Carlos Frederico March
(Freddy)
Estou, de certa forma,
plagiando o grande Luís Fernando Veríssimo, que já abordou esse tema em uma de
suas crônicas e de maneira brilhante. No caso vou me permitir, humildemente,
dar minha versão acerca do que acho que seria um bar ideal.
Para os que não sabem,
eu tenho um piano-bar dentro de casa. Piano-bar? Sim, pela simples razão de que
na sala específica, além do bar em si, tem um piano eletrônico e eu o toco
eventualmente. Só que o que importa para o momento é que um bar caseiro não supre
a necessidade de um local onde se possa espairecer a cabeça ou simplesmente pensar
em paz, sem as interrupções normais decorrentes do cotidiano doméstico.
Piano-bar caseiro do autor |
Vamos lá. O meu bar
ideal teria uma decoração interna toda em madeira com cortinas de pano
discretas e não exatamente leves, remetendo a ambientes de serra. As janelas, caso
o imóvel tivesse paredes viradas para o exterior, deveriam ter uma folha
interna para cortar a luz excessiva durante o dia, que tem o poder de matar o
clima de intimidade que eu acho que meu bar ideal deve ter.
Claro, esse bar deve
ser bem pequeno, quase um bistrô. Digamos de 6 a 8 mesas de madeira, a maioria
para apenas 2 ocupantes, cadeiras firmes com estofamento de couro. Abro exceção
para uma ou duas de 4 lugares, mas o ambiente deve se pautar nas conversas
intimistas e quase inaudíveis, porque a ideia não é trazer amigos para uma noitada
regada a álcool. Para isso existem os grandes bares e botecos.
As luzes artificiais
(esqueçam as janelas, em geral mantidas com as cortinas cerradas) teriam
tonalidade quente e seriam reguladas numa intensidade mediana, suficiente para se
enxergar o que se bebe ou come mas sem ofender nossas retinas. Música? Quase inaudível,
de preferência "easy-listening" instrumental. TV? Nem pensar! OK,
hoje em dia é indispensável ter wi-fi...
O barman ficaria atrás
de um balcão de tamanho mediano, com tampo de mármore escuro e 3 ou 4 bancos
altos, também pesadamente estofados de couro. Não sei porque gosto de couro
verde escuro, acho que combina com a madeira e dá um pequeno toque de cor no
ambiente. Ali poderíamos apoiar os cotovelos na bancada quando solitários e eventualmente
trocar 2 ou 3 frases com o citado barman, que teria de ser a mais educada e
reservada das pessoas. Sua maior virtude seria respeitar a necessidade de
introspecção de seus estranhos (admito) frequentadores.
Em sendo um bar, seria
desejável um bom acervo de bebidas e drinks, incluindo desde destilados até
cervejas (especiais) e vinhos (alguns). Não acho necessário que tenha
"tudo", mas ao menos o essencial.
Para tirar o gosto, já
que não espero que o bar ideal sirva também como restaurante, o básico.
Amendoins e similares, queijinhos, alguns frios e embutidos, uma pastinha ou outra
com uma pequena variedade de pãezinhos e torradas. Para quem quiser algo quente,
minha sugestão seria quiches ou pasteizinhos de forno, fáceis de armazenar e esquentar.
Uma sopa-creme do dia não faria mal, apesar de não ser adepto. Pequenos crepes
ou omeletes feitos na hora dariam talvez um toque de classe.
Esse bar deveria
idealmente se situar num local de fácil acesso e estacionamento tranquilo, de
preferência num lugar aprazível e sossegado. Com relação a preços, eu ficaria
imensamente feliz se o proprietário praticasse o lucro contido, precificando os
itens de uma maneira honesta e que me permitisse uma frequência relativamente assídua.
Pronto! Alguém conhece
alguma pérola similar ao que acabo de descrever?
Não esqueça de me convidar para a inauguração do Bar Ideal.
ResponderExcluirAbraço
Carrano,
ResponderExcluirVocê está insinuando que o Freddy deveria montar um bar aberto ao público? Pelo que tenho lido no blog, conhecimentos sobre o assunto não faltariam.
E na inauguração seriam convidados os colaboradores e seguidores do blog (risos).
Bom final de semana!
Fico com o Bracarense, com o Luiz, com o Amarelinho, com o Adonis e, em Niterói, o Municipal e o Miramar, das décadas de 40 e 50.
ResponderExcluirSugestão de cardápio:
Bolinho de bacalhau, Bolinho de aipim com carne seca e queijo cremoso, Bolinho de aipim com camarão e queijo cremoso, Polenta frita com molho gorgonzola, Batata frita com queijo derretido, Aipim frito com molho gorgonzola, Casquinha de siri, Carne seca desfiada acebolada, Moela alcoolizada, Linguiça caipira com cebola fatiada temperada, Costelinha de porco, Anéis de cebola empanados, Pastéis de tomate seco e mussarela de búfala, Anéis de lula crocantes.
Peraí, Anônimo. Alguma coisa não está rimando. Para você frequentar o Miramar nas décadas de 1940/1950, deveria estar, hoje, beirando os 90 anos. Aos 90 anos, ninguém precisa se esconder atrás de um anonimato para manifestar opinião. O compromisso aos 90 é com a sinceridade, a verdade. Estou chegando lá e sei que aos poucos não nos preocupamos mais com o que as outras pessoas pensam a nosso respeito.
ResponderExcluirNa década de 50, meu pai, então jornalista, frequentava o Miramar. Menino, estive lá com ele uma única vez. E tomei guaraná (tinha lá).
Não lembro quando fechou. Será que foi no quebra-quebra da Frota Barreto, nos anos 1960?
Anônimo continua deslizando .... realmente um anacronismo nessa ... ou ele realmente é um octagenário (é isso mesmo?) com receio de se expor (deve ter, claro, seus motivos bem fortes).
ResponderExcluirDe qqer maneira,bar ideal pra mim é aquele que :
- o dono é um cara super legal e fica junto dos clientes
- os garçons - se houver - gostam de "gente", e gostam de futebol
- tem pastel de carne. O resto é o resto.
- rola um sonzinho ambiente, baixo
- e tem maresia ...calma !!! ser perto do mar
Complementando ... não ouso mencionar nomes de bares legais .... foram e são tantos, cada um na sua época, com grupos de amigos diferentes (que fazem a diferença).
ResponderExcluirMas acrescentaria apenas ... sem BRAHMA, por favor.
#prontofalei
Anônimo prefere bar convencional e boteco de esquina. Nada contra, só não é o meu bar ideal. Digamos que tudo tem sua hora e seu lugar!
ResponderExcluirReferenciando o cardápio por ele sugerido, tirando a moela alcoolizada e os anéis de lula, tô acompanhando! Mas o chopp tem de ser da Brahma, de preferência o escuro!
Vâmo nessa!
Freddy
Sobre Brahma. Eu não aprecio cerveja Brahma, mas tomei até umas latas outro dia depois de mais de 30 anos sem colocar uma na boca - era o que tinha, não devemos também ser radicais na casa dos amigos...
ResponderExcluirNo entanto, apreciador que sou de cervejas (mais que de vinhos, como começo a admitir), digo que o chopp da Brahma, quando bem tirado de um barril novo e bem conservado, tem qualidade. É provavelmente o melhor do Brasil (dentre os populares).
Essa opinião foi averbada por um alemão chefe da equipe de montagem da central Siemens onde trabalhei, quando na Embratel. Claro que é uma visão antiga da coisa, mas diria que continua bem atual. Pra beber chopp no Brasil, eu prefiro o Brahma, e se for o escuro, melhor ainda!
Abraços
Freddy