade, que tem nome de personagem de história infantil, com seus 40 anos de idade, que confirma os versos musicais.
    Leiam em
    http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/mil-e-uma-polemicas-ancora-do-sbt-rachel-sheherazade-agitou-redes-sociais-e-desagradou-ate-colegas-de-emissora/?cHash=d1a9e32da1c7731bd102fb35532e81af

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  6. Quem não viu e ouviu os telejornais não pode deixar de acessar e ouvir.
    Não precisa concordar com as opiniões expendidas, basta admirar a coragem da jornalista que, além de tudo, é uma bela mulher (com todo respeito).
    Eis dois links com as opiniões sempre polêmicas da Rachel:

    http://www.tendenciageek.com/tag/video-polemico/

    http://www.youtube.com/watch?v=YB27X-ivKXo

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  7. Como eu não vejo telejornais, nem sabia o nome da moça. Realmente foi uma opinião corajosa que gerou polêmicas hipócritas nas redes e nos jornais, que eu cheguei a acompanhar mas depois deu nojo.
    Tô contigo, Rachel!
    <:o)
    Freddy

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  8. Já tínhamos falado do assunto aqui.Lembra Freddy?

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  9. Sim, lembro.
    Nós debatemos a adoção de menores infratores pelos defensores do estatuto da criança e do adolescente. Seria uma boa para o país, eles fariam um bem danado à sociedade, em vez de ficar bradando hipocrisias.
    <:o)

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  10. Esse texto é meu sim. Sou tia de uma das aspirantes. Obrigada por compartilhar.
    Carla Andrade

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  11. Sou quem deve agradecer a oportunidade de registrar a formatura da primeira turma feminina e ao mesmo tempo divulgar um texto muito bom na forma e no conteúdo. E expressa uma verdade que deveria nos envergonhar pela inversão de valores as quais nos acostumamos.
    Parabéns Sra. Carla e cumprimente, por favor, sua sobrinha, pela formatura e alcance do oficialato.

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