4 de maio de 2013

Das estátuas humanizadas


A estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, aquela que teve os óculos roubados 8 vezes, é o segundo monumento público mais visitado da cidade, só perdendo para o Cristo Redentor. Alvíssaras!!!

Mais, tirar uma foto ao lado da estátua virou uma prova de que o turista visitou de fato a cidade do Rio de Janeiro, podendo mostra-la a amigos e parentes em seu retorno à cidade onde reside.

Uma boa e oportuna matéria publicada na Revista O Globo, dá conta de que várias dezenas de pessoas, diariamente, param junto a estátua para os mais variados  fins. Tanto pode ser um afago, conversas ao pé do ouvido, chistes e carinhos sem fim.

E fotos, muitas fotos, claro. Aquela inibição natural  que as pessoas têm, quando vão fotografar  pontos turísticos, porque fica todo mundo olhando, no caso do monumento ao poeta mineiro desapareceu por completo, tantos são os que fazem isso diariamente.

Como o Drummond,  representado em bronze,  está sentado numa das extremidades do banco,  as pessoa sentam-se  ao lado, por vezes abraçam o poeta, colocam nele adereços como chapéus e cachecóis e, felizes, postam as fotos nas redes sociais.

E tem os que apenas dão um selinho e seguem seu caminho pela calçada de Copacabana onde fica a estátua.

Já que estou falando de uma celebridade do mundo das letras, vou emendar com outras personalidades que são  grandes expressões da literatura em língua portuguesa.

Começo com Luis Fernando Veríssimo, porque é dele a deliciosa crônica que encontrei no livro “Diálogos Impossíveis”, na qual simula um improvável encontro das estátuas do Drummond,  que está em Copacabana, Rio de Janeiro, supramencionada, com as estatuas de Fernando Pessoa, que está na cidade de Lisboa, em Portugal  e a de Mario Quintana, que se encontra em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Na crônica supracitada, Veríssimo coloca na boca de Drummond um lamento: “De que adianta sermos eternos, mas imóveis ?”. Ao que Fernando Pessoa retrucaria: “Pior é ser este corpo duro, sentado num lugar duro. Eu trocaria a eternidade por uma almofada”. E diria Quintana: “Pior são os passarinhos”.

O texto segue elucubrando sobre o diálogo das estátuas, com a maestria de sempre do cronista gaúcho, com sua verve inigualável, até seu desfecho, quando narra que estavam os três (Pessoa, Drummond e Quintana) ali desolados, em silêncio, até um turista apontá-los para a mulher e dizer: - "O do meio eu não sei, mas os outros dois são o Carlos Gardel e o José Saramago”.

Tomara que fora da crônica do Veríssimo, na vida real, as centenas de pessoas que acarinham a estátua do Drummond, sussurram ao seu ouvido e dão selinho, saibam com quem estão interagindo.

7 comentários:

  1. Eu não pude dar um abraço em Goethe, em Viena, porque a estátua está muito alta, num pedestal.
    Abraços

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  2. Aos desavisados, e certamente serão poucos, dado o nível de cultura e informação elevados, dos frequentadores assíduos deste espaço virtual, informo que Johann Wolfgang von Goethe foi um expoente da literatura em língua alemã, sendo também um pensador com frases constantemente citadas, como por exemplo: "Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira."
    Eu fiz, Gusmão, uma foto da estátua em Viena, mas como você citou para abraça-lo precisaria ser alpinista.

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  3. Só para esclarecer, não falo, não leio e não escrevo em alemão.
    Mas boa parte da obra de Goethe é encontrável em português.
    Só para esclarecer mais ainda, não é que tenha lido muito Goethe, mas dada sua importância andei xeretando alguma coisa.

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  4. Todos os escritores citados, os 4 do post e mais o Goethe que introduzi no comentário, são autores de frases recorrentes em discursos, teses ou conversas de botequim.
    Abraços

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  5. Confesso que tenho foto com o Quintana. Em Porto Alegre existe um espaço com vídeos, objetos pessoais do poeta, junto a uma cafeteria. É ponto de encontro de turistas e locais.

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  6. O Veríssimo torce pelo Inter, não?
    <:O)
    Freddy

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  7. Pronto! O Freddy arranjou um jeito de falar de futebol no meu post (rs).
    Sim, Freddy, ele torce pelo colorado gaúcho.

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