Existem
duas categorias de roteiristas que concorrem ao Oscar. Os que fazem roteiros
adaptados que suponho, se estiver equivocado me corrijam, partem de um romance,
um conto, uma peça teatral ou, eventualmente, de um caso real.
E
os que escrevem roteiros originais, fruto de sua inspiração, sua imaginação, em
suma, partem do zero em suas cabeças.
Nesta
segunda categoria o Woody Allen é mais do que premiado. Mas isto porque não
concorrem alguns advogados brasileiros que concebem histórias fantásticas,
surpreendentes, originalíssimas.
Senão
vejamos.
Um
idiota qualquer, na Bolivia, numa partida de futebol, detona um sinalizador
naval em direção a torcida do adversário. O artefato plástico, como um projetil, existente no
interior do sinalizador atinge o rosto de um jovem de 17 anos. Que vem a
falecer.
A
polícia local prende 10 ou 12 suspeitos. Entre eles está o responsável, o
criminoso.
Enquanto
isso, em São Paulo, partes economicamente interessadas, e poderosas, começam a
agir rapidamente. São eles o Sport Club Corinthians Paulista, a torcida
organizada, com ramificações no mundo do samba, que se intitula Gaviões da Fiel e,
pelo que li, com o apoio velado mas importante da Rede Globo de Televisão.
Bem,
estas instituições contratam um advogado na cidade de São Paulo para estudar o
caso objetivando: livrar a responsabilidade penal do criminoso, minimizar a
punição do órgão desportivo (Comembol) que seria aplicada ao clube e evitar prejuízos
à rede de TV em face de patrocínios das transmissões dos jogos, já contratados (se o Corinthians viesse a ser eliminado do competição).
Ai
entra em ação a mente brilhante de um roteirista ficcional com inscrição na
OAB. Arranja um “bode expiatório”, que além de outros requisitos importantes é
menor de idade e, por isso, inalcançável
por algumas punições aplicáveis ao caso.
Armam
uma história cheia de inconsistências, de fraudes, de mentiras, de truques que
nem a Promotoria boliviana acredita.
Não
vou entrar em mais detalhes da farsa porque os jornais e revistas já trataram
profundamente do assunto. Um belo roteiro original o arquitetado pelo advogado.
Se for parar nas telas de cinema, como se trata de história verídica, concorrerá
como roteiro adaptado.
Outro
caso muito interessante, para quem gosta dos temas que envolvem sexo, é a do
padre que não respeitava uma afilhada, não respeitava a casa paroquial e nem
aos fieis de sua igreja.
Iniciou
a afilhada aos treze anos nos prazeres da carne. Na época, porque menor, a
adolescente foi alvo da ação de um pedófilo, que teria que responder pelo
delito específico.
Mas
existem outros ingrediente no caso. Esta agora mulher, aos 19 anos, sabe-se,
tirou proveito da situação a que o padre a constrangeu. Pediu e ganhou vários
presentes, como motocicleta, ou seja, se prostituiu.
O
pai desta agora mulher, espertalhão e de má-fé, resolveu extorquir dinheiro do
padre ameaçando denuncia-lo a polícia e leva-lo à Justiça.
Existem
outros personagens cujos perfis não conheço com detalhes mas que não vem ao
caso. O padre teria “abusado” de uma outra menor, então com 7 anos de idade, ‘tocando-lhe
partes do corpo”. Esta outra menor é irmã da primeira citada, mas apenas por parte
de pai. Que pai, hein?! Este aproveitador que pretendia extorquir o vigário.
Há
uma outra menor que se dispôs a simular (ou não) relação sexual com o padre para
possibilitar uma filmagem que serviria de prova contra o sacerdote.
Bem,
perguntarão vocês. Onde o roteiro escrito por advogado?
O
padre, que quase cai no “conto do vigário” (armaram um gravação contra ele),
contratou um advogado que se saiu com a seguinte pérola, argumento de defesa: "o
padre foi seduzido pelas meninas". A carne, como sabem, é fraca. Foi o que
disse.
Palmas
para ele, porque merece.
Já
o advogado do goleiro Bruno, do Flamengo (parece preconceito meu, mas não é),
armou o seguinte teatro durante a sessão de julgamento. Botou o cliente (Bruno),
cabisbaixo, com um exemplar da Bíblia nas mãos e teatralizando um choro vez ou
outra.
Mal
ensaiado. Péssima interpretação. O Bruno era melhor goleiro do que ator.
O
roteiro é fraco, admito. Este teria pouca chance de ganhar porque nem original é.
Este truque já foi utilizado ad nauseam.
Por
último, um roteiro que conheço pouco porque quando vi a cara da personagem
central fiquei convencido: é culpada. Lombroso assinaria meu laudo.
Estou
me referindo ao caso da médica, no Paraná, que decidia, atribuindo-se o papel
de Deus, quem deveria morre na UTI e quem deveria ter chance de recuperação.
O
roteirista deste caso, o advogado contratado pela assassina, foi mis
sofisticado, alegando que as gravações telefônicas e mensagens de texto
interceptadas, não foram interpretadas corretamente: ela, a médica, não queria dizer esvaziar
a UTI e abrir espaço para outros. Pretendeu dizer que era para esvaziar a fila
de espera para a UTI, internando os que esparvam por vaga.
Se
tudo isto não fosse tão trágico, tão deprimente, tão vergonhoso, estaríamos
aqui a rir destas histórias fantásticas, mirabolantes.
E olha que estes roteiristas de cabeça criativa e falta de escrúpulos e de medidas, estão espalhados pelo país. Os casos relatados ocorreram em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro (Niterói) e Paraná.
E olha que estes roteiristas de cabeça criativa e falta de escrúpulos e de medidas, estão espalhados pelo país. Os casos relatados ocorreram em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro (Niterói) e Paraná.
O advogado que inventou o menor de idade para o Corinthians nem original foi. Qualquer bando no Rio de Janeiro já coloca um menor dentro dos carros que saem por aí praticando crimes. Quando a polícia os pega, o culpado por eventual assassinato é sempre o menor, devidamente instruído pelo bando.
ResponderExcluirO padre foi vítima da carne, que é fraca... As leis é que não sabem que certas meninas pré-adolescentes são mais fogosas que muita balzaquiana reclusa. Não configura pedofilia, ela tinha 13 anos e não era uma criança. Abuso de menor, pelas leis atuais sim. Relembro que a dureza das leis sobre sexo dependem do momento histórico em que vive a sociedade em questão e da religião que pratica.
Afagar (lascivamente) as partes íntimas da garota de 7 anos... Bem, seu padre, se é verdade aquilo de que lhe acusam, exagerou. Mas como provar?
Sobre o Bruno... ridícula a teatralização bíblica. Só que, mais uma vez me balizando nas leis atuais, ele pode vir a ser inocentado. Putz, o cadáver não apareceu! Como então afirmar que houve um assassinato? OK, os homens da lei têm suas explicações técnicas...
A médica é um caso grave. Não apenas pela conduta, mas porque temos uma blindagem fortíssima da classe, que sempre procura minimizar crimes praticados por médicos. Como eles estão permanentemente a lidar com a possibilidade de morte em suas mãos, há uma tendência a manter a justiça comum longe disso. Casos recentes de mortes por erro de aplicação de medicamentos, comida, soro, têm pipocado sem que se tenha efetivamente condenações.
Estamos atentos. São casos emblemáticos.
Abraços
Freddy
Que sono ! Ativada a pagina do Facebook. O nosso instante T0 e' sexta-feira 1 de marco. Todos os links estao postados. Abracao !
ResponderExcluirE os promotores e juizes dos casos, como se comportam? Aceitam encenar estas farsas?
ResponderExcluirAbraços
As instituições ainda não retomaram sua credibilidade. Faz pouco tempo ninguém acreditava em nada. Aos poucos, algumas foram se restabelecendo. Polícia instalando UPPs é uma delas, das mais importantes por sinal. A Justiça começa timidamente a retomar as forças com o Joaquim Barbosa, que não é perfeito mas ao menos tenta algo.
ResponderExcluirNo entanto os Bombeiros no Rio foram postos à prova e perderam. As desculpas oficiais beiram o ridículo. Hoje em dia, o azar é que as redes sociais estão aí para divulgar dados, horários, fotos e filmetes. Não dá mais para esconder a verdade como há poucos anos atrás.
Exoneraram o comandante "daquele quartel", mas e os outros? E a taxa anual ao Funesbom, que o próprio Cabral admitiu ter sua arrecadação misturada ao caixa único do Estado?
Estamos engatinhando, mas as redes sociais virarão o mundo de ponta cabeça, com certeza!
Abraços
Freddy
Como diria um amigo meu: o problema nao e' o processo mas o modelo nao somemte legal mas moral que permite que esse tipo de coisa continue acontendo. Em tempo Bruno e' ex-goleiro do Flamengo posicao que deixou de ocupar em 2010. Abracao, Rick.
ResponderExcluirCerto, Ricardo, oportuna correção: ex-goleiro.
ResponderExcluirSe ele for absolvido volta? (rs)
Abraço
Bem Big Jorge, so' posso dizer que para mim nao merece voltar porque mesmo absolvido da acusacao de assassinato, o abuso e falta de carater ficou a meu ver claro. So' posso esperar que entao uma diretoria que se diz seria, nao recoloque este elemento no time, mesmo que nao tivessemos um bom goleiro o que nao e' o caso. Abracao, Rick.
ResponderExcluirPS: Ja' olharam o G/E no Facebook ?
Alô amigos!
ResponderExcluirJá foram, como indaga o Ricardo, ao Facebook?
Caro Freddy,
ResponderExcluirPermita-me um pequeno aparte ao seu primeiro comentário lá atrás.
A carne é fraca foi também o discurso do advogado, mas eu acrescentaria: e o miolo é molhe.
Alguém já entrou na página do Generalidades no Fecebook?
ResponderExcluirEstou curioso para saber o resultado.