2 de dezembro de 2013

Considerações sobre futebol

Antes do provável recesso, quero fazer alguns comentários. Se no Rio meu time vai muito mal das pernas, na Inglaterra meu Arsenal, para surpresa de muitos críticos e até de alguns gunners, estamos na liderança isolada do campeonato.


A equipe está bem entrosadinha, só não tem elenco para aguentar a disputa da Premier League e da Europa Champions League simultaneamente. Quem sabe fazendo umas três contratações pontuais na próxima “janela”, em janeiro, o elenco fique reforçado e em condições de continuar competindo com chances de titulo, pelo menos o nacional.
 

Desde há muito o Arsenal não tem o time mais competitivo, mas tem a equipe que joga mais bonito. Dizem até que o Arsenal não tem torcida, tem plateia. E seu estádio, em Londres, o Emirates, é lindo e moderno. A seleção brasileira já fez vários amistosos naquele estádio.

Lembra um pouco o time do América, aqui no Rio, na década de 1960, que jogava bonitinho, bem entrosado, bola de pé-em-pé, costurando o adversário. Só não tinha capacidade de conclusão, de definição das jogadas. Mas era bom de ver jogar.

O Vasco depende de muita sorte. Só da sorte, porque mérito e  competência não tem, para escapar do rebaixamento. Não tem mérito porque foi mal desde o início e não se arrumou. E não tem competência, com um “timeco” que está mesmo no nível da segunda divisão e olhe lá.

Nesta última partida, contra o Nautico, último colocado e já rebaixado, ficou clara a pobreza do futebol do Vasco. Teve só disposição, aplicação e luta, mas nenhuma organização, nenhuma disciplina tática.

E o Nautico, se jogasse como jogou esta partida durante toda a competição, não teria caído para a segunda divisão.

Já notaram como agora quando a bola está no ar, nenhum jogador passa para o companheiro com a cabeça?  Mesmo na Europa (na Espanha, na Inglaterra e na Alemanha), campeonatos que acompanho, o que se vê é o passe de peito, como no futebol de areia. Se a bola vem à meia-altura, o passe para o companheiro mais próximo é de peito. São modismos. E com a globalização do esporte, todo mundo joga igual, seja na América do Sul, na Europa, na Ásia ou na África. Um jogo do campeonato alemão, recentemente disputado, entre Borussia Dortmund e Bayern de Munique, foi transmitido para 106 países.

Nós precisamos nos organizar pra passar a exportar o espetáculo (o jogo) e não os artistas (os jogadores). E ganhar muito dinheiro com isso.

Os jogadores, mundo afora,  fazem os mesmos cortes de cabelo e procuram imitar seus ídolos no estilo de jogo. No outro dia vi, no campeonato inglês, um jogador pouco conhecido fazer uma jogada “à la Zidane”, girando sobre a bola e puxando-a com a sola da chuteira, para iludir o adversário e passar por ele. Só que o danado do imitador, fez duas vezes seguidas a jogada de girar sobre a bola. Ou seja, aperfeiçoou o que já era bonito e eficaz.


Morreu Nilton Santos, o lateral esquerdo que primeiro jogou como ala, embora sem esta denominação. Lembro da partida inicial do Brasil, na Copa de 1958, quando nosso lateral esquerdo avançou com a bola,  margeando a linha lateral do campo, até chegar à área do adversário e chutar em gol. E fazer o gol. Durante todo o tempo da avançada de Nilton Santos, esse era o lateral esquerdo, o técnico Vicente Feola se esgoelva “volta Nilton, volta Nilton”.

Mas Nilton Santos, felizmente, não o ouviu. Sabia mais que o técnico.

Nenhum epíteto foi tão adequado quanto o conferido ao Nilton Santos: Enciclopédia. Ele sabia tudo mesmo.

Botafoguense, de camisa e espírito, como acontecia antigamente, quando o atleta tinha amor à agremiação que defendia.

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