21 de fevereiro de 2013

Da boca para fora


Ontem, de novo, brinquei com a questão de frases feitas, destas que a gente repete nas rodinhas de eventos sociais e na mesa do bar com amigos. Mas também em eventos mais formais, como palestras, aulas, etc.

Por vezes a frase é repetida tão automática e irrefletidamente, que a dizemos sem muita convicção. Mas não faz mal pois a oportunidade assim o exige.

Gosto de exemplos. Pois vamos lá. Se o assunto da conversa é sobre um AVC ou um infarto do interlocutor, não demora caberá a frase “saúde é o mais importante”.

São frases da boca p’ra fora, só admissíveis naquele dado momento.

Mas esta frase, “saúde é o mais importante”, é validada quando você é apanhado num  acidente vascular ou mesmo numa dengue. Aí a gente para para pensar e chega a conclusão que ela encerra uma enorme verdade.

Se Ricardo III daria seu reino por um cavalo, segundo a pena de Shakespeare, você daria todo o seu parco saldo de poupança para livrar-se do desconforto, da dor, por exemplo, de uma crise renal.

Abro aqui um parêntese para prometer qualquer dia associar a pseudo frase de Ricardo III com a conquista do poder persa por Dario, por causa do cavalo.

Bem, acreditem, saúde é mesmo um bem que devemos tentar preservar o quanto possível. Assim como a educação é o problema nacional, a saúde é o problema individual. Na minha idade principalmente.

Agora vamos ao porque deste tema aqui hoje.

Deu-se que em outubro de 2010 fiz um AVC. Um pequeno acidente isquêmico, mas que nem por sua pequena extensão (felizmente) deixou de produzir sequelas.

Afastado o risco maior, dei início, por recomendação médica, a uma série de exames (quase um check-up), a partir de todos os ligados ao coração. Muitos foram os fatores que me levaram ao AIT (acidente isquêmico transitório, para o caso de ter algum médico nos lendo agora). Mas o que desencadeou foi a pressão arterial que bateu nos 23, daí porque o cardiologista depois assumiu o papel principal em meu tratamento.

Entre os exames de imagem que realizei, um deles foi o abdominal total. No resultado coisas preocupantes, além de gordura no fígado. Ligeiro crescimento da próstata e dois cálculos renais, um em cada rim: 0,9 no direito e 0,8 no esquerdo.

Durante o ultrassom, feito por simpática e competente médica, quando informado sobre os cálculos renais perguntei o que ela sugeria dado que o urologista não estava em meus planos mais imediatos. Indaguei então: o que devo fazer? A resposta me surpreendeu.  – “ Nada! Deixa elas quietinhas onde estão” Sábio conselho. Enquanto quietinhas, acomodadas no rim, não incomodam. Mas se se deslocam, valha-me Deus!

No meu caso, na semana passada, a tal que estava no rim direito deslocou-se e se engastalhou no ureter (claro que no direito) e lá ficou obstruindo a passagem e provocando uma dor desesperadora. Se corresponde a de um parto, eu tive trigêmeos.

Não vou ficar aqui dramatizando o que por si só já é de chorar lágrimas de esguicho (licença NR).

Antes pelo contrário vou colocar um ponto final neste relato com um conselho precioso: se você já detectou a existência de um cálculo renal, embora não esteja causando desconforto, prepare uma valise com um kit internação de emergência (escova de dentes, escova ou pente, creme dental, estas coisas básicas) pois certamente você precisará  delas numa internação inesperada.

ET: como disse o Freddy no outro dia, a semana foi de bombardeio de pedras, vindas do céu e das profundezas de órgãos humanos.

Um comentário:

  1. Desculpe, mas esta não foi sua primeira crise renal. Seu kit deveria ter sido providenciado bem antes. Aliás, pra ser bem prática, na nossa idade, um kitizinho cai bem.

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