Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Namorar
é sublime. É uma interação entre pessoas que se sentem atraídas mas que ainda
estão inseguras quanto à profundidade e longevidade de seus sentimentos. As
emoções explodem, buscas incessantes se repetem dia após dia, noite após noite.
É sonhar com possibilidades, é buscar conhecimento, descobertas. A paixão
existe, mas ainda não se sabe exatamente porque nem por quanto tempo.
Mesmo
depois que os sentimentos estabilizam, quando a relação amorosa finalmente se sedimenta,
namorar continua sendo bom. Reverte-se aos tempos em que ainda não sabíamos se,
e o quanto, gostávamos um do outro, só queríamos estar juntos. Paixão pura e aplicada.
Namorar
quando casados (ou juntados ou amancebados) rejuvenesce, reanima o
relacionamento, refresca os espíritos. Namorar com frequência é receita segura
para manter uma relação aquecida por um longo tempo, quiçá fazer com que o amor
“seja eterno enquanto dure”.
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Eis
que, no mundo quase todo, 14 de fevereiro aos poucos foi se estabelecendo como
o dia de celebrar o namoro. Uma grande motivação é religiosa e faz menção a São
Valentim, declarado mártir pela Igreja Católica por ter morrido lutando contra
uma imposição do imperador Cláudio II que proibia casamentos durante as
guerras, argumentando que tirava a atenção dos soldados. Um dia antes de ser
executado, Valentim teria deixado uma mensagem de amor a sua última namorada.
Na
área das motivações leigas, na Idade Média julgava-se que o dia 14 de fevereiro
era o primeiro dia da época de acasalamento anual dos pássaros, de modo que os
namorados aproveitavam para deixar mensagens na soleira da porta do(a)s
amado(a)s.
A
prática foi se sedimentando no século XVII quando franceses e ingleses passaram
a celebrar o Dia de São Valentim como Dia dos Namorados, sendo essa data adotada
um século mais tarde pelos americanos - o Valentine’s Day, tradição que
permanece até hoje. Resumindo, no mundo quase todo o Dia dos Namorados é
celebrado no dia 14 de fevereiro.
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Por
que no Brasil não é?
Entra
em cena um comerciante nascido baiano, publicitário, psicólogo, advogado e...
deputado federal! João Dória era o nome dele e a Exposição Clíper, sua
conceituada empresa paulista nos anos 40, precisava de um motivo para aquecer
as vendas no mês de junho, que não tinha data festiva alguma capaz de gerar
necessidade de compras na massa manipulável: o povo.
Relembremos
que o dia de São Valentim é no mês de fevereiro, mês que no Brasil é dedicado
ao Carnaval, atividade sócio-econômica que já movimenta o comércio em
praticamente todo o país. Mas junho, apenas com suas toscas festas juninas, era
pífio em termos de vendas na referida década de 40.
Então
nosso personagem teve uma brilhante ideia e a espalhou entre os comerciantes de
São Paulo: criar algo bem determinante que alavancasse os negócios de maneira
significativa no mês de junho. E propôs a comemoração do Dia dos Namorados em
nossa santa terrinha no dia 12 de junho, um dia antes do dia de Santo Antônio,
o dito santo casamenteiro. Muito conveniente.
A
ideia vingou e a massa manipulável - o nosso povo - literalmente comprou a
ideia, e aconteceu em âmbito nacional! Amor é um assunto tratado com seriedade
pelas pessoas de modo que essa escolha do Dia dos Namorados passou a ser uma
das datas "comercialmente trabalhadas" que mais vende no país.
Quem
já tentou entrar num restaurante, hotel, motel ou similar na noite de 12 de
junho sabe do que estou a falar. Tudo quanto é artigo passível de configurar um
presente entre amantes se destaca no comércio a preços geralmente
inflacionados, aproveitando o lado emocional e o momento propício.
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Só
que isso aqui é Brasil, país dos espertos. Percebam que a globalização da
informação trouxe para o conhecimento do nosso povo que o Dia de São Valentim é,
lá fora, o Dia dos Namorados. Por influência externa - e crescente trabalho de
propaganda - ele já vem sendo acrescentado ao calendário comercial tupiniquim,
de modo que em breve seremos o único país a ter dois Dias dos Namorados!
Isso
se desdobrará em duas contas a pagar (por ambos os amantes, diga-se de
passagem) e que sejam de boa monta, senão o parceiro vai se julgar desprezado!
Deus
meu... Quando é que nosso povo vai perceber o quanto é manipulado por
interesses meramente comerciais? Quando é que vai acordar e se livrar da teia
lançada pela mídia mancomunada com interesses capitalistas de consumo e
futilidade?
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Hão
de perguntar vocês: então você não dá presente a sua esposa, elegendo-a como
sua eterna namorada? Responderei: dou, sim, mas não em 12 de junho nem em 14 de
fevereiro. Decerto o faço durante diversos dias do ano, bem mais que apenas dois,
celebrando meu apreço, meu amor por quem me acompanha já há 36 anos, mas
fazendo questão de fugir das datas convencionadas por interesses escusos.
Se
a curiosidade ainda espicaça os leitores, ainda mais aqueles que me reconhecem
como um bom consumidor, em meu âmbito familiar fechado também não trocamos mais
presentes de Natal nem de Páscoa, dia de Pais, de Mães, nem data nenhuma
definida religiosa ou comercialmente.
Além
dos presentes espontâneos ao longo do ano, os únicos que ainda são atrelados a dias
especiais são os de aniversários e os comemorativos de início de namoro,
noivado e casamento. Esse, então, é obrigatório!
Quem estiver interessado em conhecer um pouco mais sobre o autor do post e avaliar seu relacionamento interpessoal como anda, basta colar o endereço abaixo na barra de seu navegador e ir até "comentários":
ResponderExcluirhttp://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/06/impressoes-de-viajante-gramado-3.html
Fui lá para ler. Aquilo não é um comentário, é um roteiro gastronômico.Brincadeirinha viu, Freddy?
ResponderExcluirParabéns pela aceitação social. Nunca tive este privilégio de "por conta da casa".
Quanto ao dia de hoje, eu e Berê continuamos namorados enamorados como desde quando nos conhecemos.
Abraços
Obrigado ao Carrano - por apontar o comentário, e ao Gusmão - por ter lido e gostado.
ResponderExcluirComo já testemunhou meu irmão, o Riva desse blog, eu não sou um santo. Tenho meus "causos" de explosões em locais públicos, o que de vez em quando gera ácidas críticas mesmo eu tendo razão. Venho procurando me conter porque sei que a gente pode dizer nossa verdade de uma maneira mais educada, mas de vez em quando eu perco realmente as estribeiras.
Quanto ao assunto de hoje, eu também passei o dia curtindo minha eterna namorada. Não saímos, afinal preciso me comportar de maneira aderente às minhas opiniões no post - rs rs. Mas bem que rolou um espumante da Serra Gaúcha no almoço!
Abraços
Freddy
Eu e Wanda também temos nossa história de namoro, que dura 52 anos se somados os 4 de namoro (propriamente dito) e noivado e os 48 de casamento.
ResponderExcluirSe tivesse lógica nesta coisa de relação amorosa, nós nem teríamos começado.
Pela probabilística a chance seria zero tantas eram as adversidades que precisavam ser superadas.
Entretanto aqui estamos nós a caminho das bodas se ouro.
Fazemos votos que chegue ao ouro e siga em frente, com muita saúde e amor!
ResponderExcluir=8-) Freddy
Obrigado, Freddy!!!
ResponderExcluirAo contrário do que imaginávamos (eu também), não houve polêmica.