Acredito até prova em contrário

Não tenho cultura teológica, nem sólida orientação religiosa, embora tenha sido coroinha, e sou daqueles que acreditam em reencarnação.

Trata-se de um caso de empirismo acomodado. Como não existe prova em contrário, acredito. Como no caso da culpa: todo indivíduo é inocente até prova em contrário.

Por alguma razão que não sei explicar, e muito menos explicitar em um texto, acho que vivi – em outras vidas – na idade media. É uma fase histórica da civilização que me chama muito a atenção sempre que um bom livro, um bom filme ou bom documentário aborda a época do obscurantismo, das cruzadas e dos templários.

Evidentemente que me imagino, quando penso no assunto, um cavaleiro, mas me conformaria em ser um bom e fiel escudeiro. Até porque a lealdade é um dos atributos que mais admiro  nos outros e cultivo em mim mesmo.

Falei de lealdade que é a fidelidade consciente, racional. Diferente da instintiva dos irracionais. O cão é fiel.

Por estas e outras é que morro de rir (com todo respeito) de adesivos colados em para-brisas e vidros traseiros de automóveis com a inscrição “Deus é fiel”.

Sem contar o absurdo de se conjecturar a hipótese de um Deus (todo poderoso) que fosse infiel. Quem nele confiaria? Eu não confiaria sequer para atravessar uma rua protegido por Ele.

Mudei o rumo da prosa, mas me apresso em retomar à reencarnação. Há uma pergunta que sempre me faço e a terceiros que creem em várias vidas: os Santos, os canonizados, reencarnam? E no caso afirmativo, se reencarnam como seres humanos – e não capim, por exemplo – nesta nova vida são ainda pessoas dedicadas ao bem comum, caridosas e humildes?

Em outras palavras, um santo antigo e popular, dos muitos aos quais emprestamos devoção e depositamos confiança, pode estra aqui entre nós, reencarnado, agindo como um crápula, assassino, ladrão sem vergonha ou integrante do PT?

Ocorreu-me agora, já ao final do post, que poderei fazer média com a Wanda, que aniversaria em 17 de março, ou quem sabe, melhor ainda, esperar até o 31 de dezembro, quando completaremos 50 anos de casados, par declarar-me dizendo que como nossas vidas são curtas, de tempo limitado, gostaria que reencarnássemos numa mesma época, para que pudesse casar com ela novamente.