26 de janeiro de 2014

Papa Francisco


"Os croissants mornos do Papa 

É assim este Papa: terno e atencioso com todos. E tão depressa leva bolos quentes ao seu vizinho Ratzinger, como não hesita em pegar no telefone e dar os parabéns aos seus amigos.

A sala de refeições da Casa Santa Marta, outrora com pouco movimento, agora está sempre cheia. As mesas raramente têm lugares livres desde que Francisco optou por viver na famosa casa de hóspedes do Vaticano. É que entre os comensais está o próprio Papa. Ao lado do refeitório principal há uma sala reservada para convidados especiais, mas, na maioria dos casos, Francisco prefere tomar as refeições na sala grande, junto dos outros hóspedes.

A mesa do Papa é sempre a mesma e está colocada a um canto da sala, mas já aconteceu o sucessor de Pedro sentar-se de surpresa num lugar vago de outras mesas, conversando de surpresa e animadamente com os outros comensais. O serviço, tipicamente italiano, inclui primeiro e segundo pratos, mas – tal como os outros hóspedes - Francisco levanta-se para ir ao "buffet" servir-se de salada e outros acompanhamentos e, sempre que passa entre as mesas, não resiste e mete conversa com quem está sentado.

Quem vive na Casa Santa Marta garante que o clima é muito cordial e bem-disposto. Mas os homens da segurança têm agora mais dores de cabeça, porque a rotina não encaixa no "estilo Bergoglio" e, por isso, nunca se sabe o que pode acontecer.

Há dias, durante o pequeno-almoço, o Papa não estava na sua mesa habitual, nem em qualquer outro lado. Começou a gerar-se uma grande agitação, com vários homens de fato escuro e agentes de segurança enervados a passar revista a toda a casa. Onde estava o Papa? Por onde se teria metido? Toda a gente foi interrogada, a casa passada a pente fino, mas nada!
Depois de uns valentes minutos de angústia, descobriram-no finalmente. Bergoglio caminhava pelo jardim, com passada decidida e um saco de papel na mão. Quando finalmente os homens da segurança lhe falaram do susto devido à sua ausência inesperada, Francisco riu-se e explicou que ia ao mosteiro Mater Ecclesia, onde vive Bento XVI, levar-lhe uns croissants mornos, "acabadinhos de fazer, como ele gosta".

É assim este Papa: terno e atencioso com todos. E tão depressa leva bolos quentes ao seu vizinho Ratzinger, como não hesita em pegar no telefone e dar os parabéns aos seus amigos e, se não atendem, deixa afectuosos recados no voicemail do telemóvel.
Dedica mais horas a saudar, abraçar e beijar pessoas de todas as idades do que a falar e a ler discursos. Preocupa-se sobretudo com o lado humano e concreto das pessoas com quem se cruza, ao ponto de ter pedido à mãe de um bebé acabado de beijar que lhe pusesse um chapéu porque tinha a cabeça muito quente, ou ainda, no caso de um outro pequenino que chorava com fome, devolveu-o à mãe para ela amamentar o bebé, mesmo ali, na Praça de São Pedro! E como é um Papa "todo-o-terreno", tão preocupado com o quotidiano da vida terrena quanto o é com a vida eterna e salvação de cada um, a misericórdia é talvez a sua palavra preferida, porque remete para a esperança e alegria.

Se pudesse, Francisco gostaria de abraçar todos, "com amor e ternura como fazem as mães" – tal como explicou numa entrevista, arqueando os braços como se segurasse um bebé – porque "é assim que deve ser a Igreja: dar carinho, cuidar e abraçar". E não é este também o melhor retrato de Francisco?"

 

Recebi este texto, gostei e, curioso, fui ao Google para saber mais a respeito. Está publicado em  http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=96&did=132866&rdt=1

É de autoria da jornalista portuguesa Aura Miguel. Na wikipedia, encontrei sobre ela:

Aura Miguel (Mem Martins) é uma jornalista portuguesa. É a única portuguesa acreditada na Sala de Imprensa da Santa Sé.
 
Aura Miguel é licenciada em Direito pela Universidade Católica e tem uma pós-graduação em Ciências da Informação. Jornalista desde 1982, colaborou nos jornais A Tarde e Semanário. Desde 1985, é editora de assuntos religiosos na Rádio Renascença.

Como jornalista da Rádio Renascença, tem efectuado a cobertura jornalística ao lado dos Papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco ao longo de mais de 75 viagens apostólicas. Sendo a única vaticanista (nome dado aos jornalistas que acompanham as notícias sobre o Vaticano) portuguesa acreditada na Sala de Imprensa da Santa Sé, acompanha regularmente os Papas nas suas viagens apostólicas. Integra habitualmente a comitiva de jornalistas que viaja a bordo do avião papal e é a única jornalista portuguesa a ter este privilégio. Em 2002, ainda durante o pontificado de João Paulo II, foi escolhida entre os 14 jornalistas convidados pelo Papa para escrever uma das 14 estações da Via Sacra de Sexta-Feira Santa, presidida pelo Sumo Pontífice no Coliseu de Roma.

5 comentários:

  1. Pelo visto a Argentina não está limitada à Sabatini e aos malbecs.
    O Papa também vem agradando.

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  2. Gosto do Papa Francisco. Sem se afastar da linha mestra da Igreja Católica, tenta reaproximá-la dos fiéis. Tarefa árdua, já que a sociedade ocidental evoluiu a uma velocidade muito maior que a capacidade do clero em se adaptar às mudanças, de modo que a Igreja vem perdendo seguidores a uma taxa alarmante.

    Quanto à contribuição dos argentinos à minha felicidade, não me limitaria a Gabriela Sabatini, aos malbecs e ao Papa Francisco.

    Na Argentina se come uma carne de boi excelente, macia e suculenta, e ainda tem javali. Nas cafeterias encontramos os finíssimos sanduíches de “pan de miga”, frios ou tostados. Argentinos apreciam cervejas em garrafas de litro (destaco Stella Artois para os apreciadores de belga e Warsteiner para os alemães, além de Quilmes para os brahmeiros) e ninguém pede uma estupidamente gelada porque não são estúpidos como os brasileiros em geral nesse aspecto.

    Buenos Aires é a capital mais europeia da América do Sul, e considero isso um elogio.
    Bariloche é uma das cidades mais belas que conheço (geograficamente), além do que lá comemos trutas absolutamente fantásticas. Ah, os chocolates e alfajores... Hmmm! Sua estação Cerro Catedral rivaliza com as mais famosas mundo afora, sendo que sua beleza encanta até quem não vai lá para esquiar.

    Há decerto pontos negativos de vulto. Por exemplo observei uma certa dose de racismo contra afrodescendentes e você, como brasileiro, até pode conversar amistosamente com um argentino, desde que não fale de futebol.

    Vida longa ao Papa Francisco.
    Abraços
    Freddy

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  3. E os alfajores?
    Helga

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  4. Helga,
    No texto não mencionei os alfajores, mas em comentário o Freddy fez o reparo.
    Só não tenho por Buenos Aires a paixão que ele parece ter.

    Freddy,
    No Uruguai também tomam, muito, cerveja envasada em litro. Tomei bastante Patricia (uma das mais populares) por lá.

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  5. O brasileiro é que não sabe beber cerveja, só visa matar a sede. Litro é um excelente custo benefício mas aqui se privilegia as pequenas embalagens para que ela possa ser sempre servida estupidamente gelada.

    Minha paixão na Argentina não é Buenos Aires. Quem gosta é minha mulher e não é pelos belos prédios, mas sim pelas boas lojas!
    Minha paixão é Bariloche, aonde já fui 4 vezes e voltarei quantas me for possível. E pelo jeito não sou exceção, já que o apelido da cidade é Brasiloche!
    Abraço
    Freddy

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