Olha só, alguns séculos depois de sua morte, em 1616, a vida
de Shakespeare, tido e havido como o maior dramaturgo de todos os tempos, cujas
peças foram e são encenadas sempre com sucesso, em diferentes montagens, tem
tido sua vida esmiuçada por estudiosos, biógrafos, jornalistas e espíritos de
porco em geral, que acabam por descobrir, ou inventar, alguns elementos
discutíveis do caráter do “Bardo de Avon”, ou “The Bard”.
Em filme de exibição recente ("Anonymous") ele é retratado como alguém
incapaz sequer de escrever e que colocaria sua arte a serviço dos Tudors, então
instalados no trono britânico.
E foi explorada por muito tempo, até por falta de
interpretação dos costumes da época, que ele não foi mesquinho ao deixar em
testamento sua “second best bed” para sua esposa.
Mas muitas coisas incompatíveis com sua imagem pública
conhecida, divulgada e enaltecida, e que são verdadeiras, têm sido divulgadas.
Jean-Jacques Rousseau, que teve a coragem de colocar seus 5
filhos em um orfanato, anos mais tarde teve o desplante de escrever um livro
sobre a arte de educar filhos.
Não se pode olhar muito de perto, nem celebridades e nem
mesmo parentes e amigos mais chegados. De repente você pode se decepcionar e/ou
decepcioná-los você mesmo. Sim, porque não estamos imunes a esta regra estabelecida
por Caetano Veloso: “De perto ninguém é normal”.
J. R. Guzzo,
em excelente matéria recentemente publicada, fala de aparentes, ou não,
contradições humanas, referindo-se a nomes respeitabilíssimos, de reputação
consagrada, cantadas em prosa e verso.
Refiro-me a
Abraham Lincoln e Robespierre. O primeiro, que dizia e assumia escrever que os negros eram raça
inferior, foi um abolicionista de primeira linha, assumindo uma guerra para
acabar com o regime escravocrata.
O segundo, um
dos importantes líderes na revolução francesa, chegou a propor o fim da pena
ade morte no país. Entretanto, ao estar no poder, determinou a morte de cerca
de 50.000 “inimigos da revolução”, que foram para a guilhotina.
No caso
dele, numa destas reviravoltas do mundo, acabou sendo guilhotinado. A história
não perdoa.
Agora me dou
conta de que a digressão de caráter
introdutório ao tema e personagens que pretendia
abordar ficou muito grande o que me leva o objetivar o texto.
Pretendia
falar de Dunga e Bernardinho, dois desportistas vencedores, intensos em suas
atuações como atletas e como técnicos, com espirito de liderança, garra e
vontade de vencer e que não aceitam a derrota sem luta, determinação e
aplicação.
Aliás não
aceitam mesmo quando presentes esta força de vontade, este empenho, porque só
admitem a vitória. E acreditam que o caminho do sucesso passa pelo trabalho
árduo, penoso, de sacrifício e entrega.
O que a
coisa do início, passando pela citação de Cetano tem a ver com os vitoriosos Dunga
e Bernardinho? É que tenho receio de enaltecer os feitos, as atitudes, a trajetória
deles e mais tarde descobrir que a história não é bem assim. E haveria controvérsias quanto
ao caráter, a índole, a moral e a ética dos mesmos.
O dito popular já consagrou: "ninguém é perfeito".
ResponderExcluirDigo eu, de perto ou de longe.
Abraços
Não sabia ser você tão céptico.
ResponderExcluirBem, está na linha do Millôr, quando este dizia que "o ser humano não deu certo".
A propósito .... O Engenhão vai continuar se chamando Estádio João Havelange ?
ResponderExcluirSds TETRAcolores
Riva,
ResponderExcluirNão estou defendendo e aprovando Havelange, ou sequer endossando suas condutas reprováveis.
Mas nós, povo brasileiro, temos telhado de vidro. Quando em 1962 conquistamos o bicampeonato mundial e louvamos o Mané Garrincha, fizemos de conta que não vimos o Havelange com seu prestígio na FIFA, facilitar as coisas para nós.
A Espanha foi garfada vergonhosamente, tendo um gol anulado e um pênalti escandaloso não marcado (aquele do passo à frente do Nilton Santos).
E mais, na partida final o Garrincha não poderia jogar porque fora expulso de campo na semifinal. Mas juiz e súmula desapareceram milagrosamente, num passe de mágica senão orquestrado pelo menos com o beneplácito de João Havelange.
Como disse o Caetano e eu reproduzi: de perto ninguém é normal, ou limpo, ou decente.
Num país em que deputados já condenados pelo STF estão votando projetos de interesse público e o presidente do senado é o Renan Calhorda, nada mais me impressiona.
Esse José Maria Marin que está no comando da CBF é igual ou pior do que o Havelange.
ResponderExcluirE Lula?
Ou seja, da vontade de vomitar.
Frase que cunhei em 1977, depois de viver 7 meses na Alemanha e ter passeado pela Europa:
ResponderExcluir"Tenho vergonha de ser brasileiro"
Em verdade, ela foi pensada depois de ter conhecido a Holanda, país de 1º mundo que tem de empurrar o mar para existir. E nós na m... em que estamos, com essa terra toda abençoada. Passados já 36 anos, nada ainda aconteceu por aqui que me faça mudar de opinião.
Sobre o tema do post, nada consigo acrescentar ao que já disse Caetano.
Abraços
Freddy
Carrano, não me lembro de nada disso que vc relatou sobre a Copa de 62 .... rsrsrs
ResponderExcluirQuanto ao juiz e súmula, não é verdade que ambos desapareceram. Somente a súmula desapareceu, porque o juiz foi visto (e fotografado) na mesma semana passeando na famosa calçada de Copacabana ..... rsrsrs
FLUi, porque hoje é dia de desespero !