Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Parece-me que virou mania entre os amigos da 3ª idade que
frequentam esse blog, sejam articulistas ou comentaristas, reviver o
passado. Meu irmão (Riva, aqui no G.E.) é
um dos que adora isso, inclusive musicalmente. Sua paixão pelo rock dos anos 60
que o diga, apesar de que música é atemporal e mesmo hoje se faça coisa boa.
O meu passado foi meio insípido. Eu fui muito cerebral,
minha vida se desenvolveu no terreno das ideias e eu pouco me expus ao mundo.
Era gordo, CDF, usava óculos (quatruolho) e isso me rendeu muito bullying
(palavra que não existia na época mas explica muita coisa que sofri).
Eu não tenho grande saudade de minha infância. Apesar de ter
recebido todo respaldo financeiro de meus pais para me desenvolver
intelectualmente, minha vida emocional até conhecer minha esposa (aos 24 anos)
foi um poço de angústia. Não vou entrar em detalhes, vamos à parte boa.
Tive, claro, minha turma de rua e de escola, tive minhas
experiências... Tive amigos, sempre quis companhia para compartilhar minhas
ideias e projetos. No entanto esses amigos se foram, um a um. Enquanto a
amizade durou ela foi intensa e verdadeira, mas depois que eles se foram não
deixaram rastros. Pior, falta-me vontade de revê-los... O motivo disso talvez me
custe dezenas de sessões de psicanálise.
Fui criado no Pé Pequeno, um cantinho do bairro de Santa
Rosa junto ao Largo do Marrão (em Niterói-RJ, pra quem não é daqui). Com os
colegas de rua jogava bola, sendo invariavelmente o último a ser escolhido na
formação dos times. Vez por outra participava de jogos coletivos como
bandeirinha e pique. Não jogava pião porque minha mãe achava perigoso, e se
jogava bola de gude era sempre “à brinca”, nunca “à vera”.
Abrindo um parêntesis, isso me lembra que fui criado num
cenário familiar com total aversão ao jogo. Fui pegar num baralho já bem
grandinho, pois era mal visto jogar cartas, que meus pais associavam a vício.
Sim, aprendi poker, 7 e meio, 21, mas jamais joguei a dinheiro.
Jamais nesse caso é uma palavra definitiva em minha vida,
exceção de uns volantes de loteria - rs rs. Já visitei cassinos, mas nunca
joguei nem caça-níquel. Uma vez, saindo com minha turminha de pós-adolescentes,
fui parar num apartamento que tinha nada mais nada menos que uma roleta
profissional! Éramos 14. 13 jogaram e eu olhei.
Voltando à infância, no Largo do Marrão tinha um cinema, o
Mandaro. Como raramente fui ao cinema em minha vida, talvez metade das vezes
tenha sido lá. O que mais me interessava era um armarinho que ficava anexo ao
mesmo: vendia fogos!
Sim, apesar de minha vida introspectiva na maior parte do
tempo, eu tive duas grandes paixões em minha infância: soltar cafifa (ou pipa,
como se chama hoje) e atividades juninas, que invariavelmente incluiu fazer e
soltar balões. Com todas as proibições que me foram impostas por meus pais,
tive liberdade total com essas duas atividades que são, no frigir dos ovos,
minhas mais indeléveis lembranças do passado.
Quanto a cafifas, não era um ás na arte de cruzar, mas dava
pro gasto. Sabia fazer morcegos e piões de excelente qualidade (modalidades sem
rabiola), que eventualmente vendia a colegas. Não fazia disso um comércio, mas
não me negava a vender os que tinha prontos se me fosse solicitado. Fazia um
bom cerol e nunca me faltou grana pra comprar linha nem papel de seda. O
difícil era (e ainda é) conseguir um bom bambu. A vareta tem de ser flexível e
retornar à forma anterior depois de vergado, não pode ser do tipo “que
acostuma”.
Obviamente, livrei-me do vício de soltar balões pela
conscientização ecológica que veio com meu amadurecimento como pessoa - não
bastasse ser crime. Mesmo assim ainda lembro com carinho deles todos. Sabem quem foi o culpado? Meu pai, que me
ensinou a fazê-los quando eu tinha apenas 9 anos...
Tenham em mente que a associação da soltura de balões
imensos com contravenção e tráfico é coisa recente. Muito antigamente era uma
atividade, digamos, mais romântica e relativamente tolerada desde que não
houvesse exageros. Havia até um cunho religioso envolvido. Na Polônia o hábito
ainda persiste.
Para fechar, percebam que ambos os hobbies implicavam olhar
o céu. Acrescentem, portanto, o terceiro deles: astronomia. Fui introduzido às
maravilhas celestes por minha mãe quando tinha 12 anos. Mas isso é outra
história!
Festa das lanternas luminosas (balões) na Polônia
|
Carretel de linha 10 enrolado à moda antiga |
Morcego, tipo de pipa sem rabiola |
Fotos do Google, sendo
que:
Balões na Polônia -
disponível em várias fontes
Carretel - www flogao.com.br/ricardopipas/138812295
Morcego - www.fotosdepipa.blogspot.com.br/2011/09/pipa-ou-morcegao-nao-importa-o-que.html
Meu despretensioso post, acabou rendendo três sobre coisas do passado.
ResponderExcluirAbraços
E rendeu também para o Xexéo, que neste domingo passado (ontem), voltou a falar de "no meu tempo".
ResponderExcluirAté repetitivo em algumas coisas.
Só posso acrescentar que o mês de junho me traz maravilhosas recordações ....
ResponderExcluir- o friozinho que pintava, e os balões pintando o céu de Niterói
- não esqueço o primeiro balão do meu irmão Freddy, porque ficamos torcendo para ele ter força para atravessar o morro Boa Vista, atrás de nossa casa no Pé Pequeno. E foi uma festa, pq ele conseguiu.
- de balões...muita coisa ...a "butuca" nos balões dos concorrentes, para que pegassem fogo .... tinha umas maldades, tipo, balões com gatos com/sem pára-quedas, etc ....
- de balões, tb não esquço um balão do meu irmão que lambeu na decolagem, e a mega bucha caiu no telhado da Dna. Aninha, nossa vizinha ... papai quase foi à loucura
- junho me traz maravilhosas recordações das quermesses do ABEL, tradicional colégio de Niterói .... as meninas, o salsichão grelhado, o caldo verde .... demais !!!
- e junho me traz até hoje a admiração pelos céus azuis mais lindos do ano .... não sei porque, mas são ! ...e é meu aniversário, dia 2 hehehehe
Caro Riva,
ResponderExcluirGostei da estratégia de só revelar a data do aniversário passados dois dias. assim ninguém cobra o chopinho comemorativo.
De qualquer sorte, com ou sem o chopinho, parabéns. Como diria Shakespeare: tudo de bom para você!
É mais esperto do que você pensa, Carrano! Ele recebeu os parabéns só por celular, e-mail ou facebook, pois estava em Gramado!
ResponderExcluir<:O)
Freddy
hehehe ...obrigado, meu amigo. Tim Tim !
ResponderExcluirPS : crise no Ninho dos Urubus !!
Que pena, não é? "Perdemos" a Patricia Amorim e o Jorginho.
ResponderExcluirCom os dois os urubus passariam a voar de costas, como dizia no passado o saudoso Sergio Porto.
"Perdemos" o René Simões.
ResponderExcluirQue peninha...
Não fez nada, pelo que me consta, a não ser permitir a venda do Dedé.
Quem vem lá? Seria Eurico?
<:o)
Freddy
O Rene é um falastrão. Já vai um pouco tarde.
ResponderExcluirNotícia de última hora. Sempre é possível piorar: Brasil cai para 22ª posição no ranking da FIFA.
ResponderExcluirQue coisa, hein?!
Leiam em
ResponderExcluirhttp://www.espn.com.br/noticia/334523_brasil-cai-para-22-no-ranking-fifa-pior-posicao-da-historia-espanha-segue-lider