Quem foi a melhor?
Esta dúvida, tema desgastado em crônicas, análises e
resenhas de críticos profissionais e diletantes como eu, jamais foi enfocada
neste espaço virtual.
Ótimo! Agora chegou o momento.
E as razões são duas, basicamente. A primeira foi a compra
recente de um novo toca-discos (conte aqui), o que está me permitindo tornar a
ouvir algumas relíquias que não tenho em outras mídias, senão os velhos LPs de
vinil.
A segunda razão, mais imediata, foi um email recebido do
Ricardo dos Anjos, com um link para um vídeo de uma apresentação do Dick Farney
Trio. No citado show, ou pelo menos no trecho que está contido no vídeo, o
irmão do famoso galã (Cyl Farney) interpreta peças de Dorival Caymi e Tom
Jobim.
Mas foi na abertura, executando um tema jazzístico, com
extrema habilidade e sensibilidade, que minha atenção foi despertada. A levada
do Dick muito se aproxima da dos melhores pianistas de jazz (segundo meus critérios),
tais como Teddy Wilson e Earl Hines.
Com efeito o interprete de “Teresa da Praia”, sua interpretação
mais conhecida - entre as vocalizadas - sofreu uma enorme influência da música
americana, em especial do jazz, e assimilou o swing característico.
Respondi ao Ricardo agradecendo e falando de meu gosto por
jazz/blues. Ele replicou dizendo ser também apreciador e que lamentou muito o
fechamento da Music Sound, em Copacabana, porque sempre à tardinha promovia, em
seu bistrô, uma jamsession com um trio sensacional e um bom crooner que era um
dos vendedores da loja (figura bem conhecida).
Bem, ao final declara-se, o prezado Amigo, fã de John Lee
Hooker, que como sabem é um dos grandes
nomes do blues.
Bem, colocadas as razões pelas quais resolvi escrever – hoje
- sobre Billie e Ella, vamos a minha opinião.
E minha opinião, e não aceito discuti-la, pois estou
convencido o suficiente, é que a melhor coisa é que podemos desfrutar das duas:
as duas gozam indistintamente de minha preferência. Os momentos é que podem
variar.
Num dado momento acho mais adequado, mais conforme o clima,
ouvir Billie Holiday. Em outros a Ella Ftzgerald é insubstituível.
São duas excelentes interpretes da música popular. E notem
que não afirmei que são interpretes de jazz. Pertenço a linha que acha que jazz
não é um estilo, mas sim uma maneira de executar, de interpretar.
Ambas estiveram sempre muito próximas dos grandes nomes do
jazz/blues e por isso muitas vezes são incluídas na categoria de cantoras de
jazz.
Um dos disco que estou tendo o prazer de poder ouvir é o “The
Quintessential Billie Holiday” (dois volumes). É uma covardia cantar
acompanhada por gente do tamanho de Teddy Wilson, Ben Webster, John Kirby, Cozy
Cole e Artie Shaw, somente para mencionar alguns.
Billie |
No estilo antigo, em cada track, os acompanhantes fazem uma
longa introdução, que só não se lamenta a interrupção pois a voz da Billie
quando entra está tão harmonizada, tão cheia de emoção e sentimento que cria uma
atmosfera única. No dizer de alguns, a Billie era uma orquestra.
E que dizer das gravações de Ella Fitzgerald que contou com
o luxuosíssimo acompanhamento de orquestras da importância de Nelson Riddle,
Paul Weston, Duke Ellington, Buddy Bregman e Billy May, pelo menos no álbum (versão
CD) que ouço enquanto dedilho o teclado do notebook, entitulado “The Best of de Song
Books”, que é um extrato, imaginem, do “The Complete Ella Fitzgeraldo Song Books”,
caixa com 16 CDs, abrangendo o melhor da obra da cantora.
Ella |
Mesmo quando não está acompanhada de grande banda, os
músicos que a acompanham são do quilate de Ben Wbster, Paul Smith, Alvin
Stoller e Joe Mondragon.
Em suma, entre Ella Fitzgerald e Billie Holiday, prefiro as
duas. Sei que não estou sendo original, mas não é disso que se trata aqui –
originalidade - o que cabe é fazer justiça e expressar minha verdade. Cada qual
terá a sua.
Eu não faria esta comparação. Apenas destas duas. Respeitando sua opinião, não excluiria Bessie Smith pois a considero uma referência.
ResponderExcluirAbraços
Também respeito a sua, Gusmão.
ResponderExcluirMas no caso não estava elencando tantas quantas são as cantoras americanas ou não que aprecio.
Meu foco era apenas comparar as duas, coisa que de resto já foi feito inúmeras vezes, como disse, por críticos e admiradores de uma e outra.
Mas a Bessie é um nome importante no blues, sem dúdida.