14 de fevereiro de 2013

Henrique VIII e Pedro I

Houve um tempo em que os enredos das escolas de samba tinham que estar relacionados a fatos e personagens da história do Brasil.

E foram compostos sambas antológicos, que serviam como dublagem contando o enredo que se desenvolvia diante de nossos olhos, nas fantasias, nos adereços, nas alegorias.


Numa crônica recente,  o Xexeo disse que aprendeu o nome completo de Tiradentes antes mesmo de entrar na escola, por causa do samba-enredo imperiano, de 1949, intitulado "Exaltação a Tiradentes". Claro que se trata de uma "licença poética", até porque, como o próprio autor admitiu no texto, não havia nascido.


Mas que nós tínhamos história brasileira contada em prosa e verso, tínhamos. E a coisa chegava a tal ponto que compositores inspiradíssimos, mas de poucas letras  e instrução formal, ou seja, com sabedoria mas pouco saber, por vezes misturavam épocas e personagens, o que levou o cronista Sergio Porto, com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, com o qual se consagrou, haver composto o "Samba do Crioulo Doido".


O compositor pirou, confuso com tantos personagens e fatos históricos.


Acho que era proibido, em regulamento, abordar temas estrangeiros. Assim, para falar das minas do rei Salomão, o carnavalesco tinha que viajar muito dando asas a sua imaginação para poder achar links com fatos nacionais.


Lembrando disso, ou seja, vínculos com vultos históricos alienígenas, ocorreu-me que sem forçar muito, seria possível amarrar a monarquia pátria à inglesa, comparando, por exemplo, o rei Henrique VIII ao imperador D. Pedro I, do Brasil.


Senão vejamos. Ambos fizeram test drive com irmãs. Ou seja, D. Pedro I ciscou na horta de Maria Benedita de Castro do Canto e Melo, que virou Baronesa de Sorocaba, antes de adotar como teúda e manteúda sua irmã Domitila de Castro do Canto e Melo, mais conhecida e famosa como Marquesa de Santos.


Assim também Henrique VIII deu uns beliscos em Mary Boleyn (entre nós Maria Bolena), que era irmã mais velha de Anne Boleyn (Ana Bolena), que acabou rainha da Inglaterra e responsável  pelo rompimento de Henrique com a Igreja Católica.

Bem, Pedro I não casou tantas vezes quanto o Henrique VIII, mas também teve casamento arranjado através de emissários procuradores.


As mulheres do inglês parecem mais atraentes do que as do português. A menos que os retratistas não fizessem justiça aos encantos das princesas* que casaram com D. Pedro. E, pior, com os dotes físicos de suas amantes.


Fui pesquisar imagens disponíveis, e eis o que e encontrei aqui abaixo:



Marquesa de Santos
Baronesa de Sorocaba














* - Caroline Josepha Leopoldine Franziska Ferdinanda von Habsburg-Lothiringen (Princesa Leopoldina) - 1ª esposa de D. Pedro I.
- Amélie Auguste Eugénie Napoléone Beauhamais (Princesa Amélia) - 2ª esposa de D. Pedro I.


Nota do blogueiro: em março de 2011, publicamos uma série de posts sobre a literatura nos sambas-enredos. Literatura era um bom filão. Eis o link para o primeiro deles http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/03/literatura-no-samba-enredo-i.html

7 comentários:

  1. Os padrões de beleza eram diferentes naquela época, inclusive entre os homens.
    Helga

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  2. Esta é o post de nº 800 publicado neste blog que teve seu início em novembro de 2009.

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  3. Parabéns, Carrano!
    Meu desejo para ambos (blog e seu criador, patrono, dono, mentor, etc) repete palavras do Dr. Spock: "live long and prosper!"

    Abraços
    Freddy

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  4. Mas vamos lá. A referência a Henrique VIII e suas esposas me lembra uma das mais famosas obras do tecladista Rick Wakeman: "The Six Wives of Henry VIII", 1973. Em seis ricas obras quase que eruditas, não fosse o uso de sintetizadores eletrônicos analógicos, Rick transfere para as teclas sua versão da personalidade de cada uma delas.
    É de se notar que o fato dessas características pessoais fazerem parte do "libreto" que acompanhava o LP, de modo que, mal ou bem, os amantes do rock progressivo tiveram acesso à história amorosa de Henrique VIII.
    Confiram em:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Six_Wives_of_Henry_VIII

    Abraços
    Freddy

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  5. Ikh! Escorreguei no português numa frase do comentário anterior, sorry. "É de se notar o fato" - tem um "que" demais.

    Aproveito para transcrever trecho da Wikipedia, a Enciclopédia Livre:

    "Recentemente, no final de 2008, Wakeman foi convidado formalmente pela realeza britânica para celebrar os 500 anos da ascensão de Henrique VIII ao trono inglês com um de seus espetáculos o que deu origem ao show "The Six Wives of Henry VIII Live at Hampton Court Palace" lançado em CD, DVD e Blu-Ray. O show foi realizado em um dos castelos construídos por Henrique VIII, o Hampton Court Palace e reuniu uma orquestra com 70 integrantes, um coral de 40 vozes, um quinteto de rock e diversos convidados especiais."

    Mais um show na minha "wish list"!
    Abraços
    Freddy

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  6. Tem uma ligação melhor. Dom João VI, fugiu para o Brasil com a proteção dos ingleses, porque os franceses ameaçavam invadir Portugal.
    Abraços

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  7. D. Pedro I é o meu personagem histórico predileto e não vejo muito em comum com o Rei inglês.Ter muitas amantes não é prerrogativa dos monarcas. O Henrique gostava do poder, traço que não encontrei no que li sobre o Pedro.
    Quanto a beleza das esposas, era fato comentado a aparência de Dona Leopoldina, que , mesmo na época era considerada pouco atraente. Mas, em contrapartona Maria Amélia era uma jovem de grande beleza. Tanto assim que o Imperador se apaixonou por ela.

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